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COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

Santana-Maia Leonardo - A Barca

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Relativamente à RPP Solar, a nossa imprensa regional continua a entreter-se a noticiar as sucessivas prorrogações dos prazos e os sucessivos incumprimentos, como se isso fosse notícia. Ora, há mais de dois anos que salta à vista desarmada do mais ingénuo que o projecto nunca se irá concretizar. Consequentemente, andar a noticiar prorrogações de prazos que se sabe, de antemão, que não irão ser cumpridos, pode ser uma brincadeira de mau gosto mas não é certamente uma notícia.

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Notícia era informar a população de quem foi o responsável pela retirada da cláusula de reversão do protocolo, que tão gravemente lesou os interesses e o património do Município. Isso é que os órgãos de comunicação social deveriam investigar e procurar saber, porque isso é que é notícia, tanto mais que a maioria socialista não só foge desta pergunta como o “diabo da cruz” como também recusa a instauração de qualquer tipo de inquérito (externo ou interno) para apuramento das responsabilidades.

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Noticiar apenas as prorrogações dos prazos que toda a gente já sabe que não vão ser cumpridos é, no fundo, alinhar na táctica socialista de ganhar tempo para proteger os responsáveis e diluir as responsabilidades.

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No passado dia 28 de Outubro de 2012, a Sociedade Cultural e Recreativa de Carreira do Mato, Aldeia do Mato, acolheu na sua sede as atividades de comemoração do Dia Mundial da Terceira Idade, promovida pela AJAF - Associação Juventude Ação no Futuro, no âmbito do projeto "Juventude Ação na Solidariedade".

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Esta iniciativa teve início pelas 15h00 com a dinamização de uma aula de ginástica, e posterior dinamização de jogos tradicionais. Dando continuidade às atividades, e seguido de um lanche, os/as participantes assistiram à atuação da Oficina de Teatro da Canto Firme com a peça "Encontros Imaginários".

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A atividade contou com cerca de 30 participantes, potenciando um dia diferente dedicado à terceira idade. A AJAF – Associação Juventude Ação no Futuro agradece a todos/as os/as presentes, e um agradecimento especial à junta de freguesia de Aldeia do Mato, e à Sociedade Cultural e Recreativa de Carreira do Mato, pelo apoio que disponibilizaram para que esta iniciativa fosse possível.

José Manuel Fernandes - Público de 26/10/2012

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(...) No mesmo dia em que Sampaio voltou à tona, foi conhecida uma importante sondagem (...) que revela preferirem os portugueses (82,1%) os "cortes na despesa" ao "aumento de impostos". É uma boa notícia e um sinal de que, após décadas em que só se pedia ao Estado para gastar mais e mais, os cidadãos começam a perceber que isso também implica mais e mais impostos. O problema vem a seguir: cortar sim, mas não na educação nem na saúde, ou seja, não nas áreas onde o Estado gasta a maior parte do dinheiro dos impostos. O que nos conduz a um paradoxo: a população quer um Estado social mas não quer pagá-lo. Ou, se preferirmos, quer um Estado social mais dispendioso do que aquele que os nossos impostos são capazes de pagar. Nisso Vítor Gaspar tem razão. E é por isso que os próximos meses, os próximos anos, vão ser muito duros, pois vai ser preciso chegar a um novo consenso sobre o que queremos que o Estado nos dê e quanto estamos dispostos a pagar. Até lá, não haverá soluções que não sejam muito dolorosas.
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Por entre todas estas dificuldades, começa-se a ouvir um discurso que é muito, mas mesmo muito, perigoso. Vem curiosamente de diferentes quadrantes políticos mas converge num ponto: o questionamento da democracia. Por um lado, há quem proclame (Sampaio foi, de novo, e para nossa desgraça, uma dessas vozes) que a austeridade põe em causa a democracia. De acordo com esta tese, tempos difíceis de cortes podem precipitar o fim do regime. Do outro lado, há quem recorde (nalguns casos com angústia, como sucedeu com César das Neves) que a dificuldade em "controlar a despesa pública" pode muito bem ser "um traço estrutural português só resolvido em ditadura". É bem verdade que o nosso passado não é o mais tranquilizador, mas a ideia de que em democracia não se pode impor a austeridade é, em si mesma, uma ideia autoritária, uma ideia que menoriza a capacidade de os eleitores, mesmo rangendo os dentes, escolherem um caminho diferente do que nos encheu de défices e dívidas. Há muitos sectores que alimentam a ideia de que a democracia tem de continuamente entregar aos eleitores uma dose suficiente de prosperidade para que estes não desanimem ou se deixem tentar por autoritarismos. Ora a democracia não é garantia de prosperidade (apesar de ser a melhor forma de governo para assegurar essa prosperidade). As democracias maduras, como as anglo-saxónicas, mostram-nos que é possível viver longos anos de dificuldades, mesmo de dura austeridade, até de chegar ao ponto de enfrentar a catástrofe de uma guerra, sem nunca colocar em causa o regime ou cair na tentação das revoluções. É tempo de interiorizarmos que são democracias assim as que desejamos, e não ir por caminhos onde o discurso sobre a defesa da "democracia social", por exemplo, pode levar-nos a novas formas de autoritarismo.

