26 Nov, 2009
VIR'Ó DISCO... E TOCA O MESMO
António Belém Coelho - in Primeira Linha
Quando na 5ª feira ouvi o Sr. Ministro das Finanças anunciar o segundo Orçamento rectificativo deste ano, vivi novamente um dejá vu, passe o pleonasmo. Na verdade, ninguém, nem certamente o próprio Ministro acreditava naquilo que era o discurso oficial: deficit de 5, 9%, e outras barbaridades que tais. Falando em bom Português, mentiram-nos com quantos dentes têm na boca. Aliás, também só deram pela crise, pelo menos três meses depois de ela cá ter chegado; e o efeito temporal das consequências da dita parece ter ainda atrasado mais naquelas cabecinhas.
Nessa admissão da necessidade de um segundo Orçamento rectificativo (marca histórica, só alcançada por Guterres, também ele socialista, mas que tinha a desculpa óbvia e pública de não saber fazer contas) ressalta o reconhecer de o deficit se elevar a 8% (já mais perto das previsões da Comissão Europeia, efectuadas há cerca de 3 meses). Relembremos a máxima: “podemos enganar poucos durante muito tempo, mas é impossível enganar muitos mesmo que durante pouco tempo.” Não é preciso dizer mais nada!
Com este Orçamento rectificativo, endividamo-nos em mais cerca de 5000 mil milhões de €uros! Nada de especial, para os socialistas; já estão habituados a viver a custas alheias. O problema é que, como sempre, a factura recai nos do costume! O Ministro aponta a quebra de receita como causa fundamental deste descalabro; mas não menciona, e a isso costuma chamar-se desonestidade intelectual, que a despesa do Estado, não baixou, pelo contrário, continuou a aumentar, apesar de toda a propaganda em sentido contrário. E é aí que reside o problema fundamental!
Nunca o Estado foi tão gordo em Portugal, como agora, que come mais de 50% da riqueza produzida por todos nós! Mas já estou como o outro: se neles votaram, aguentem-se! E quanto ao remédio? O Ministro bem diz que não vai aumentar impostos. Mas esta afirmação deve merecer a mesma credibilidade de todas as outras já proferidas, pelo que poderemos tomar como certo que a canga da tributação irá ficar mais pesada, para aqueles que pagam, como é evidente.
E o seu compagnon de route, o Governador do Banco de Portugal, já emitiu douta opinião do alto dos seus quase € 18000 de salário mensal (que supostamente lhe são pagos para controlar e fiscalizar o sistema financeiro e evitar todas as fraudes e outros desvarios que têm sido uma constante nos últimos tempos). Diz ele que o remédio (ou parte dele) é limitar os aumentos dos salários da Função Pública a menos de 1% (como se nos últimos 10 anos, praticamente todos eles de governação socialista, não tivessem já pago com língua de palmo todos estes desvarios) e aumentar os impostos para diminuir o deficit (por ele e por outros criado e aumentado minuto a minuto). E não contente, ainda indica quais os impostos a aumentar: IVA e IRS, que a ele não lhe fará grande mossa, mas que a milhões de Portugueses poderá significar o caírem definitivamente na pobreza.
Mas é assim! A Democracia, para além de outras, tem uma suprema virtude: qualquer Povo, País ou Nação tem exactamente o Governo que merece, na medida em que para ele votou. É o preço a pagar pelas opções que a maioria relativa faz. Lembremo-nos todos deste simples facto!