A TURMA SOCIALISTA
Num curso de economia, o professor deparou-se com uma turma inteira que defendia que o socialismo era praticável e que, através da simples cooperação, tendo em vista um bem comum, se obteria um resultado mais igualitário e justo do que aquele que se obtinha através dos mecanismos de competição e emulação. Ou seja, sustentava a turma que o socialismo era mais eficaz e justo que o capitalismo.
O professor argumentou em vão pelo que, já em desespero, propôs a seguinte experiência: fariam os testes habituais e a nota atribuída a cada um seria a média da turma. Os alunos aceitaram de imediato. Todos tinham agora um objectivo comum e o resultado não poderia deixar de ser igualitário e justo.
No primeiro teste, a média foi de catorze. E aqui começaram os problemas: aqueles que tinham estudado e a quem o teste tinha corrido bem e que, legitimamente, podiam esperar um dezoito ou dezanove, ficaram a remoer o desagrado; aqueles que nem sequer tinham pegado no livro, resplandeciam de felicidade e louvavam o socialismo.
Mas a verdade é que se provava a tese dos alunos: todos passavam e com uma boa nota.
No segundo teste, os que antes tinham estudado e feito bons testes, entenderam naturalmente que não necessitavam de se esforçar tanto, uma vez que, se iam ter, no máximo, catorze, escusavam de se matar a estudar. Por outro lado, os que antes não tinham pegado nos livros mantiveram as mesmas opções, uma vez que tinham obtido bons resultados sem qualquer esforço.
Como é evidente, a média baixou para dez e aí já ninguém ficou especialmente satisfeito. No teste seguinte, a média foi de oito e instalou-se a desavença na turma, começando os mais empenhados e trabalhadores a acusar os outros de egoísmo, de falta de solidariedade, etc. O resultado foi que ninguém mais quis estudar para não beneficiar os que nada faziam e a turma acabou por reprovar toda.
Moral da História: sem recompensas individuais, não há incentivos duradouros ao esforço. Tirar aos que se esforçam para dar aos que nada fazem conduz, mais tarde ou mais cedo, à discórdia e ao fracasso, porque, quando parte de um grupo interioriza a ideia de que não precisa de trabalhar, pois a outra parte irá sustentá-la, aqueles que trabalham acabam por se desmotivar, porque não estão para andar a trabalhar para sustentar quem nada ou pouco faz.
E, assim, chegamos ao começo do fim.