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Faz hoje precisamente quatro anos que apresentei a minha candidatura à Cãmara Municipal de Abrantes.

É altura de recordar o discurso que fiz na altura e onde disse claramente ao que vim.

Gostava que o lessem, de novo, até para que não continuem a dizer que somos todos iguais e que não houve ninguém que tivesse dado um grito de alerta e procurado atalhar caminho para evitar a tragédia que se adivinhava.

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Tal como a maioria dos portugueses, também eu estou profundamente desiludido com a nossa classe política que transformou o Estado e as autarquias num monstro com tentáculos enormes que esmaga, sufoca e asfixia todas as pessoas e empresas que têm a veleidade de querer viver fora da sua dependência. E se o PS é o pai biológico do monstro, o PSD é o seu pai afectivo porque sempre que esteve no poder alimentou-o e acarinhou-o como se fosse seu filho.

Foi, apenas por esta razão, que decidi afastar-me de toda e qualquer actividade politico-partidária e começar a pregar no deserto, como S. João Batista, através da publicação de crónicas em jornais, mais por descarga de consciência do que na esperança de que alguém me ouvisse.

O convite da comissão política de Abrantes do PSD apanhou-me, por isso, completamente de surpresa. Como qualquer pessoa facilmente concluirá, a solução mais cómoda e inteligente seria recusar o convite. Mas havia um problema: se eu recusasse o convite, deixava de ter autoridade moral para continuar a pregar no deserto.

Além disso, tenho no concelho de Abrantes as minhas raízes familiares e duas das minhas grandes referências morais: o meu tio João Santana Maia e o meu tio Manuel Santana Maia. O meu tio João, mais conservador, o meu tio Manuel, mais progressista, mas qualquer um deles com um alto sentido do dever, devotado aos outros e à causa pública.

O concelho de Abrantes é um caso típico de como os milhões e milhões de euros da união europeia que, desde 1993, desaguaram nas nossas autarquias, em nada contribuíram para cimentar aqueles valores que fortalecem as democracias e são o único e verdadeiro motor do desenvolvimento. Ou seja, o espírito crítico, a livre iniciativa, a independência da sociedade civil face ao poder político e a liberdade de expressão e de opinião.   

Por alguma razão, estamos na cauda da Europa, excepto no que diz respeito à corrupção, ao clientelismo, ao compadrio e ao esbanjamento de dinheiros públicos em que ocupamos orgulhosamente um dos lugares cimeiros.

As obras públicas são importantes, obviamente. Mas mais importante do que as obras é cada um de nós sentir, em cada momento, que é um homem livre. Livre para pensar, livre para criticar e livre para fazer. E a única forma de se viver em liberdade na nossa terra é nunca permitirmos que alguém se sinta senhor do nosso voto ou dono do nosso concelho.

