25 Nov, 2008
A NOSSA ECONOMIA
por António Belém Coelho
A Direcção Distrital das Finanças de Santarém, com o necessário aval da Direcção Geral das Contribuições e Impostos, resolveu efectuar um levantamento das dívidas das empresas a nível distrital, por concelho, e dos respectivos créditos em relação ao Estado.
Posteriormente contactaram as empresas em causa, no sentido de liquidarem as suas responsabilidades e dando-lhes a hipótese de um acerto de contas entre dívidas e créditos, o que a par das condições leoninas das primeiras pode efectivamente possibilitar algum pagamento e amortização da situação.
Só que este procedimento já poderia e deveria ter sido efectuado há mais tempo; não se nos afigura, voltamos a dizer, apesar da vantagem agora existente na compensação de contas, que a grande maioria das empresas tenha neste momento condições de tesouraria que o permitam, sobretudo nesta época de conjuntura depressiva e de proximidade de pagamentos mais especiais, sobretudo os referentes ao subsídio de Natal.
Os números envolvidos já foram publicados em mais que um meio de comunicação e devem ser preocupantes para a realidade económica do nosso concelho.
Em termos de dívidas de grandes empresas, somos o concelho que maior dívida tem; cerca de 20 milhões e 400 mil euros, num total de 56 milhões e 400 mil euros. Ou seja, no global da dívida das grandes empresas ao Estado nos 21 Concelhos do Distrito, o Concelho de Abrantes é responsável por cerca de 36% da mesma!
Verdade se diga que Abrantes é também o concelho em que as grandes empresas têm créditos sobre o Estado, mas mesmo falando em números líquidos (dívida – créditos), ou seja, efectuando o encontro de contas, ficamos em segundo lugar, logo a seguir a Torres Novas, sendo mesmo assim responsáveis por 30% deste montante.
Quanto à dívida originária nas pequenas e médias empresas, aí o panorama é muito mais favorável, na medida em que o concelho representa apenas cerca de 4% da dívida total e igualmente dos montantes apurados após o encontro de contas.
Esta situação, nomeadamente a referente às grandes empresas, e a continuação do esforço do Estado (legítimo) em recuperar o valor das dívidas, aliado à presente conjuntura de crise que vivemos, faz-nos pois pensar muito seriamente se o nosso tecido empresarial estará em condições de aguentar estes múltiplos embates, ou se à semelhança de outras regiões do mundo e também do País, não poderemos ter algumas surpresas menos agradáveis.
Lembremo-nos que o crédito bancário, por via dos recentes acontecimentos e também por via de se destinar fundamentalmente às empresas de dimensão nacional que concorram e executem as grandes obras perspectivadas, já está em contracção e já não são poucas as pequenas e médias empresas que viram créditos já em fase última de negociação, negados.