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COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

27 Set, 2013

SERÁ POSSÍVEL?

Santana-Maia Leonardo 

Será possível que, em 2013, os pontessorenses ainda continuem a votar em gente que vê o mundo a preto e branco em que eles, os bons, encarnam o genuíno amor à terra e os outros, os maus, são rotulados de comunistas como no tempo de Salazar?

Será possível que, em 2013, os pontessorenses continuem a votar em gente que acha que os únicos comunistas bons são os vira-casacas que estão sempre do lado de que sopra o vento (e que integram, hoje, a sua lista, tal como integraram as listas da CDU no tempo de José Amante)?

Será possível que, em 2013, os pontessorenses ainda continuem a votar em gente que continua a usar os métodos, a linguagem e a cassete de 1975, ainda que se intitule socialista?

Será possível que, em 2013, os pontessorenses ainda continuem a votar em gente que persegue quem vive com a coluna direita e pensa pela sua cabeça e favorece os incompetentes e os medíocres que lhe prestam vassalagem?

Será possível que, em 2013, os pontessorenses continuem a votar em gente que viola descaradamente a lei, como é o caso da Lei da Paridade, revelando um total desprezo pelas mulheres?

Será possível que, em 2013, os pontessorenses continuem a votar em gente que copia o modelo do autocrata Vladimir Putin para contornar a lei de limitação de mandatos?

Será possível que, em 2013, os pontessorenses ainda continuem a votar em gente que envergonha o concelho, com o seu comportamento, nos acontecimentos desportivos que se realizam em Ponte de Sor?

Será possível que, em 2013, os pontessorenses ainda continuem a votar em gente que embarca em projectos megalómanos do tipo do Aeródromo, em parceria com o tristemente ruinoso Governo Sócrates, projecto esse que será uma fonte permanente de despesa e um  sorvedouro permanente de receitas?

Será possível que, em 2013, os pontessorenses ainda continuem a votar em gente que transformou o concelho mais industrializado do distrito de Portalegre num dos concelhos mais dependentes da autarquia, o que nem a CDU conseguiu durante os mandatos em que geriu a câmara?

Será possível que, em 2013, os pontessorenses continuem a votar em gente que capturou a sociedade civil (não há uma única associação que não dependa da câmara) e que asfixia a pouca iniciativa privada que ainda existe no concelho (constrói-se um lar e um ninho de empresas quando a oferta é excedentária? Concorre-se com os particulares com dinheiro público?)

Será possível que, em 2013, os pontessorenses ainda continuem a votar em gente que tem o descaramento de defender que vai constituir uma associação para gerir o lar municipal (mas o povo não vê os programas de Medina Carreira que acusa de irresponsável e lesiva do interesse público esta forma de gerir o nosso dinheiro)?

SERÁ POSSÍVEL?

Editorial do Público de 26-9-2013 

A "via russa" para contornar a lei da limitação

de mandatos é pouco abonatória para o poder local

As interpretações ambíguas de uma ambígua (ou omissa) lei de limitação de mandatos fizeram com que a pré-campanha para as autárquicas fosse dominada pelo debate em torno dos "dinossauros". Os autarcas que mudavam de território para se candidatarem a outra câmara, após terem esgotado o limite de mandatos, viram o Tribunal Constitucional consagrar esse direito a contornar a limitação de mandatos.

Mas a resiliência dos dinossauros autárquicos não ficou por aqui. Metade dos 138 presidentes de câmara que estavam impossibilitados de se recandidatar concorrem agora à presidência da assembleia municipal no mesmo município. Em alguns casos, lançando na corrida à câmara candidatos da sua confiança.

Trata-se, numa palavra, da adaptação, à escala local, do princípio de Putin. Em 2008, o então Presidente russo, impedido de concorrer a um segundo mandato, candidatou-se a primeiro-ministro e fez eleger para a presidência o seu primeiro-ministro, Dmitri Medvedev. Quatro anos depois, trocaram de lugares. Medvedev, o acólito perfeito, cumprira a missão de Presidente de fachada.

Um princípio semelhante parece ter-se generalizado no Portugal autárquico, como mostram os números contabilizados pelo PÚBLICO. E não deixa de ser caricato que venha do PS o maior número de autarcas que fez esta troca, quando o partido de António José Seguro se empenhou com veemência em não recandidatar "dinossauros"...

