15 Mar, 2009
O PASTOR E O LOBO
por Santana Maia
José Sócrates só foi eleito, recorde-se, primeiro-ministro porque o povo português, cansado do discurso da tanga de Durão Barroso e do combate ao défice de Manuela Ferreira Leite, acreditou no regresso ao paraíso de Guterres pela mão do seu delfim que lhes garantia 150.000 empregos, sem subida de impostos e sem pagamento de taxas moderadoras ou de portagens nas Scuts.
A forma como José Sócrates traiu o povo que o elegeu, esquecendo todas as promessas que lhe fizera, colheu, no entanto, o aplauso unânime de toda a comunicação social que via, em cada cambalhota do primeiro-ministro, um pragmatismo cheio de espírito de missão e de amor à pátria.
O país precisava urgentemente de reformas e José Sócrates ia, finalmente, levá-las a cabo. Doesse a quem doesse. E até as suas mentiras, a sua manifesta falta de carácter e o seu autoritarismo doentio eram olhados pelo rebanho como qualidades necessárias ao bom desempenho do pastor. O rebanho sempre acreditou em homens providenciais.
E a fé era tanta que acabou por confundir o lobo com o pastor. Agora, restam-nos apenas, como recordação destes três anos de governação, os nossos ossos porque a carne já os lobos a comeram.