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A HISTÓRIA PRESIDENCIAL DOS SUBSÍDIOS AO ELÉCTRICO
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Vítor Morgado* - in blogue "Do Largo 25 de Abril"
* vereador da CDU da Câmara Municipal de Ponte de Sor
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I
Entrevista de Taveira Pinto ao jornal Ecos do Sor de 20/5/2004
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Ecos do Sor - O Eléctrico (EFC) subiu à Terceira Divisão Nacional, contudo a autarquia tem sido acusada, por parte do presidente do clube, de não apoiar a instituição. É um assunto que está na ordem do dia.
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Taveira Pinto: Há uma série de questões que temos de colocar. Em primeiro lugar, o dinheiro que recebemos do Orçamento Geral do Estado tem de ser aplicado de forma justa e equilibrada. Todos sabemos que falta muita coisa no concelho. Mas também sabemos que a instituição EFC tem de ser apoiada como tem sido até à data (...).
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ES: A autarquia é também acusada de direccionar mais dinheiro para o basquete que para o futebol. Há algum fundamento nestas acusações?
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TP: As contas são públicas. Semestralmente os subsídios que atribuímos são publicados em jornais, nomeadamente no Ecos do Sor. Ao contrário do que é dito, o futebol recebe 800 contos por mês (durante 10 meses) e o basquete 500. (...) Agora digo eu: então e 800 contos não chegam? Então e o que dará mais prazer às pessoas de Ponte de Sor? É verem o EFC na Terceira Divisão ou verem o EFC na Terceira Divisão com uma equipa constituída por jovens de Ponte de Sor?
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ES: A resposta é mais que óbvia.
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TP: Então onde devemos apostar? Em contratar jogadores de fora do concelho ou proporcionarmos às nossas crianças um desenvolvimento equilibrado para que possam vir a ser grandes desportistas, treinadas por pessoal qualificado? Penso que o investimento tem de ser feito nesta base. (...) E mais. Fosse eu uma pessoa de ressentimentos, parecida com o ainda presidente do EFC, e talvez a câmara tivesse cortado o subsídio ao clube, pois é inadmissível que nas comemorações dos 75 anos da instituição não houvesse uma palavra de agradecimento à autarquia. É profundamente injusto e inqualificável.
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ES: O actual presidente do clube já afirmou que não se recandidata. Contudo, na hipótese de haver uma candidatura do dr. Santana Maia e do mesmo ganhar as eleições, a Câmara vai continuar a apoiar o clube?
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TP: Vai. Sem dúvida nenhuma. A instituição Eléctrico não é o presidente do Eléctrico. Eu não confundo as coisas, nem nunca as confundi. O presidente do clube tem dito que se continuar à frente da direcção o clube é prejudicado. Isto não tem cabimento nenhum. (...)
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II
Resumindo
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Da simples leitura desta entrevista, uma coisa resulta clara: para Taveira Pinto, o subsídio anual de 65.000,00€ (800 contos + 500 contos x 10 meses) que a Câmara dava ao Eléctrico chegava e sobejava.
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Desta entrevista também se depreende uma divergência de fundo entre o Dr. Taveira Pinto e o presidente do Eléctrico ao tempo: para o presidente do Eléctrico (na altura, Santana Maia), a sua permanência no cargo levaria a que o clube fosse prejudicado pela Câmara; para Taveira Pinto, isso não tinha qualquer cabimento, porque ele nunca confundiu as coisas.
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Já sabemos que o presidente do Eléctrico mudou. Podemos agora, então, avaliar qual dos dois tinha razão. Assim, se o subsídio aumentou, tinha razão o presidente do Eléctrico ("O presidente do clube tem dito que se continuar à frente da direcção o clube é prejudicado"); se o subsídio se manteve, tem razão Taveira Pinto ("Isto não tem cabimento nenhum.").
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III
A prova dos nove
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Da leitura da acta da reunião da câmara deste ano do passado dia 6 de Julho, podemos ficar, então, a saber quanto vai receber de subsídio o Eléctrico na próxima época em que desceu 3ª divisão nacional e quanto recebia anteriormente.
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Tendo em consideração os esforços que a situação do País exige, o senhor presidente da câmara propôs, nesta reunião, uma redução do subsídio do Eléctrico, para a próxima época, de 5.000,00€ por mês.
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Ou seja, o subsídio anual do Eléctrico que era de 360.000,00€ (330.000,00€ + os salários de MelnychucK e da mulher que eram pagos directamente pela Câmara) passou para 300.000,00€, tendo em conta a grave situação financeira do país.
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IV
Concluindo
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Para Taveira Pinto, se o presidente do Eléctrico do ano da subida à 3ª divisão continuasse a ser o mesmo, o subsídio anual de 65.000,00€ (treze mil contos) chegava e sobejava.
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Como o presidente do Eléctrico mudou e a fazer fé na recente entrevista deste ao jornal A Ponte em que afirma que o clube tem uma dívida de 200.000,00€ (???), pelos vistos, nem o subsídio anual de 360.000,00€ (setenta e dois mil contos) chega.
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Se alguém tivesse ainda dúvidas da forma parcial e tendenciosa como Taveira Pinto usa o dinheiro dos nossos impostos para penalizar ou favorecer as associações e as instituições do nosso concelho consoante a simpatia ou antipatia que nutre pelos seus dirigentes, este caso é, por de mais, elucidativo.
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Só não vê quem não quer ver. Mas, como diz o povo, não há pior cego do que aquele que não quer ver. E talvez seja por isso que Taveira Pinto continua a reinar em Ponte de Sor. Em terra de cegos...