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COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

Veja como ficaria o nosso Parlamento se as abstenções e os votos nulos e brancos elegessem cadeiras vazias.

Se assim fosse a abstenção tinha maioria absoluta de deputados, ou melhor, de cadeiras vazias no Parlamento e podia formar Governo com a vantagem de termos a certeza de que governaria melhor do que qualquer Governo nos governou até hoje.

Está na hora do Partido das Cadeiras Vazias se constituir e concorrer às próximas eleições.

Ler aqui o Manifesto do Partido das Cadeiras Vazias.

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"(...) É alguém capaz de indicar um benefício, por leve que seja, que nos tenha advindo da proclamação da república? Não melhoramos em administração financeira, não melhoramos em administração geral, não temos mais paz, não temos sequer mais liberdade. Na monarquia era possível insultar por escrito e impresso o rei; na república não era possível, porque era perigoso, insultar até verbalmente o Sr. Afonso Costa. (…)

O regime [republicano] está, na verdade, expresso naquele ignóbil trapo que, imposto por uma reduzidíssima minoria de esfarrapados morais, nos serve de bandeira nacional — trapo contrário à heráldica e à estética, porque duas cores se justapõem sem intervenção de um metal e porque é a mais feia coisa que se pode inventar em cor. Está ali contudo a alma do republicano português — o encarnado do sangue que derramaram e fizeram derramar, o verde da erva de que, por direito mental, devem alimentar-se. (…)

Este regime [republicano] é uma conspurcação espiritual. A monarquia, ainda que má, tem ao menos de seu ser decorativa. Será pouco socialmente, será nada nacionalmente. Mas é alguma coisa em comparação com o nada absoluto em que a república veio a ser."

Fernando Pessoa - “Balanço Crítico” (textos em prosa)

Isabel Casanova (*) - in Facebook de 15 de Abril de 2015

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«'Portuguesas' e 'portugueses' não é apenas um erro e um pleonasmo: é uma estupidez.» É bem verdade, mas apresentemos argumentos um pouco mais científicos.

Com a preocupação de defender os direitos das mulheres, o primeiro-ministro francês fez aprovar o Decreto n.º 84-153, de 29 de fevereiro de 1984, que criou uma comissão de terminologia encarregada de estudar a feminização dos títulos e funções, assim como, de uma maneira geral, o vocabulário respeitante às atividades das mulheres.

A comissão começou a trabalhar com base no pressuposto de que a língua francesa seria machista, assumindo-se que o masculino favorecia um apagamento do feminino, que o masculino se sobrepunha e abafava o feminino. Era essa a ideia do governo francês, e foi com essa ideia que a comissão de terminologia foi criada.

Surpreendentemente para o governo, mas não para os linguistas sérios, a comissão veio declarar que a preferência pelo masculino em nada abafava ou diminuía o valor do feminino. Com efeito, diz a comissão:

«Herdeiro do neutro latino, o masculino mostra-se imbuído de valor genérico, sobretudo nos casos de plural que lhe atribuem a capacidade de referir indivíduos dos dois sexos, neutralizando assim os géneros.»

E continua, a propósito do que refere como «a regra genérica do masculino»:

«Para referir o sujeito jurídico, independentemente da natureza sexual do indivíduo referido, melhor será recorrer ao masculino, uma vez que o francês não tem género neutro. [...]

A comissão defende que os textos regulamentares devem respeitar o regime da neutralidade das funções.»

Na mesma linha se pronunciou a Academia Francesa, chamando a atenção para a não coincidência do género gramatical e do género natural, que todos os linguistas bem conhecem. De facto, a associação do género gramatical ao género natural (ou sexo) é abusiva. As crianças podem ser do sexo masculino, assim como as vítimas e as testemunhas podem ser homens. Também o príncipe Hamlet é uma personagem shakespeariana. No entanto, a língua marca essas palavras de femininas, independentemente de o referente ser masculino ou não. O crocodilo não é necessariamente masculino nem a mosca necessariamente um animal (ou animala?, para não ser machista) feminino. Em francês, a vítima (la victime) é uma palavra do género feminino, mas a testemunha (le témoin) do género masculino. O género gramatical é uma convenção linguística, tal como o número e o caso, por exemplo.

