O CONCELHO DE ABRANTES NO CENSO DE 2011
Declaração dos vereadores eleitos pelo PSD
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Infelizmente, o resultado do censo 2011 no que se refere ao Concelho de Abrantes não constituiu qualquer surpresa para os vereadores eleitos pelo PSD.
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A este propósito basta ler a nossa primeira intervenção pública sobre a freguesia do Tramagal, em 04/11/2008, e de que transcrevemos este extracto:
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«Pensar que o desenvolvimento e crescimento do concelho de Abrantes passa pela concentração dos investimentos na cidade de Abrantes é tão estúpido e criminoso como pensar que o desenvolvimento de Portugal passa pela concentração de investimentos na região de Lisboa. Os países e os concelhos são como as pessoas: se a cabeça crescer à custa das outras partes do corpo, chega uma altura em que o pescoço não pode com o peso da cabeça. Sem um crescimento harmonioso de todas as partes do corpo, a própria cabeça fica em risco de vida que é, aliás, o que está a suceder com a cidade de Abrantes, onde a concentração de investimento na cidade apenas tem conseguido esvaziar as freguesias (ou seja, provocar o definhamento do corpo), sem conseguir inverter a perda de importância regional, quer da cidade de Abrantes, quer do concelho. Veja-se como a política pouco inteligente levada a cabo pelo Partido Socialista e pelo Executivo Municipal de querer obrigar os jovens das freguesias a transferirem-se para a cidade de Abrantes, esvaziando as freguesias, está a levar os jovens a estabelecem-se, não em Abrantes, mas nas outras cidades do Médio Tejo, com destaque para Entroncamento e Torres Novas.
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Acresce que a Câmara Municipal de Abrantes, ao agir desta forma, deixa de ter qualquer autoridade para criticar o modelo de desenvolvimento nacional assente na concentração de investimentos na região de Lisboa, uma vez que o seu modelo de desenvolvimento para o concelho, afinal, é rigorosamente o mesmo» (vide post «Freguesia do Tramagal» de 04/11/2008).
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Ora, o resultado do censo de 2011, no que respeita ao concelho de Abrantes, apenas vem demonstrar a falta de visão dos autarcas socialistas abrantinos e o total fracasso do modelo de desenvolvimento implementado pelos sucessivos executivos socialistas no nosso concelho.
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Com efeito, Abrantes apresenta a maior perda de habitantes, em números absolutos (2783 habitantes), de entre todos os municípios do Distrito.
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Continuamos a ter em Abrantes dois movimentos migratórios distintos: um fluxo de habitantes das freguesias de características mais rurais para as de características mais urbanas, nomeadamente S. Vicente; um outro fluxo cujo destino é para fora do concelho.
Consequentemente, ao concentrar uma enorme fatia do investimento na zona urbana, desprezando a maioria das freguesias rurais, tendo, muitas delas, perdido serviços importantes para as populações no seu território, condenaram-se estas, inevitavelmente, a uma desertificação progressiva.
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Registe-se que, tendo em atenção os ganhos de população das freguesias urbanas e tendo em conta o saldo negativo de 2783 habitantes, a sangria sofrida por aquelas freguesias situa-se de 2001 para cá, na ordem dos 3670 habitantes, qualquer coisa como 15% da população. E este movimento tem tido tendência a acelerar, sendo certo que, em termos qualitativos, estes 15% são, na sua esmagadora maioria, de população na idade activa.
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De notar ainda que, mesmo na freguesia (urbana) de S. João, existiu uma diminuição de população, a que certamente não será estranho também o definhamento da zona do centro histórico, apesar de todo o dinheiro que aqui se tem gasto e continua a gastar. Aliás, a política de dar com uma mão o que se retira com a outra nunca pode dar bons resultados.
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Mas, a par deste fluxo interno, a efectiva perda de população do concelho traduz também a falência da intenção de colocar Abrantes como um pólo de desenvolvimento e atracção regional.
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As pessoas não saem do seu concelho, da sua terra, de ânimo leve: fazem-no quando não encontram meios de subsistência suficientes e/ou a qualidade de vida que procuram (embora a primeira condição seja eliminatória).
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É por demais evidente que o Município não tem usado da melhor forma todas as ferramentas que podem diferenciar o concelho, tornando-o efectivamente mais competitivo (PDM, Planos de urbanização, IMI, Derrama, participação no IRS, etc, etc), como temos denunciado, sistematicamente, em diversas e repetidas intervenções.
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Com efeito, optou-se por investir em equipamentos, sobretudo de lazer, e, na sua esmagadora maioria, centralizados na sede do concelho, em vez de se dar prioridade a políticas de atracção e fixação de pessoas.
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É óbvio que ninguém contesta a importância de equipamentos de lazer como um contributo essencial para a melhoria da qualidade de vida das populações.
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Mas, sem criar as condições económicas para a sustentabilidade, um modelo assente em equipamentos de lazer implode por si próprio, criando custos de manutenção e exploração cada vez mais incomportáveis.
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Por outro lado, os sucessivos flops dos anunciados investimentos privados no concelho (até pela publicidade que se lhes deu a nível nacional) têm não só acentuado o sentimento de desilusão e humilhação dos abrantinos como têm contribuído para desacreditar o concelho no panorama nacional e regional, fazendo com qualquer novo anúncio seja já recebido com sorrisos de troça e de descrédito.
Consequentemente, Abrantes tem visto partir de forma continuada os seus cidadãos mais qualificados e mais bem preparados, por força de não encontrarem na sua terra a ocupação desejada. E esse movimento vai-se generalizando e acentuando.
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Logo, o concelho vai ficando menos competitivo, menos povoado e cada vez mais envelhecido.
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O resultado dos censos de 2011 veio contradizer, em absoluto, os slogans socialistas “Abrantes, terra boa para viver e para trabalhar” e “Abrantes Mais (isto e aquilo)”, por mais bem intencionados que possam querer ser.
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Com efeito, o que nos disse o censo de 2011 é que Abrantes, por força do modelo de desenvolvimento implementado pelos executivos socialistas, é CADA VEZ MENOS.
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Ver DOSSIÊ IX: Um Concelho Solidário