O 25 de Abril vendeu-nos a ilusão de que, com a decapitação do regime, o monstro fascista morria, libertando a sociedade civil das suas garras tentaculares. Foi um erro de análise. Ao contrário do que julgaram os militares de Abril, o monstro fascista não era um polvo, mas uma hidra. E com a decapitação do regime, as cabeças da hidra irromperam na nossa sociedade tomando conta do aparelho de Estado, das instituições, das autarquias e das associações.

Se queremos um Portugal mais justo, mais solidário, mais livre, onde se permeie efectivamente o mérito e o trabalho temos de matar a hidra. Eu sei que é um trabalho de Hércules. Mas só há uma maneira de o conseguir: através do exemplo. O exemplo é a única forma de ensinar. É no exemplo que se funda a verdadeira autoridade.

Fui o 1º classificado do curso de oficiais de Mafra e fiz o serviço militar no BIMec de Santa Margarida. A minha companhia era sempre escolhida para as demonstrações, devido ao seu elevado grau de operacionalidade.

A explicação para o sucesso da minha companhia é muito fácil de perceber. Nas outras companhias, os oficiais distinguiam-se por vestir casaco de cabedal, usar óculos escuros e dar ordens. Na minha companhia, os oficiais não se distinguiam dos soldados por nenhuma peça de vestuário porque só usavam as peças de vestuário que os soldados podiam usar. Na minha companhia, os oficiais distinguiam-se dos soldados por outras razões: nos exercícios, o oficial era o primeiro a fazê-los; nas refeições, o oficial era o último a ser servido.

E é assim que deve ser. Há uma grande diferença entre mandar e comandar. Quem manda dá ordens; quem comanda dá o exemplo. À medida que se sobe na escala hierárquica, devem aumentar as obrigações e diminuir os direitos.

Tem sido esta, aliás, a regra que tenho seguido sempre que tenho sido presidente do que quer que seja. E esta é a única maneira de matar a hidra, o tal monstro com tentáculos enormes que tomou conta do aparelho de Estado, das instituições, das autarquias e das associações.

Tenho a consciência de que o nosso exército é pequeno e que o combate vai ser duro e desequilibrado. Mas isso não nos deve desanimar, nem fazer desistir. O importante num combate não é estar do lado do exército maior e mais poderoso, mas estar do lado certo.

E este combate vai ser a nossa Aljubarrota. Em Aljubarrota, lutámos pela independência nacional, agora vamos lutar pela nossa independência, pela independência de cada um de nós face ao poder político. 

A mudança de mentalidades e de comportamentos que protegem os amigos e os medíocres e penalizam quem cumpre e quem trabalha tem de começar por algum lado. E vai começar por aqui.

O meu repto vai para o povo de Abrantes, independentemente das suas convicções políticas ou religiosas.

Tal como em Aljubarrota, o nosso combate vai ter de ser feito com o povo e os homens livres deste concelho, porque a "nobreza" de Abrantes, cujos cargos, tachos e penachos dependem da câmara e do Governo, está toda ao lado de Castela, ou seja, do poder socialista.

Apelo, por isso, a todos aqueles que estão fartos de viver com a cabeça baixa e a mão estendida à espera da rodela de chouriço com que o poder socialista costuma comprar o voto dos pobres. Todos nós sabemos que os socialistas só dão uma rodela de chouriço a quem lhes der uma vara de porcos.

Povo de Abrantes! Homens livres de Abrantes! A vossa participação é essencial para vencer este combate decisivo por Abrantes, por Portugal e por cada um de nós.

Para se alistarem no nosso exército, só necessitam de três coisas: agarrar na consciência, endireitar a coluna e amar Abrantes.