E contrariamente ao que já foi publicamente dito, não é verdade que «a língua reflete os valores, usos e costumes da sociedade. Promove a desigualdade se usarmos uma linguagem que consagra a ideia do masculino como universal». Não é a língua que promove a desigualdade, é a sociedade que promove a desigualdade. Acusar a língua é deitar poeira para os olhos, dirimindo responsabilidades e deixando a sociedade longe de toda a culpa. A culpa é da língua?! E assim ficarão todos contentes quando falam com os colegas e as colegas.

Optou-se por isso pela poeta, a juiz, para que profissões iguais tivessem denominações iguais. Então o que serei eu? Professora? Professor? Ser poetisa é ofensivo e discriminatório, mas ser maestrina é uma honra. Em que ficamos? Felizmente o bom senso dos portugueses só muito levemente acolheu o delírio da presidenta.

A Academia Francesa viria a pronunciar-se em junho de 1984, defendendo que é imprópria a denominação tradicional dos géneros masculino e feminino. E tem muita razão. A denominação é errónea, uma vez que não se trata aqui de uma distinção entre masculino e feminino, mas de uma distinção entre marcado (ou intensivo) e não marcado (ou extensivo). Na esteira do neutro latino, o masculino é o género não marcado. Quer isto dizer que, quando se verifique oposição de género, o feminino refere-se geralmente ao género feminino, e o masculino refere-se ao não marcado, isto é, aproxima-se do que seria um género neutro. Assim, o dever do professor não exclui a professora, o cartão do cidadão não é só para os homens, e se, perante um acidente, alguém gritar «Socorro, chamem um médico», a médica não tem o direito de continuar caminho, porque, afinal, o que eles queriam era um homem. O mesmo acontece quando aconselhamos alguém a consultar um advogado. Não estamos a falar de um homem, estamos a falar de uma profissão (e profissão é uma palavra feminina, quererá isto dizer alguma coisa?), de uma forma não marcada, de valor próximo do neutro. A ordem dos médicos não exclui as médicas, e na greve dos enfermeiros as enfermeiras também reivindicam. No entanto, a médica que nos atendeu é seguramente uma mulher, tal como a notária, a advogada, a enfermeira, a professora, a aluna, etc.

Como se poderá acusar de ser machista uma língua que marca de feminino o que é feminino e de masculino o que é sexualmente irrelevante? O masculino é de facto o tal género não marcado ou extensivo.

Ofensiva e machista, porém, é sem dúvida a prática de alguns falsos igualitários e pseudodemocratas que têm a preocupação de pôr senhor(a) ou doutor(a). Os parênteses, pelos vistos, não os chocam. Isso, sim, citando Miguel Esteves Cardoso, é uma estupidez. E é profundamente paternalista e machista.

_____________

(*) Isabel Casanova, licenciada em Filologia Germânica, mestre e doutora em Linguística Inglesa pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. É professora associada com agregação da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa e especialista em Estudos Contrastivos e Lexicografia. Das suas atividades destacam-se especialmente a lecionação nos Mestrados em Linguística Aplicada ao Ensino do Inglês e da sua obra destacam-se, entre outros: Manual de Linguística Inglesa, Linguística Contrastiva: O Ensino da Língua Inglesa, A Língua no Fio da Navalha; Ensaio para um Dicionário da Língua Portuguesa, Dicionário Terminológico: Compreender a TLEBS, Discursar em Português... e não só, Português para o Mundo, Português Revisitado: Dúvidas e Erros Frequentes, assim como a colaboração como especialista de língua portuguesa nas edições da Enciclopédia Larousse publicada em Portugal.

O Mirante de 13-4-2017

O Mirante - Hermínio Martinho 13-4-2017.jpg

O engenheiro agrónomo Hermínio Martinho ficou conhecido por ter fundado o PRD (Partido Renovador Democrático), em 1985, e ter conseguido uma votação a rondar os 18% nas primeiras eleições em que participou. Santana-Maia Leonardo foi vereador da oposição nas câmaras municipais de Ponte de Sôr e Abrantes e recentemente foi falado por ter sido advogado do jovem agredido pelos filhos do embaixador do Iraque. Os dois dizem que nunca viram o Canal Parlamento e que não irão voltar à política activa. Mas o facto de estarem vacinados não significa que estejam com ouvidos e boca tapados.

