Meriam Yahia Ibrahim vai ser libertada
A sudanesa Meriam Ibrahim, que estava condenada à morte por enforcamento por ter recusado o islão, vai ser libertada, informou uma fonte oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros do país, citada pela BBC.
Meriam Ibrahim, que deu à luz na prisão, será libertada nos próximos dias. Abdullahi Alzareg, secretário de Estado daquele ministério, disse que o Sudão garante a liberdade religiosa e que está empenhado em proteger a vida da mulher. As autoridades de Cartum, a capital do país, têm sido alvo de fortes críticas da comunidade internacional por causa deste caso.
Detida desde 17 de Janeiro, Meriam entrou na prisão para mulheres de Omdurman, em Cartum, com o filho bebé Martin, de 20 meses, e grávida. Na terça-feira a bebé Maya nasceu na enfermaria da prisão. Segundo o marido, Daniel Wani, e a Amnistia Internacional, a mulher de 27 anos esteve acorrentada pelos tornozelos durante o parto, tal como tem estado desde a sua detenção há quatro meses.
Meriam foi educada pela mãe segundo a religião ortodoxa e não islâmica, a fé do seu pai, um homem pouco presente durante a sua infância. Casou-se com um sudanês do Sul, também cristão. Depois de ter sido acusada de adultério após a denúncia de um membro da sua família de que estava casada com um cristão (o casamento com pessoas de outra religião não é reconhecido pela sharia), Meriam foi acusada de renunciar à religião do seu país, ao afirmar-se cristã. Um tribunal de Cartum considerou-a culpada de adultério e apostasia (renúncia a uma crença religiosa), após a mulher ter recusado, mais uma vez, o islão como a sua religião. Condenou-a à morte por enforcamento e a 100 chicotadas pelo adultério.
Condenada à morte, Meriam teria apenas direito a permanecer junto da filha durante dois anos após o nascimento. No final desse período deveria ser cumprida a sentença.
Nas primeiras declarações a jornalistas sobre o caso, o marido disse que “existe uma pressão sobre ela de líderes religiosos muçulmanos para que regresse à sua fé”, contou à CNN. “Ela diz: ‘Como posso regressar, se nunca fui muçulmana? Sim, o meu pai era muçulmano, mas fui criada pela minha mãe'”, diz Wani, lembrando as palavras da mulher.
O marido disse acreditar que a sentença iria ser revogada devido à forte pressão internacional. “Espero isso, dada a forma como as pessoas se têm unido pelo mundo, o que quero agradecer.” “Todos os grupos de defesa dos direitos humanos, televisões… Parece que tiveram efeito. Talvez resultem na revogação do julgamento.” (...)