por António Belém Coelho
Se a equipa dirigente do Ministério da Educação e os responsáveis governamentais tivessem o mínimo de seriedade no que respeita à promoção dos Professores mais qualificados, nunca teriam dividido a classe em duas, com critérios que efectivamente deram lugar às maiores injustiças.
Teriam começado por negociar uma avaliação justa e objectiva em igual grau para todos e expor a sua vontade, baseada em critérios e limites financeiros de só os melhores 30%, 40% ou lá o que fosse, poderem por mérito, ascender ao topo da carreira.
Mas fez exactamente o contrário! Dividiu primeiro e quis avaliar depois!
Se a equipa dirigente do Ministério da Educação e os responsáveis governamentais tivessem o mínimo de seriedade no que respeita à promoção dos Professores mais qualificados, avaliá-los-iam sobretudo por aquilo que gostam de fazer e fazem bem: dar aulas, ensinar.
Mas em vez disso preferiram centrar-se no desempenho de cargos, que necessários que são, não podem ofuscar o verdadeiro e mais importante trabalho do Professor.
Se a equipa dirigente do Ministério da Educação e os responsáveis governamentais tivessem o mínimo de seriedade no que respeita à promoção dos Professores mais qualificados, avaliá-los-iam por toda a sua carreira, desde o início.
Mas o que realmente fizeram foi só considerar os últimos sete anos e desses, relevar quase tudo menos o contacto mais directo com os alunos, em sala de aula.
Se a equipa dirigente do Ministério da Educação e os responsáveis governamentais tivessem o mínimo de seriedade no que respeita à implementação de um sistema de avaliação de Professores, ter-se-iam sentado à mesa com as suas estruturas e definido as linhas gerais de uma avaliação justa e objectiva em igual grau para todos.
Nunca teriam cozinhado no interior dos gabinetes uma avaliação geradora de desigualdades de Escola para Escola e mesmo dentro da mesma Escola, de Departamento para Departamento e mesmo dentro do mesmo Departamento.
Se a equipa dirigente do Ministério da Educação e os responsáveis governamentais tivessem o mínimo de seriedade no que respeita à implementação de um sistema de avaliação de Professores nunca nela teriam incluído itens de avaliação referentes às notas dos alunos no ano anterior e sobre o abandono e absentismo escolares.
Tal é equivalente, a por exemplo, querermos avaliar os Juízes pelo cadastro dos julgados que lhes calham e também pelo grau de regeneração que possam vir a evidenciar.
Ou, por exemplo, querer avaliar os médicos pelo historial clínico dos doentes que lhes cabem e pela evolução mais favorável ou menos favorável de cada um dos doentes.
Se a equipa dirigente do Ministério da Educação e os responsáveis governamentais tivessem o mínimo de seriedade no que respeita à implementação de um sistema de avaliação de Professores nunca recorreriam a um modelo kafkiano no que respeita à burocracia infindável da sua aplicação (para além de tudo o resto).
Teria implementado, à semelhança do que já existe por exemplo em muitas outras classes da função pública, por um modelo burocraticamente simples, pois o tempo de trabalho de chefias e subordinados tem que ser rentabilizado naquilo que efectivamente devem fazer.
Se…