Santana-Maia Leonardo diz que já está habituado a ver certos portugueses muito escandalizados quando ouvem alguém dizer aquilo que eles próprios dizem. A confissão é feita a propósito da declaração do presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, sobre o facto dos países do Sul da Europa gastarem muito dinheiro em “copos e mulheres”.

Nós escandalizamo-nos quando outros dizem aquilo que nós próprios dizemos de nós. E por vezes até dizemos coisas piores que as que ele disse e nem sequer estamos a usar nenhuma metáfora, como ele fez. Às vezes, por exemplo, oiço pessoas dizerem as piores coisas de familiares. Chamam nomes à mãe, ao pai, aos irmãos... mas depois se houver alguma pessoa de fora que diga qualquer coisinha muito menos grave... é uma ofensa enorme e imperdoável. Gostamos de levar as coisas muito literalmente mas só quando nos convém”, explica, perante a concordância do seu companheiro de conversa, Hermínio Martinho.

O desencanto do advogado com certos comportamentos de alguns portugueses vai mais longe. “Ouvimos certas pessoas dizerem que gostam muito de quem é sincero mas se o seu interlocutor for sincero e lhes disser na cara aquilo que verdadeiramente pensa, ficam irritadas e nunca mais lhe falam. É uma hipocrisia. A sinceridade de que gostam é dizermos bem delas”.
Hermínio Martinho diz que tem tendência a não radicalizar a relação com o outro. A sua postura é conciliatória e acredita que esse é o caminho para a harmonia. “Os outros são connosco um pouco aquilo que nós somos com eles. Se tivermos uma predisposição natural para tratar as pessoas como gostamos de ser tratados podemos conseguir relações menos agressivas. Às vezes até um sorriso resolve muita coisa. Eu tenho seguido sempre a política de tratar os outros como gosto que me tratem a mim”, declara.

Santana-Maia Leonardo ouve com atenção mas retoma o discurso do desencanto. “Eu hoje estou muito descrente da natureza humana. O povo português, de uma forma geral, é um povo camaleão. O facto de termos vivido 400 anos com a Inquisição, 50 anos de ditadura e de termos sido um povo pequeno que conheceu o Mundo e teve que se adaptar ao que foi encontrando para sobreviver, fez-nos ganhar uma pele de camaleões. Se o português for para a Espanha é espanhol. Se for para França é francês. Se for para a Alemanha é alemão. É por isso que nesses países gostam dos portugueses. Mas o pior é em Portugal. Camaleões a viverem e a serem governados por camaleões não dá resultado”, ironiza.

Os dois participantes nas conversas da série Duetos estiveram durante muitos anos ligados à política activa mas dão a entender que ficaram vacinados. Hermínio Martinho, conhecido por ter sido o fundador do PRD (Partido Renovador Democrático) em 1985, foi vereador na Câmara de Santarém, eleito pelo PSD num mandato e pelo PS noutro.

Santana-Maia Leonardo concorreu sempre pelo PSD e foi vereador nas câmaras municipais de Ponte de Sôr e de Abrantes. Diz que actualmente até se sente constrangido por ter sido daquele partido mas atenua esse facto dizendo que o que o moveu não foi o desejo de poder mas o de participação cívica e de defesa da liberdade e da democracia.

Em nenhuma das duas câmaras havia qualquer possibilidade de vencer. Se houvesse acho que não tinha sido candidato. Fui sempre da oposição e já sabia que iria ser assim quando aceitei ser candidato. Era para mim impensável ser candidato do PSD em locais onde o partido vence sempre, como na Madeira ou em Viseu”, defende.

O advogado vê de vez em quando o programa de política “Quadratura do Círculo”, normalmente fora de horas. Hermínio Martinho diz que não liga muito à politica. Os dois confessam que nunca viram o Canal Parlamente e que a televisão lhes serve principalmente para verem alguns jogos de futebol, seja da Liga Inglesa ou do Barcelona no caso do advogado, seja do Benfica e da Selecção Nacional, no caso de Hermínio Martinho.

Já foram espectadores mais ou menos assíduos de cinema e aproveitavam as idas a Lisboa para ver alguns filmes mas o desaparecimento das salas que passavam filmes interessantes e a diminuição de qualidade dos filmes fê-los virarem-se para a música, nomeadamente a música clássica, que ouvem no carro quando viajam.

