CHORAR SOBRE DINHEIRO DERRAMADO
Santana-Maia Leonardo - Nova Aliança
.
Vou recordar aqui a parte final de um artigo que publiquei, pela primeira vez, no jornal Primeira Linha, por altura das autárquicas de 2005 (e que voltei a publicar neste jornal por altura das autárquicas de 2009), porque estou absolutamente convencido de que hoje a maioria dos leitores vai, finalmente, ser capaz de o entender:
.
«Mas qual é o eleitor que se preocupa se o dinheiro que se gastou no estádio, na rotunda ou na piscina dava para fazer três estádios, três rotundas e três piscinas? Ou com o mamarracho que lhe espetaram na rotunda à porta de casa? Para o povo, o que interessa é que o estádio, a rotunda e a piscina estão feitos. Quanto ao seu preço, ninguém se preocupa com isso. E se o político e a sua rede de amigos se abarbataram com algumas centenas de milhar de euros, pouco importa… O que interessa é que a obra está feita.
.
Acontece que tudo isto é pago com dinheiro dos portugueses. O dinheiro que esta gente mete ao bolso é dinheiro nosso. O dinheiro gasto na obra inútil, desnecessária e no mamarracho é dinheiro nosso. O dinheiro desbaratado em subsídios, almoços, viagens e electrodomésticos distribuídos ao domicílio é dinheiro nosso. É isto que os portugueses não conseguem entender. Porque ganham pouco ou estão desempregados ou beneficiam de algumas migalhas deste esbanjamento de dinheiros públicos, os portugueses são absolutamente indiferentes à forma como os políticos derretem o nosso dinheiro.
.
Os portugueses não percebem (ou não querem perceber) que a sua miséria resulta precisamente da forma como quem nos governa desbarata os recursos que são de todos nós. Se os portugueses valorizassem mais a seriedade na actividade política, hoje haveria menos obras faraónicas ou inúteis, menos cunhas e menos subsídios, mas viveríamos todos muito melhor e a diferença entre pobres e ricos não seria seguramente tão grande.»
.
Claro como a água, não é? O problema é que agora já é tarde para desfazer todo o mal que se fez e recuperar o dinheiro que tão inutilmente se desbaratou...