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COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

Santana-Maia Leonardo - Jornal Torrejano 20 anos

Desde os doze anos que escrevo com regularidade em jornais locais, regionais e nacionais. Inicialmente comecei a fazê-lo crente de que conseguiria, dessa forma, mudar o mundo; hoje, desfeita a ilusão da adolescência, faço-o apenas por teimosia.

Ao contrário do que muita gente pensa, Democracia e Liberdade não só não são sinónimos como nem sempre vivem de mãos dadas. A Venezuela, Angola e a Rússia, por exemplo, são democracias, uma vez que os governos são eleitos através de sufrágio universal, mas são países onde as liberdades individuais e os direitos das minorias não são minimamente respeitados.

Em Portugal, a situação, sendo substancialmente diferente dos casos apontados, não é, no entanto, totalmente diferente. Com efeito, se é verdade que Portugal é hoje uma verdadeira democracia, ainda não é, no entanto, uma verdadeira democracia liberal (democracia + liberdade). No nosso país, o presidente seja do que for, em regra, continua a conviver mal com a crítica e só se sente realizado perante plateias que o venerem e beijem o chão que pisa. E não tendo os nossos municípios dimensão suficiente, continua a ser muito doloroso e a ser necessária muito coragem para a imprensa regional não se vergar ao senhor presidente.

Esta é, aliás, a principal razão porque uma grande parte da nossa imprensa regional funciona como uma mera extensão do boletim municipal, onde à boa maneira da imprensa cor-de-rosa do Estado Novo, só são divulgadas as realizações e as versões do poder instituído, em tom laudatório e de forma absolutamente acrítica, assim como as realizações individuais ou colectivas que servem, directa ou indirectamente, para o enaltecer.

Mesmo os nossos tribunais, só há bem pouco tempo e fruto das consecutivas e vexatórias sentenças condenatórias do Estado português, no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, por violação do direito à liberdade de expressão é que começaram a deixar de dar cobertura às perseguições, por via judicial, que eram movidas contra aqueles que tinham a coragem de criticar e denunciar os abusos dos donos das autarquias.

«O direito à liberdade de expressão não protege o direito a ter razão mas o direito a não a ter». Foi desta forma lapidar que um juiz norte-americano, numa sua sentença, definiu o objecto e a latitude deste direito que, em Portugal, toda a gente invoca e pouco gente pratica e respeita.

Quem me conhece sabe que não sou nem de meias palavras, nem de meias tintas, o que significa que não sou boa companhia para um jornal que queira ganhar a sua vida de cócoras. Ora, apesar de só conhecer o Jornal Torrejano de nome quando fui convidado para ser seu colaborador, precisamente no final do século passado, o simples facto de ter sido convidado foi o bastante para simpatizar com o jornal, tanto mais que o convite era feito por quem conhecia o género contundente, directo e vertical da minha escrita.

É, pois, com estima e um grande carinho que vejo este jornal festejar o seu vigésimo aniversário, num tempo conturbado para a imprensa regional devido à quebra do mercado publicitário por força da actual crise económica. Que dure muitos anos é o meu desejo! E que os seus leitores nunca se esqueçam da máxima japonesa: "quando duas pessoas pensam da mesma maneira, uma é dispensável".

João Marques de Almeida - Observador de 25-10-2014 

(...) Ninguém disse aos franceses que estão na União Europeia para seguirem os alemães. Sempre lhes disseram o contrário. A Europa servia para aumentar o poder da França e para controlar a Alemanha; e não para diminuir o poder francês e ser controlado por Berlim.

A Alemanha, por seu lado, não quer pagar os privilégios sociais dos franceses. Os trabalhadores alemães trabalham mais horas semanais do que os franceses, têm menos férias, reformam-se mais tarde, pagam mais pelos serviços públicos e os subsídios de desemprego são mais baixos. E pensam, por que havemos de pagar para os franceses gozarem de privilégios de que nós não gozamos.

Claro que a Alemanha tem grande parte da razão. O país fez reformas que os franceses se recusam a fazer. Cumpre uma disciplina orçamental que os franceses acham desnecessária, pelo menos até agora. Adaptou-se muito melhor ao mercado e ao comércio global do que a França. Mas, por vezes, em política não é suficiente ter razão. O que adianta estar certo e a maioria dos franceses tornarem-se anti-europeus, contra o Euro e votarem na Marine Le Pen para Presidente? É difícil, mas é necessário saber fazer compromissos quando se tem razão (por vezes, sobretudo quando se tem razão).

Estou convencido que o governo alemão está disposto a fazer compromissos. O problema é que se recusa a explicar isso aos alemães. E essa recusa tem custos políticos internos. Berlim tem que ajudar a França a reformar-se, o que exige tempo, e a sua classe política deve explicar internamente as vantagens do Euro para a economia alemã. (...) A Europa não se pode construir contra a França. Esperemos que não seja necessário o Euro acabar para Berlim perceber isso. Mesmo tendo razão.

