por Rui André
«Apelo aos representantes da comunidade internacional ao mais alto nível... para que adoptem um objectivo que vise diminuir para metade o número de pessoas que vivem na pobreza absoluta, até 2015.»
Kofi Annan, Relatório do Milénio
A luta contra a Pobreza e a exclusão social deve ser uma das prioridades de qualquer governo. No entanto, as regras devem estar bem definidas. Um contrato de inserção social deve estar presente e deve ser cumprido na íntegra. Muitas pessoas vivem em condições de pobreza extrema e precisam de ser ajudadas. A exclusão social está cada vez mais patente nos nossos dias e infelizmente vai aumentar.
Concordo com os apoios sociais na sua generalidade mas não se pode dar de qualquer maneira e de mão beijada sem que o individuo seja responsabilizado. Quem não quer ser ajudado ou não quiser cumprir um programa de inserção social onde possa melhorar as suas atitudes e responsabilidades e que pretende usufruir de regalias sociais, não pode nem deve receber uma migalha.
Como estão definidas os actuais apoios sociais do RSI, as pessoas já não estão motivadas para criar o seu próprio negócio nem para trabalhar por conta de outrem porque o apoio social é "suficiente" para ele sobreviver. O governo tem de alterar e rapidamente essa grande injustiça.
Há quem necessita de ajuda e é esquecido no seu quarto, abandonado e a mercê da ajuda dos seus vizinhos e outros que morem sozinhos em casa totalmente abandonados pelos seus familiares e pela sociedade. Em contrapartida, há outros e muitos outros que são jovens em plena força de poder trabalhar e que estão simplesmente no café ou em casa sem fazer rigorosamente nada. São livres de não quererem fazer nada mas não podem nem devem receber o RSI dos contribuintes trabalhadores que fazem tudo para sobreviver, que pagam os seus impostos para que o país possa avançar.
A vida mudou e mudou muito. As pessoas já sabem como receber no final do mês sem produzir NADA. É um ciclo vicioso que vai continuar a agravar-se nas próximas gerações se nada for alterado. Na disciplina de Formação Cívica que eu lecciono, na minha Direcção de Turma do 6º ano de escolaridade, a maioria dos meus alunos dizem-me que, mais tarde, querem ser desempregados. Dizem que o trabalho é para os outros. Em 13 anos de ensino foi a primeira vez que eu ouvi isso. Fiquei chocado e durante alguns dias pensei sobre isso e desabafo agora as minhas conclusões.
Essa injustiça não pode continuar para aqueles que cumprem e que se sentem traídos por um sistema errada e injusto. Dá-se dinheiro para aqueles que não querem trabalhar e pede-se cada vez mais dinheiro aos outros que pagam para alimentar o sistema - BASTA.
Os portugueses têm o seu coração aberto para ajudar os outros. Muitas pessoas precisam de ajuda mas não vamos cair na injustiça de alimentar, durante anos e anos, talvez décadas, pessoas que tomam o pequeno-almoço no café, que fumam e que consomem álcool todo o dia. É injusto para quem cumpre com os seus deveres.
Se todas as pessoas pensassem assim nenhum sistema de Segurança Social conseguiria sobreviver. Se não houver uma grande volta na forma como ajudar as pessoas que merecem na realidade, então o sistema da Segurança Social vai entrar em colapso financeiro e ficar sem um tostão daqui meia dúzias de anos.
Espero que o Ano de 2009 traga mais juízo e justiça aos políticos e que as políticas sociais sejam orientadas para um contrato entre o Estado e o cidadão e que consigam diminuir a verdadeira pobreza. Espero que as famílias possam ser ajudadas na realidade e que possamos responsabilizar os pais pela educação dos seus filhos. Sem esquecer a ajuda obrigatória que os filhos devem dar aos seus pais e avós que, no adiantar da sua idade, são esquecidos, abandonados e muitas vezes agredidos na sua própria casa.
A sociedade tem o dever de ajudar os mais necessitados mas os familiares directos não podem estar isentos de culpa por esse problema, bem pelo contrário.