Extrai-se de tudo isto uma conclusão simples. Os mesmos partidos que votaram a lei de limitação de mandatos dedicaram-se depois com afinco a encontrar formas de contornar a lei que tinham votado. Permitindo assim que inúmeros autarcas continuem a eternizar-se no poder e travando a renovação do pessoal político que a lei visava.

Santana-Maia Leonardo

Compreendo que os líderes políticos defendam, com unhas e dentes, o Poder Local, porque é ele que alimenta os aparelhos dos partidos. Agora chamar-lhe democrático já é muito cinismo e hipocrisia.

Dou apenas um exemplo esclarecedor: a minha filha foi, durante um curto período de tempo (em substituição), vereadora do PSD na Câmara Municipal de Ponte de Sor, de maioria absoluta socialista. Como as suas intervenções no período antes da ordem do dia e protestos não ficavam, por ordem do senhor presidente, transcritos nas actas, passou a votar contra a aprovação da acta com este fundamento. Resultado: o presidente da câmara decidiu acabar com o período antes da ordem do dia (leiam a parte final das actas, disponíveis on-line, de 29/4/2010 e 5/5/2010). Assim, a partir de 29/4/2010 até hoje, mais nenhuma reunião da câmara de Ponte de Sor, por determinação do senhor presidente, teve período antes da ordem do dia.

Isto é ilegal? Toda a gente sabe. Mas o que é que se faz contra isto? Apresentar queixa? Vê-se mesmo que não conhecem nem a nossa justiça, nem a nossa administração. Tudo isso é inútil e só desgasta quem se mete por aí, para mais num meio em que ninguém quer ter o ditador à perna. Um presidente de câmara pode destruir a vida social, profissional e pessoal a qualquer munícipe e seus familiares. Neste tipo de autarquias (que é a maioria), a lei é o presidente da câmara. Ponto final. Ninguém lhes passa pela cabeça o nível que pode atingir a perseguição política (falo por experiência própria) num concelho em que toda a gente depende da câmara até para ir à casa de banho.

E António José Seguro podia dar, ao menos, uma vista de olhos às listas do Partido Socialista. Em Ponte de Sor, autarquia PS desde 1993, na lista da Câmara, a primeira mulher aparece em 5º lugar, na Assembleia Municipal aparece em 6º lugar e na Assembleia de Freguesia aparece em 9º lugar. E viva o velho! Eis como o PS cumpre as leis que defende com tanta convicção na Assembleia da República.

As populações estão reféns deste tipo de ditadores que controlam as suas vidas até ao mais ínfimo pormenor: os seus empregos e dos seus familiares, os apoios às suas associações, os licenciamentos das suas casas, dos seus muros, dos seus anexos e o alcatroamento das suas ruas, os seus electrodomésticos e mobílias, as viagens ao estrangeiro e os passeios pelo País, etc. etc. Além disso, possuem uma rede de informadores que lhes contam tudo o que ouvem e o que se diz a seu respeito no concelho. E tudo isso tem consequências. No vocabulário orwelliano de Ponte de Sor (não estou nem a brincar, nem a exagerar), “comunista” é a palavra que o ditador sempre usa para rotular todos os que se opõem ao BEM DA TERRA encarnado nele próprio.

Neste tipo de autarquias, a chamada síndrome de Estocolmo manifesta-se em toda a sua plenitude, designadamente no período eleitoral. Ou melhor, a síndrome de Estaline.

Manuel Carvalho - Público de 21-9-2013

 

(...) Nas autarquias do interior (leiam-se os programas da oposição para se ficar com uma ideia clara) o medo do senhor presidente e dos seus apaniguados existe em larga escala. Por isso se depreciaram as assembleias municipais, por isso se esganaram com o garrote da publicidade jornais ou rádios livres, por isso muitas das associações culturais ou cívicas se tornaram entes moribundos perante a imposição do autarca que tudo sabe, tudo controla, tudo decide.