Helena Matos - Observador de 26-10-2014

(...) Em conclusão, o problema não é de modo algum o que criticam e investigam, mas sim o que omitem sobre determinados líderes e o acriticismo com que brindam determinadas causas. Aqui sim pode falar-se de um favorecimento não necessariamente da área da esquerda, mas sim de quem lhe usa o ideolecto.

Esse ideolecto que leva a que se escreva (e apenas para citar exemplos da passada semana) “ILGA relembra: Portugal não protege filhos de casais homossexuais” – desde quando é um dado adquirido que aquilo que a ILGA defende protege essas crianças? Ou que se conclua numa outra notícia: “Ferreira Leite arrasa Mota Soares e defende o Estado Social”. Portanto dá-se como adquirido que Ferreira Leite defende o Estado Social. Porquê? Porque defende a manutenção das prestações sociais mesmo quando estas ultrapassem o valor obtido a trabalhar? É isso defender o Estado Social? Esse ideolecto que leva ainda a que, na impossibilidade de ignorar um facto, ele seja noticiado de forma absolutamente tonta como sucedeu com o atentado que custou a vida a um bebé em Jerusalém – “Automóvel atropela transeuntes em Jerusalém”. Como se os atropelamentos no mundo fossem tão raros, mas tão raros, que o atropelamento de um bebé em Jerusalém ou noutra qualquer cidade fosse notícia por si mesmo.

Esta é aquela parte da História em que nas notícias não existem crimes mas sim desilusões – por exemplo, a descolonização portuguesa. Em que as velhas utopias de engenharia social se mantêm intactas mudando apenas de procedimento – agora são as barrigas de aluguer, no passado foram os jardins-de-infância alternativos. Em que entre nós e a felicidade está apenas o obstáculo de um papão – no passado o imperialismo ianque, agora a senhora Merkel.

Alguma vez deixará de ser assim? Não creio. Mas sempre nos resta o consolo de antecipadamente sabermos que alguns dos melhores textos dos jornalistas do amanhã serão sobre esta particular vontade de não ver dos jornalistas seus antepassados.

João Miguel Tavares - Publico de 28-10-2014

(...) “Todos os comentadores e jornalistas podem olhar para os números e saber o que eles dizem”, afirmou o primeiro-ministro. Pois podem – e é esse exercício que proponho que façamos aqui hoje, para não sermos acusados de calacice e bandarreio.

A despesa pública diminuiu entre 2011 e 2014? Diminuiu. Contudo, convém ver de que tipo de despesa estamos a falar. Segundo os números da Ameco, já com extrapolação (possivelmente generosa) para o ano em curso, essa redução é de cerca de 4,8 mil milhões de euros (de 84,4 mil milhões, em 2011, para 79,6 mil milhões, em 2014), o que, em percentagem do PIB, dá 2,2 pontos percentuais. Mas a que se deve a parte de leão desse corte? Reorganização de serviços? Redução de funcionários? Dieta de custos intermédios? Não: corresponde a uma diminuição gigantesca no investimento público, que passou de 6,8 mil milhões em 2011 (4% do PIB) para 3,5 mil milhões em 2014 (2,1% do PIB). Ou seja, se aos 2,2 pontos percentuais de cortes na despesa retirarmos estes 1,9 de investimento, sobra-nos uns magríssimos 0,3 pontos percentuais de corte efectivo de despesa na estrutura do Estado.  

Ora, se o ajustamento pelo lado da despesa foi feito praticamente à custa da diminuição do investimento, o que isso significa é que nada de realmente estruturante mudou quanto ao peso do Estado na economia nacional. Quando aparecer por aí um novo socialista a querer animar a economia à custa de comboios, estradas e aeroportos, voltamos à cepa torta num piscar de olhos, porque o Governo PSD/CDS-PP se limitou a fechar a torneira, e alguma poupança que efectivamente conseguiu, em sectores fundamentais como a Saúde ou a Educação, acabou por ser engolida pelas exigências crescentes da Segurança Social.

O problema da “inverdade” de Passos Coelho é que não há contradição nenhuma entre a despesa cair e o sacrifício de essa queda poder ser, em boa parte, inútil – tal como uma dieta pode, em vez de abater barriga, cortar na massa muscular. Perde-se peso? Sim. Mas no sítio errado. É por isso que Pedro Passos Coelho está neste momento a apanhar pancada de todos os lados. Um keynesiano lamenta os cortes no investimento. Um liberal lamenta que só tenha havido cortes no investimento. Tanto um como o outro acabam, inevitavelmente, por fazer um péssimo balanço destes três anos de austeridade. O primeiro-ministro não será patético, e muito menos preguiçoso, mas é líder de um governo que foi incapaz de fazer aquilo de que o país mais necessitava. E esta verdade vai acertar-lhe como um punho nas eleições de 2015.

