08 Nov, 2008
A AVALIAÇÃO DOS PROFESSORES
por Santana Maia
A actual ministra da Educação, à semelhança de Cristóvão Colombo, também quer chegar à Índia navegando para Ocidente. Que falta cá fazia D. João II para lhe explicar que, propondo-se ela navegar nessa direcção, nunca vai conseguir lá chegar.
Sou a favor, obviamente, de uma avaliação rigorosa do desempenho dos professores. Mas, por isso mesmo, sou totalmente contra este modelo de avaliação. A avaliação dos professores, em primeiro lugar, tem de ser externa e, em segundo lugar, tem de ter em conta, essencialmente, o trabalho na sala de aula e a avaliação e o sucesso dos alunos (Atenção: não confundir sucesso com as notas dadas pelos professores). Com efeito, devia caber ao inspector assistir a aulas, analisar as planificações, os testes e os resultados dos testes e aferir da adequação das aulas, das estratégias e da avaliação levada a cabo pelo professor relativamente às turmas e aos alunos em concreto.
E a avaliação tem de ser externa por duas razões: por um lado, para dar credibilidade à própria avaliação, impedindo que rivalidades, inimizades e desconfianças, inerentes a toda a relação de vizinhança, interfiram no processo, até porque, como sói dizer-se, «ninguém é herói para o seu criado»; por outro lado, para que os professores não se dispersem ainda mais em burocracias, afastando-os da sua verdadeira função que é ensinar.
Imagine-se o que seria se o Ministro da Justiça (ou melhor, o Conselho Superior da Magistratura) decidisse copiar o modelo, passando a avaliação dos juízes a ser feitas pelos seus colegas do tribunal. Ou seja, o juiz do 1º Juízo ia avaliar o juiz do 2º Juízo e assim sucessivamente. Havia de ser bonito! A função dos juízes, colocados nos tribunais, é julgar, dar sentenças e despachos não é avaliar os colegas. Isso é e deve ser feito por inspectores, destacados para o efeito e com reconhecida competência.
Só que aquilo que o Governo e a ministra querem, como se vê claramente por este modelo de avaliação, é apenas poupar dinheiro e domesticar os professores. O resto é conversa para enganar os tolos que, infelizmente, são muitos e com direito a voto.