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COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

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"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

16 Abr, 2009

A ESCOLA E A CRISE

por António Belém Coelho

 
Ultimamente temos sido alertados pelos meios de Comunicação Social sobre os efeitos da crise no que respeita à alimentação das crianças e dos casos (pontuais), segundo as autoridades, que têm surgido em termos de desnutrição causada por má alimentação ou ausência da mesma. Sem dúvida que a crise actual potenciará o aparecimento destes casos. Mas é bom lembrar que casos destes sempre existiram e que a Escola sempre tem sabido responder aos mesmos sem qualquer tipo de publicidade ou notícia. É essa uma das suas obrigações!
 
Quantos milhões de refeições que a Escola (por esse país fora) fornece, não têm sido a única refeição decente que muitas e muitas crianças conhecem durante o dia? Nunca se fez notícia disso! É a prática comum! A não ser que o Governo Sócrates também disso agora se queira apoderar e ganhar louros!
 
É lógico que a situação conheça actualmente algum agravamento, mas ela não é de todo em todo uma situação virgem. Acontece sempre e tem picos coincidentes com os períodos de crise económica, em que o desemprego real (não o das estatísticas governamentais) dispara.
 
Quanto à medida que o Ministério da Saúde preconiza, no sentido de manter as cantinas escolares abertas, devo dizer honestamente que para mim faz todo o sentido, desde que algumas medidas complementares sejam esclarecidas e tomadas.
 
A primeira é a do aumento proporcional da comparticipação relativa às cantinas das Escolas do 2º, 3º ciclos e Secundário e também a de um apoio extraordinário (parcial) às cantinas das Escolas do 1º ciclo que são responsabilidade das Autarquias. É que se estas são responsáveis por essa vertente, não devem ser sacrificadas na totalidade numa situação de crise como é a situação actual.
 
A segunda, e porventura a mais sensível, problemática e geradora de discussão e de opiniões contrárias, diz respeito às contrapartidas.         Tenho para mim que qualquer aluno, beneficiário ou não de apoios em termos de subsídio, mas sobretudo aqueles que deles beneficiam, devem ser assíduos às aulas e dentro delas manterem um comportamento digno do local onde estão, respeitando colegas, funcionários e professores e fazendo-se respeitar.
 
Caso contrário, o benefício, quando o há, deveria ser suspenso e medidas disciplinares deveriam ser tomadas, responsabilizando quer o aluno, quer os seus responsáveis parentais. Só assim se poderá dar valor ao que usufruímos fruto da solidariedade de toda a sociedade. Banalizar e desresponsabilizar estes apoios é o caminho mais directo para o seu absoluto automatismo e para a ausência e perda de valores que a todos nos devem nortear.
 
Por isso saúdo este embrião de medidas, mas considero que, sem este complemento, de nada valem, apenas aumentando o sentimento de direitos adquiridos sem que aos mesmos corresponda qualquer noção de responsabilidade ou de dever a cumprir.
 
Por cá, e dadas as especificidades do nosso Concelho, deveríamos estar muito, mas muito atentos a esta situação. Porque é em tempo real que a mesma deve ser atacada e não quando o remédio já de pouco ou nada serve!

 

Conclusões Preliminares do Fundo Monetário Internacional de 14/7/2008 (disponível em www.bportugal.pt):
 
«A deterioração da conjuntura económica mundial está a prejudicar a recuperação de Portugal, mas os problemas fundamentais que condicionam a economia portuguesa são de raiz interna: amplos défices da balança corrente e orçamental; nível elevado da dívida das famílias, das empresas e do sector público; e uma significativo hiato em matéria de competitividade.
 
Portugal tem estado a viver acima das suas possibilidades desde há muitos anos, obtendo financiamento do resto do mundo através do sistema bancário, aumentando o endividamento externo. Porém, embora a participação na União Económica e Monetária altere a natureza da restrição externa, não a elimina: a acumulação de um passivo externo líquido não pode continuar indefinidamente.»