Trabalhar para limpar o lixo que outros despejam à nossa porta e é se não queremos ter lixo à porta

O engenheiro Hermínio Martinho dá semanalmente meia hora de trabalho voluntário a uma causa perdida e já convenceu alguns vizinhos a fazerem o mesmo. Ele elogia a força do exemplo mas a força do exemplo não resolveu o problema que o faz sair à rua nas manhãs de domingo.

A minha quinta em Santarém confina com a estrada que vai das Fontainhas a Perofiho. Uma das coisas que me incomoda é ver a falta de civismo dos condutores que por ali passam e que atiram tudo e mais alguma coisa pelas janelas das viaturas. Para evitar aquele espectáculo do lixo espalhado por todo o lado eu gasto, todos os domingos de manhã antes de almoço, entre vinte a trinta minutos a apanhar aquilo”, explica.

E acrescenta: “Levo um saco de plástico dos grandes e encho-o por completo. Apanho papéis, garrafas, maços de tabaco vazios, caixas de medicamentos vazias, embalagens vazias de chocolates e de outros alimentos. De início as pessoas metiam-se comigo. Agora já vou vendo vizinhos meus a fazerem o mesmo. A apanharem o lixo em frente àquilo que é deles”.

Hermínio Martinho conta a história para exaltar a força do exemplo e Santana-Maia Leonardo também explica que quando era professor entrava à frente dos alunos para apanhar os papéis que tinham ficado no chão após a última aula, tendo reparado que ao fim de algum tempo eram os alunos a apanhá-los. Mas se no caso do ex-professor o exemplo contagiou quem fazia lixo, isso não acontece no caso relatado por Hermínio Martinho. Afinal, os automobilistas e os passageiros continuam a atirar lixo para a estrada.

Como o que não se queria fazer e se foi fazer a contragosto acabou por ser das coisas mais importantes da vida

O avô materno de Santana-Maia Leonardo não tinha o neto em muito boa conta por causa das noitadas dele e da sua rebeldia. Por isso, quando soube que ele tinha sido chamado para cumprir o serviço militar obrigatório ficou muito preocupado e até confessou que receava que ele acabasse no Presídio Militar.

Fui chamado para fazer o serviço militar em 1983, depois de meses antes me terem comunicado que tinha passado à reserva”, conta o advogado, que acrescenta: “Vim a saber que fui chamado porque tinha havido muitos que se tinham declarado objectores de consciência, que era uma desculpa muito utilizada na altura por quem não queria fazer a tropa”.

Apesar de aconselhado a declarar-se também objector de consciência e dos receios do avô sobre a sua natural propensão à indisciplina, Santana-Maia Leonardo acabou por se apresentar.

Tinha dois filhos pequenos, um com dois anos e outro com um e estava a fazer o estágio para professor. Fui a contragosto mas agora posso dizer que o serviço militar foi das coisas mais importantes da minha vida porque fez de mim uma pessoa melhor”, declara.

Foi o primeiro classificado no Curso de Oficiais em Mafra e depois foi colocado em Santa Margarida. A partir dessa altura o avô começou a olhar para ele como um homem.

Aquilo que sou hoje devo-o ao serviço militar. Aprendi muita coisa como o espírito de missão, por exemplo. Se tenho uma coisa importante para fazer sacrifico tudo para conseguir. A tropa deu-me também resistência psicológica e aprendi o valor da solidariedade e do exemplo. Tenho procurado na minha vida, seja onde for, dar o exemplo. Fui presidente de um clube e nunca entrei no estádio sem pagar bilhete. Nunca usei uma carrinha do clube para tratar de assuntos pessoais. Nunca fui a um jantar do clube sem pagar”, explica.

Nada a dizer quanto ao desfecho da eliminatória, nem quanto à prestação do FC Barcelona em Camp Nou.

O Barça arriscou tudo contra uma equipa da Juventus que, fazendo jus à tradição das equipas italianas, manteve fechada a sua baliza a sete chaves.

Pessoalmente gosto muito do FC Barcelona pela mesma razão que não gosto das equipas italianas e do seu modelo de jogo.

O FC Barcelona, ganhe ou perca, assume sempre o jogo, correndo riscos e praticando um futebol ofensivo, ao contrário das equipas italianas que privilegiam sempre uma defesa muito cerrada, explorando o contra-ataque. 

Como dizia Cruijff, se o modelo de jogo praticado pelas equipas italianas triunfasse, tal significava a morte do futebol como espectáculo.

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