30 Nov, 2009
Dr. João Pimenta - Um modo de estar na vida
Apresentação do livro «DR JOÃO PIMENTA - UM MODO DE ESTAR NA VIDA»
Quando fui confrontado com o projecto de Maria Bárbara de escrever um livro sobre a vida do Dr. João Pimenta, ocorreu-me logo aquela passagem de Os Lusíadas em que Alexandre lamenta não ter um Homero para lhe cantar os feitos:
Não tinha em tanto os feitos gloriosos
De Aquiles, Alexandre, na peleja,
Quanto de quem o canta os numerosos
Versos: isso só louva, isso deseja
Como diziam os romanos, «quod non est in actiis, non est in mundo» (O que não está nos autos não existe). E com a vida das pessoas acontece o mesmo: só existe o que fica escrito.
Daí a importância deste livro, na medida em que a vida do Dr João Pimenta, pela sua verticalidade e honradez, pela sua dedicação aos outros e à causa pública, é uma daquelas vidas que merece ficar registada para servir de exemplo para todos nós, para mais num tempo tão carente de bons exemplos.
No entanto, quando recebi o manuscrito de Bárbara, para ser sincero, não me lembrei d’Os Lusíadas por causa do Alexandre e de Homero, mas por causa de Inês de Castro.
Esta obra é um verdadeiro hino ao amor e eu tive a sorte de a ler em estado puro, onde isso, então, era manifesto. A Maria Bárbara, recordo, não é uma escritora, nem tem essa vocação. O que a impeliu a escrever e lhe guiou a mão foi apenas o coração. E isto é verdadeiramente sublime.
Depois de falar de Inês, cabe-me agora falar do D. Pedro, ou melhor, do Dr João Pimenta.
A minha ligação ao Dr João Pimenta é muito anterior a tê-lo conhecido e a razão é muito fácil de entender. Faz, na próxima 3ºFeira, 42 anos que morreu o meu pai. Eu tinha, na altura, 9 anos de idade. E quando se perde o pai muito cedo, anda-se a vida a toda a procurar conhecê-lo.
E como diz o povo, «diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és», ou seja, se queres conhecer o teu pai, nada melhor do que conhecer o seu melhor amigo. Por isso, aquele homem que aparecia, ao lado do meu pai, na fotografia do casamento, que foi seu padrinho de casamento, seu amigo de infância e de universidade, passou a ter para mim uma importância capital.
E os meus avós tinham pelo Dr. João Pimenta uma devoção muito especial, fundada, designadamente, na sua estatura moral, na sua dedicação aos outros e na coragem demonstrada na guerra do Ultramar que a Medalha de Prata de Serviços Distintos com Palma bem ilustra.
O Dr João Pimenta foi-me, aliás, apresentado pelos meus avós como um verdadeiro herói e um exemplo a seguir. O título do livro que escreveu sobre o Esquadrão de Cavalaria 149 resume bem a sua filosofia de vida: «MAIS FAZ QUEM QUER DO QUE QUEM PODE». Sendo certo que o Dr. João Pimenta teve e tem essa extraordinária faculdade de Querer e de Poder.
O meu filho, nascido a 7 de Novembro de 1981, pode-se gabar de ter nascido em boas mãos. Poucos são aqueles, aliás, que têm a sorte de mal abrirem olhos darem logo de caras com um indivíduo que lhes pode servir de exemplo para a vida.
Como todos devíamos saber, o exemplo é a única forma de ensinar. E este livro, escrito com muita paixão, é a história exemplar de uma vida que devia servir de exemplo para todos nós.
Palácio de D. Manuel, em Évora, no dia 28 de Novembro de 2009
Santana-Maia Leonardo