José Pacheco Pereira - Público de 27/10/12

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(…) O caminho para a servidão começa no confisco da propriedade por via fiscal. É em primeiro lugar a expropriação da propriedade do salário e do trabalho, mas também o de todas as outras formas de propriedade, privando os indivíduos e a sociedade de terem um espaço privado de "posse", que é em primeiro lugar garantia da sua liberdade e de controlo sobre a sua vida. Perdida essa liberdade, o reino da necessidade torna-se despótico, sem serem precisas polícias políticas, porque basta a utilização de leis iníquas e de procedimentos autoritários para obter uma sociedade em que a liberdade é residual. E não me venham dizer que tem que ser assim, porque perdemos a nossa soberania, porque dependemos de credores, porque nunca tivemos qualquer liberdade, mas apenas a ilusão dela. Tretas e tretas perigosas, porque não conhecem limites. Servem para tudo e justificam o injustificável. (…)

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Já repeti muitas vezes uma análise aristotélica sobre quanto dinheiro é preciso ter para se ser um homem livre. Aristóteles fez as contas, e nós podemos igualmente fazê-las. Penso aliás que esta é uma forte defesa filosófica da liberdade face ao comunismo de Platão. Mas a lição é que a posse é liberdade, dá liberdade, defende as pessoas da servidão. (…)

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Portanto, o primeiro e fundamental abuso do poder é retirar aos homens e mulheres o fruto do seu trabalho, expropriá-lo com os impostos e com as descidas de salários, ou com o desemprego pago na miséria. (…)

27 Out, 2012

TROCAR DE POVO

Vasco Pulido Valente - Público de 27/10/2012

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A frase do ministro das Finanças (há um enorme desvio entre o que os portugueses pensam que devem ter como funções sociais do Estado e o que aceitam pagar por elas) deu grande polémica. Mas Vítor Gaspar não disse só isto. Disse também que era preciso "repensar as funções do Estado" e "alterar profundamente a forma" como ele "opera". E sobre a segunda questão pouca gente falou. Porquê? Por três motivos cruciais. Primeiro, porque a "classe média" indígena é uma "classe" que o Estado fabricou, aumentando o seu pessoal e alargando as suas funções: o número de portugueses que de várias maneiras dependem do Estado (nunca exactamente calculado) não permitiria nesse ponto uma reforma radical. Segundo, porque na prática monopoliza os lugares de decisão política e porque não há eleição que se possa ganhar contra ela. E, terceiro, porque a Constituição proíbe qualquer mudança que altere o actual equilíbrio de forças.
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Cavaco, um belo dia, chamou ao Estado o "monstro". Mas não explicou como acabar com ele. O Governo da coligação nem sequer tentou. O aumento progressivo das receitas serviu desde o princípio para esconder a impotência para reduzir as despesas. Não sobretudo no "Estado social". Estou a pensar no regime administrativo (central e local), nas dezenas de empresas públicas deficitárias (incluindo as municipais), nas centenas de organismos sem utilidade visível ou inteiramente dispensáveis, nos serviços supérfluos, que se destinam na essência a empregar amigos (como, por exemplo, a avalancha de institutos que nos caiu em cima), em subsídios de favor ou mil vigarices semelhantes. Aqui, nesta área em que no fundo a dívida e défice assentavam, e assentam, o Governo falhou ou não mexeu um dedo: atacou o inimigo mais frágil e disperso, o contribuinte, e deixou à solta os parasitas que se alimentavam do Estado.
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Os cavalheiros que dominam intelectualmente o primeiro-ministro vêm da América e da "Europa", são "estrangeirados", não conhecem o terreno e não adquiriram a tempo a experiência política necessária para meter na ordem a "classe média" que o Estado criou e continua a proteger. Onde as circunstâncias pediam reformadores, Passos Coelho preferiu a falsa segurança de meia dúzia de técnicos de contas. Escolheu o caminho mais frágil e o mais desastroso. Agora, Vítor Gaspar e, calculo, a coligação inteira não hesitam em se queixar do lamentável povo que lhes saiu em sorte governar e da Constituição que os limita (como se antes não soubessem o que ela era). Como não conseguem trocar de Constituição, a única solução que lhes resta é trocar de povo. O que não seria mau, nem para nós, nem para eles.

