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COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

04 Dez, 2008

OS APOIOS

por António Belém Coelho

 
O Senhor F. é empresário em nome individual. Toda a sua vida, desde que abandonou a Escola e se viu obrigado a trabalhar para ganhar o seu sustento, lá fez das tripas coração para levar o seu negócio a bom porto.
 
A coisa não tem corrido mal de todo e até há pouco tempo, já tinha a trabalhar para si três empregados.
 
Entretanto chega a crise, que é para todos, mas não igual para todos, sublinhe-se, e os negócios começam a ir de mal a pior.
 
Depois de tudo o que tem visto nas TVs e noutros órgãos de informação, o Sr. F. achou-se no dever e no direito de solicitar um qualquer apoio que lhe permitisse prosseguir com o negócio e sobretudo salvaguardar os três postos de trabalho que considerava sua responsabilidade e que sustentavam outros tantos agregados familiares.
 
Depois de muitas e inúmeras deslocações, tempo de espera, e-mails, consultas, e outras ocupações de tempo, foi informado de que para o seu caso não existia qualquer mecanismo de apoio face a esta situação.
 
Acontece que o Sr. F., mesmo sustentando o seu e mais três agregados familiares não insere a sua actividade no sector bancário; e falamos daquele mais tradicional, que acolhe os depósitos dos cidadãos e depois os procura rentabilizar, mediante aplicações disponíveis no mercado global.
 
E quanto a estes, tudo bem; estamos perfeitamente de acordo que o Governo assegure por cidadão, um mínimo de garantia de € 100 000,00; até iríamos mais longe, estabelecendo um limite maior, de € 150 000,00 ou mesmo € 200 000,00.
 
Mas isso são questões meramente aritméticas e políticas.
 
Entretanto o Sr. F. contrapôs a quem teve a paciência de o ouvir, que outras instituições bancárias, que pouco ou nada têm a ver com as poupanças do cidadão, mas que estão dirigidas à gestão das grandes fortunas e aos investimentos de alto risco, comprometeram, com o aval do Estado, milhares de milhões para salvaguardar tais situações.
 
Conversa em saco roto; tivesse o Sr. F. investido em operações de alto risco, de preferência com dinheiro que não fosse seu e talvez agora fosse contemplado com esta tábua de salvação!
 
Mas o Sr. F. ainda teimou para grande espanto e contrariedade de quem fez o favor de o atender! É que estava no negócio dos carrinhos de linhas, tão e cada vez mais necessários a uma elevada percentagem de população que não tem dinheiro para novas roupas e que tem de adaptar as antigas!
 
Tempo perdido! O zeloso funcionário informou-o de que se fosse industrial dos carrinhos a sério, então teria direito a todos os apoios e mais alguns, até a crise passar; desde apoios para manter toda a sua força de trabalho, a incentivos fiscais aos investimentos e mesmo a venda de terrenos a preços simbólicos, para sabe-se lá quando, puder haver investimento.
 
Aqui, o Sr. F. perdeu as estribeiras e questionou: «Então, o mesmo Estado que afunda o sector automóvel, impondo impostos elevadíssimos e mesmo impostos sobre impostos, para não falar do novo imposto de circulação e do elevado preço dos combustíveis, que obrigam os Portugueses a ter um parque automóvel de pequena cilindrada quando comparado com os seus congéneres Europeus, vem agora gastar milhões e milhões dos nossos impostos para os salvaguardar?»
 
Bom, aqui o nosso Sr. F. começou a perceber a diferença entre filhos e enteados; mas não conseguiu perceber a diferença entre um qualquer Governo de maioria de direita radical e um Governo que se diga e socialista e actue enquanto tal. Nem nós!
 
Moral da história: ou és banqueiro ou estás no ramo do sector automóvel; caso contrário, será difícil teres apoios para a crise.
 
Mas todos a sentem! Uns mais que outros! Lá dizia Orwell!

in jornal “Público” (edição de 28/11/2008)


A ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues «garante, contudo, que também tem tido bons momentos. “Muitos”. Pede-se-lhe que partilhe um. “Uma carta que recebi de um menino que recebeu um computador para ter em casa, não sei já em que circunstância, e escreveu-me a dizer: “Quando for grande, vou inscrever-me no PS”. É tocante.» 
 
Goste-se ou não desta ministra, ela teve, pelo menos, o mérito de fazer compreender a todas as crianças a importância da inscrição no PS para se singrar na vida. A licenciatura, depois, vem por acréscimo. Que o diga o senhor primeiro-ministro…

por Santana Maia

 
No dia 3 de Outubro de 2006, publiquei no meu blogue “Rexistir” um texto intitulado “NÃO DESISTA, SENHORA MINISTRA! (Não faça como eu)” que termina desta forma:
 
«Com as suas inteligentes medidas, a senhora ministra conseguiu, por um lado, dar uma justificação aos maus professores para continuarem a ser maus e, por outro, desmotivar e desmobilizar completamente os bons professores que agora se arrastam pelas escolas, maldizendo a sua vida e todas as horas que dedicaram à escola. Ninguém consegue ser bom professor se estiver psicologicamente em baixo. E hoje só um imbecil é que consegue manter a auto-estima em alta com esta ministra. Mas um imbecil não é, obviamente, um bom professor.
 
Eu, pessoalmente, para salvaguarda da minha saúde mental e por respeito a mim mesmo, já pedi licença sem vencimento de longa duração, depois de 25 anos de ensino e de 25 anos a escrever (ingloriamente) sobre a educação.
 
Os meus colegas mais optimistas acreditam que a senhora ministra, apercebendo-se do actual estado da Educação em Portugal, resolveu arranjar uma equipa ministerial, não para reformar o sistema, mas para o fazer ruir de vez. Se for assim, já cá não está quem falou e só me resta pedir-lhe uma coisa: não desista, senhora ministra! Mais um esforçozinho e o edifício vem abaixo!»
 

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