Álvaro, o eterno guarda-redes do meu Eléctrico
Santana-Maia Leonardo
Cresci com o Álvaro. Foi um dos meus amigos de escola e daqueles que todos admirávamos porque era o melhor no futebol e em qualquer desporto. E isso era o principal na adolescência.
Com a ida para a universidade, os nossos caminhos separaram-se. O Álvaro transformou-se num guarda-redes invulgar e numa referência desportiva de Ponte de Sor.
Com o declínio da sua actividade desportiva, a vida resolveu virar-lhe as costas. De vez em quando, íamos falando... Apesar de termos muitos amigos comuns e vivermos numa aldeia, nunca soube do seu internamento.
Entretanto fui passar um fim de semana a Manchester. Umas semanas mais tarde estava num velório e vi a mãe do Álvaro e perguntei-lhe pelo filho que já não via há algum tempo.
A vida tem destas coisas que temos dificudade em compreender. Tantos amigos comuns, uma casa mortuária na vizinhança da minha casa e no meu trajecto diário para o escritório, um terra minúscula onde tudo se sabe, o Facebook onde hoje não há nada que não se divulgue... e o Álvaro deixou de aparecer na minha vida sem que eu me tenha apercebido da sua partida.
Como dizia Agostinho da Silva, "as pessoas não morrem. Deixam é de aparecer." E este é o caso do Álvaro na minha vida. O Álvaro apenas deixou de aparecer porque vai continuar bem vivo enquanto eu viver. Até um dia...