Jorge Cadete - Público de 9-10-2014

(...) Hoje, no interior das regiões, os doentes e familiares percorrem dezenas e centenas de quilómetros na procura de respostas em cuidados de saúde. Não basta fechar serviços em prol da diminuição de custos e centralização de recursos. Deveremos garantir a essa população equidade e acessibilidade aos cuidados gerais e assegurar os mecanismos de acesso aos cuidados especializados, aos cuidados continuados, aos cuidados paliativos e a outros.

Os cuidados de saúde primários (CSP) nesta reforma do SNS continuam a ser assegurados a essas populações nas diversas Unidades Funcionais, reconfiguradas e agrupadas, com procedimentos e metodologias de funcionamento diferentes. Pretende-se que cada utente tenha o seu médico e enfermeiro de família, pilares fundamentais numa equipa de saúde. O horário de funcionamento dessas Unidades é diurno, em dias úteis, o que implica que das 8h às 20h os utentes têm a assistência necessária garantida. E das 20h às 08h, aos fins-de-semana e feriados?

Tivemos recentemente conhecimento de um despacho ministerial que define os Pontos de Rede de Urgência e suas características da Rede de Serviços de Urgência, de forma a responder ao doente urgente e emergente num tempo máximo de acesso de 60 minutos. Nos territórios mais interiorizados, com condições geográficas difíceis, esse tempo previsto é facilmente ultrapassado. Acresce as deficitárias redes de comunicações em alguns locais, agravadas muitas vezes pelas condições climatéricas adversas.

Como encontrar melhores soluções?

Penso que a resposta estará numa distribuição mais equitativa e suportada nos meios de emergência pré-hospitalar nos casos de doença aguda e/ou grave. Esses meios pertencentes ao Instituto Nacional de Emergência Médica, I. P. (INEM) e acionados através do Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM encontram-se definidos e integrados na Rede de Serviços de Urgência (SU) conforme a tipologia dos níveis de resposta. Penso que aqui, os decisores políticos e técnicos podem encontrar respostas de proximidade mais adequadas, mais eficazes e seguras para as pessoas que vivem nos locais mais interiorizados.

A rede de SU e os meios do INEM deveriam ter uma articulação funcional mais próxima dos Agrupamentos dos Centros de Saúde (ACeS) com as suas Unidades Funcionais (USF; UCSP; UCC). Em cada ACeS, deveria existir um meio de emergência pré-hospitalar, uma ambulância de suporte imediato de vida (SIV) com recursos humanos que poderiam ser internos mas geridos dentro do Ponto de Rede de Urgências. Esse meio móvel, não podendo ser permanente, pelo menos que assegurasse o período de encerramento das unidades desses ACeS de forma a garantir à população os cuidados de saúde imediatos e mediatos em situações agudas e específicas.

Atalaia do Souto.JPG

No passado dia 25 de Outubro, a AJAF – Associação Juventude Acção no Futuro em parceria com a Associação Cultural, Desportiva e Recreativa da Atalaia do Souto, promoveu na sede desta associação, uma Oficina Criativa “Bonecas em Goma Eva”. Esta é uma das atividades do projeto “Juventude Ação na Solidariedade” 2014, promovido pela AJAF, com o apoio do programa FINABRANTES 2014.

Esta atividade visou a aquisição e/ou melhoramento de competências de elaboração de bonecas em 3D em goma Eva para as ponteiras dos lápis, ou canetas. Para tal recorreram a técnica de decalque de moldes, corte, colagem seguindo cada passo apresentado pela monitora da oficina. Todas as participantes estão de parabéns, pois os trabalhos ficaram muito mimosos, demonstrando a dedicação de cada uma delas pelos trabalhos manuais que se têm vindo a desenvolver.

Jovens e adultos, partilharam juntos esta aprendizagem promovendo a intergeracionalidade, permitindo a transmissão de saberes, e a entreajuda entre gerações. Agradecemos a todos/as os/as nossos/as participantes, e contamos convosco para outras iniciativas, pois é para vós que trabalhamos todos os dias, procurando colmatar necessidades sentidas na zona norte do concelho. Contamos convosco para a sugestão de novas ideias.

Maria Fátima Bonifácio - Observador de 26-10-2014

(...) O 25 de Abril foi um maná trazido pela Democracia!

O que esta constitui propriamente como regime político deixou de interessar. Na cabeça de demasiada gente, deveria ser antes de mais uma engenharia destinada a engendrar afluência e bem estar. Em vez disso, passou a ser uma frustração. O consumo tornou-se a maior paixão contemporânea, e a verdade é que a Liberdade interessa a poucos: não faz falta nenhuma para ver novelas, jogar no computador, passear de carro e ir ao futebol.

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