João Carlos Espada - Público de 3/9/12

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O livro "A Sociedade Aberta e os seus Inimigos", de Karl Popper, originalmente publicado em língua inglesa em 1945, é geralmente apontado como um dos mais importantes do século XX. Surge invariavelmente nas listas internacionais dos 25 mais influentes, muitas vezes também nas listas dos 10 livros que mais profundamente marcaram, e mudaram, o século XX. (...)
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Desde a publicação original em 1945, A Sociedade Aberta foi aplaudida por filósofos, políticos e estadistas de várias inclinações políticas democráticas, à esquerda e à direita. Isaiah Berlin considerou que a crítica nele contida ao marxismo fora a mais devastadora jamais produzida. Bertrand Russell chegou mesmo a dizer que A Sociedade Aberta de Karl Popper era uma espécie de Bíblia das democracias ocidentais. (...)
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O impacto imediato da publicação de A Sociedade Aberta e os seus Inimigos centrou-se na sua crítica demolidora do marxismo. Esta foi a primeira mudança fundamental operada por Karl Popper no século XX: a demolição intelectual e moral do marxismo, em nome da tradição da liberdade e responsabilidade pessoal. Creio que é possível identificar três elementos inovadores fundamentais nesta crítica.
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Em primeiro lugar, Karl Popper reconheceu e elogiou o impulso moral humanitário e "melhorista" subjacente à doutrina de Marx, o impulso para melhorar a sorte dos nossos semelhantes e aliviar o sofrimento humano susceptível de ser evitado. Mas, simultaneamente, acusou a doutrina de Marx de ter abandonado e até "atraiçoado" esse impulso moral humanitário que lhe dera origem, em troca de uma ideologia dogmática e destituída de moral, ou moralmente relativista. Por outras palavras, Karl Popper condenou a mensagem moral de Marx em nome dos próprios princípios morais humanitários de que Marx se reclamara.
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Em segundo lugar, Karl Popper dissecou o conteúdo substantivo da doutrina de Marx, agora separada do seu impulso moral, e acusou-a de reaccionária. Colocou-a sem hesitações ao lado das ideologias contrárias à sociedade aberta, as ideologias totalitárias, de esquerda ou de direita, como o nacional-socialismo, ou nazismo, e o fascismo, que "continuam a tentar derrubar a civilização e regressar ao tribalismo". Por outras palavras, Karl Popper condenou a doutrina de Marx em nome da ideia de progresso de que Marx se reclamara.
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Em terceiro lugar, Karl Popper criticou duramente a ilusão do "socialismo científico" que Marx acabara por colocar no centro da sua doutrina. Popper mostrou que o "socialismo científico" simplesmente não existe. Trata-se de uma superstição primitiva e profundamente contrária à atitude científica, uma superstição dos que "acreditam que sabem, sem saberem que acreditam", a que Popper chamou de historicismo. Por outras palavras, Popper criticou a doutrina de Marx em nome da atitude científica de que este se reclamara.
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Karl Popper desenvolveu uma poderosa e emocionada defesa do ideal da sociedade aberta, fazendo remontar as suas origens à civilização comercial, marítima, democrática e individualista do iluminismo ateniense do século V a.C. - que o autor contrasta duramente com a tirania colectivista e anti-comercial de Esparta. Para Popper, o conflito que no século XX opôs as democracias liberais do Ocidente aos totalitarismos nazi e comunista é, nos seus traços essenciais, um conflito semelhante ao que opôs a democracia ateniense à tirania espartana. As modernas democracias liberais são herdeiras de um longo processo de abertura gradual das sociedades fechadas, tribais e colectivistas do passado - processo que terá tido início em Atenas e noutras civilizações marítimas e comerciais como a da Suméria, e que recebeu um contributo adicional decisivo por parte do Cristianismo.

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