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COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

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Quando, na madrugada de 14 de Abril de 1912, o Titanic chocou com um icebergue nas águas geladas do Atlântico Norte, isso deveu-se a um conjunto de erros só possíveis devido à arrogância dos que tinham concebido e dirigido o navio "inafundável". Agora que estamos quase a comemorar o centenário do desastre, não falta quem compare essa trágica viagem ao caminho que a Europa do euro está a percorrer. E até quem suspire de alívios por estar de fora: "O isolamento do Reino Unido - escreveu-se este fim-de-semana no rescaldo da cimeira de Bruxelas - é tão preocupante como o do passageiro que não chegou a tempo de embarcar no Titanic e ficou em terra"... (…)
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Todo este fiasco deixa duas questões em aberto: podemos salvar a Europa sem comprometer a democracia? E podemos salvar o euro sem comprometer o futuro das economias europeias?
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A resposta a estas duas perguntas depende de saber se é possível, como escrevia esta semana Ian Buruma neste jornal, criar uma democracia "num corpo supranacional como a UE". Se isso não for possível, acrescentava, "será talvez melhor restaurar a soberania dos vários Estados-nação europeus, desistir da moeda única, e abandonar um sonho que ameaça transformar-se num pesadelo". Um colunista do Telegraph de Londres, Ambrose Evans-Pritchard, colocava a mesma dúvida de uma forma bem mais brutal: "Já não há forma airosa de sairmos da actual confusão, pelo que a questão é saber se preferimos um fim horrível ou um horror sem fim."
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(…) Neste debate também será fundamental discutir, sem receios, as vantagens e as desvantagens, para países como Portugal e para países como a Alemanha, de uma moeda única que deixa os Estados sem os instrumentos das taxas de juro e das taxas de câmbio para apoiarem as suas economias. Basta pensar nas grandes diferenças entre o ajuste que Portugal fez em 1983/84, que foi brutal mas rápido, e o ajuste que fará agora, em alguns aspectos menos brutal, mas mais difícil e mais demorado.
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É evidente que um eventual colapso do euro teria consequências pavorosas: um estudo do banco holandês ING prevê uma desvalorização de 50 por cento do novo escudo e uma recessão de 12,7 por cento. Mas depois haveria recuperações eventualmente mais rápidas do que as previstas nos actuais programas de "ajustamento".
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Há, pois, espaço e necessidade de discutir estes cenários que ninguém deseja imaginar. Até porque, como se notava no blogue Bagehot da The Economist, a melhor alegoria para o euro pode não ser a do Titanic, que se afundou depressa, mas a de Tchernobil, que lançou o seu lixo tóxico por todo o lado e por muito tempo.

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José Manuel Fernandes - Público de 16-12-11

17 Dez, 2011

CUIDADO, EUROPA!

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(...) A ‘crise do euro’ está a despertar velhas hostilidades entre as nações da Europa. É a França contra a Grã-Bretanha; é a Grã-Bretanha contra a França; a prazo, será a França contra a Alemanha; e, escusado será dizer, a Europa do sul contra a Europa do norte (e vice--versa). O grande projecto de paz está a degenerar numa venenosa retórica de guerra. Cuidado, Europa.

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João Pereira Coutinho - Correio da Manhã de 17-12-11