O espaço de debate livre e de discussão existe, quando existe, no seio dos comités tutelados pelo presidente, ou, em vésperas de eleições, nos círculos da oposição que anseiam poder repetir a fórmula do controlo mudando-lhe apenas os rostos. Tudo o resto é um mundo onde o medo e a retaliação que o alimenta, a pobreza e a dependência económica que a exaspera se conjugam e se perpetuam.


É esse senhorio das consciências que alimenta a corrupção, que privilegia a mediocridade, que contribuiu para que grande do interior se tenha transformado num deserto ideal para a preservação dos dinossauros. (...) O que o poder local fez nascer, alimentou e preserva é uma excrescência da democracia que não se combate à força do decreto.


Esgotada há muito a era das infra-estruturas, o poder local só se reinventará, só recuperará o seu lugar de onde emerge vitalidade, resistência e valores comunitários, se todo o desenho do Estado entrar em discussão. Enquanto entre os municípios e o Estado central houver a distância invencível que hoje os separa, nada mudará na democracia local. Longe dos que têm o verdadeiro poder, perto de mais dos que não têm poder nenhum, o modelo actual fomenta o autarca-tiranete e retira à democracia local os checks and balances que a podiam garantir. Sem regiões administrativas, o poder local continuará a apodrecer e a apodrecer o espírito cívico das comunidades onde é exercido.

26 Set, 2013

REQUALIFICAÇÃO

Vasco Pulido Valente - Público de 14-9-2013

 

"Tu és parvo!" "Não, não sou: tu és parvo!" "Tu és mentiroso!" "Não, não sou: tu és mentiroso!" "Tu és saloio!" "Não, não sou: tu és saloio!" A campanha eleitoral tem levado esta conversa de criancinhas de oito anos, que a televisão e os jornais parecem tomar a sério, a Portugal inteiro. De certeza, que neste momento qualquer português já percebeu quem são as duas personagens que nos tentam ilustrar com o insulto mútuo e a repetição de frivolidades, que o país melancolicamente recebe, sem protesto: são António José Seguro e Pedro Passos Coelho. Mas, não é difícil imaginar por que razão o debate político desceu a este abismo de inanidade. É que Passos Coelho e o sr. Seguro não podem perorar sobre nada de substantivo e a zaragata que arranjaram, ao menos, sempre ajuda a passar o tempo.


No cérebro do sr. Seguro, não existe o vestígio de uma ideia. E o PS não achou conveniente fabricar um programa, um horrífico trabalho que guarda para o Verão de 2014. Por isso, quando vai animar a festa (mais conhecida, no vocabulário da seita, por "campanha"), está reduzido a duas soluções: ou se indigna com a miséria da austeridade, ou promete desfazer tudo o que o Governo fez, coisa em que ninguém acredita e que, de resto, é patentemente absurda. A dívida continua com ou sem Passos Coelho e os credores não amolecem ao ver a carinha de Seguro, mesmo que ele ponha, como devia, um bibe. Seja como for, os sofrimentos de agora ninguém os "paga", sobretudo com promessas de um regresso mítico à prosperidade e ao dinheiro fácil do Portugal que morreu em 1910.


Passos Coelho também fica em perigo cada vez que abre a boca. Anunciar cortes, despedimentos e o aumento do horário de trabalho para o funcionalismo público não é, como se calculará, a melhor maneira de convencer o eleitorado a votar na gente que lhe trouxe tantas benesses. Pior ainda, o crânio do primeiro-ministro anda, coitado, tão vazio como o de Seguro. Perdido na crise, é constantemente empurrado de um lado para o outro, nega e afirma, não manda de facto no Governo e trata com um inexplicável zelo as querelas do partido e da coligação. Nestas patéticas circunstâncias, o silêncio era a melhor política. Mas não para Passos, constantemente obrigado a falar. E ele fala, coitado, com o amadorismo e a irresponsabilidade a que se habituou na JSD. As vociferações contra Seguro acabam por ser o melhor refúgio, tanto mais porque Seguro amavelmente retribui. Este par é que precisava com urgência de "requalificação".

Tonho e Manel.jpg

MANEL

Leste o comunicado do PS/P.Sor? Quem é que havia de dizer que os culpados da má gestão da Câmara eram os dois vereadores da CDU? 

TONHO

Grande novidade?! Parece que ainda não percebeste que quatro vereadores do PS não fazem um da CDU.