REUNIÃO DA CÂMARA DE 31/10/11 (I)
MUSEU IBÉRICO
(E TODAS AS MEGA-FANTASIAS SOCIALISTAS O VENTO LEVOU...)
Declaração dos vereadores eleitos pelo PSD
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Na Câmara de Abrantes, ainda se continua a confundir custos com benefícios. E a nossa desgraça, que vamos começar agora a pagá-la com língua de palmo e durante os próximos trinta anos, deve-se precisamente à ignorância dos governantes e dos autarcas que, por confundiram, durante vinte anos, investimento com benefícios (quando o investimento é só custos), levou o país a um nível de endividamento que hoje somos incapazes de pagar.
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Mas a diferença entre custos e benefícios é muito fácil de perceber: uma estrada é toda ela custos; o benefício é o trânsito que passará nela. Se não houver trânsito, o benefício é zero. Ora, todo o investimento no projecto, na construção e na manutenção do museu ibérico é custo, o benefício são as pessoas que o visitarem. Para que o investimento seja reprodutivo, é necessário que os custos sejam inferiores ao benefício, caso contrário, em vez de o investimento gerar riqueza, gera empobrecimento.
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Os vereadores eleitos pelo PSD são, obviamente, favoráveis à construção de um museu ou adaptação de um espaço para albergar colecções de reconhecido valor (como a senhora presidente nos garante ser o caso), desde que o projecto não ponha em risco a coesão territorial e o tecido económico do município, como sucederia se o projecto consumisse recursos essenciais e não fosse capaz de gerar o retorno equivalente.
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É, por esta razão, que os vereadores eleitos pelo PSD sempre defenderam, desde o início, que, pretendendo a Câmara avançar com um projecto megalómano que vai mobilizar e consumir recursos essenciais do município, para mais num tempo de grave crise económica e financeira, não o deveria iniciar sem fazer um estudo sério sobre a sua viabilidade e sustentabilidade económica.
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Acontece que a Câmara avançou para a construção do museu completamente às escuras, ultrapassando todos os patamares da irresponsabilidade política. O problema é que são sempre os mesmos a pagar as irresponsabilidades dos nossos autarcas e governantes. Esta foi, de facto, a questão política que sempre separou os candidatos e vereadores eleitos pelo PSD dos candidatos e/ou vereadores eleitos pelo PS e não só. E defendemos esta posição, desde o início, bem sabendo que não era politicamente correcta, nem eleitoralmente recompensadora, face à intoxicação da opinião pública abrantina pela máquina de propaganda socialista que apresentava a construção do museu como a panaceia para todos os males da cidade e do concelho.
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E tendo o PS montado toda a sua máquina de propaganda em torno da construção do projecto megalómano e de viabilidade muita duvidosa do Museu Ibérico, não pode deixar causar grande perplexidade e apreensão, uma vez que fere de morte a credibilidade do executivo socialista, o recente reconhecimento público da senhora presidente da câmara de que, «atendendo à actual conjuntura, seria irresponsável avançar para este investimento nos moldes em que estava previsto», ficando a «construção da torre para uma segunda fase quando e se as condições o proporcionarem».
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Ora, a actual conjuntura não só já dura há, pelo menos, quatro anos como vai durar, infelizmente, por muitos e muitos anos. Reconhecer só agora a irresponsabilidade para se avançar para um investimento desta grandeza revela só por si a grande irresponsabilidade e inconsciência de quem conduziu, em estado de absoluta cegueira perante a situação económica do país, este projecto até à beira do precipício, com todos os custos para os munícipes que isso já implicou e vai implicar.
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Depois do (1) aluimento do IC9, do (2) sumiço do mega-projecto cultural publico-privado idealizado para o espaço do mercado diário e da (3) derrocada do mega-edifício da câmara municipal (desde a ESTA até à garagem da rodoviária), a anunciada castração da torre do MIAA, a mais emblemática manifestação de virilidade saloia do poder socialista, compagina uma verdadeira confissão pública de impotência, bem reveladora da impreparação do actual executivo socialista para gerir a autarquia num tempo que exige racionalidade, competência, discrição, prudência e rigor.
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Não fosse Portugal um país ainda arredado de uma verdadeira vivência democrática, onde os decisores políticos nunca extraem as necessárias consequências das suas irresponsáveis decisões, e a demissão seria o corolário lógico do reconhecimento público da impossibilidade de cumprimento de todos os grandes objectivos assumidos publicamente, para mais com a justificação de que «seria uma irresponsabilidade levá-los por diante na actual conjuntura económica».
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Ver secção (I) do DOSSIÊ II: Museu Ibérico