CENTRAL DO PEGO
Pedido de esclarecimento dos vereadores eleitos pelo PSD
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Na passada 4ª feira, fomos surpreendidos pelas notícias públicas do alegado encerramento da Central do Pego, detida pela Endesa, enquanto durar a suspensão da garantia de potência.
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É evidente que é uma má notícia, quer para o concelho de Abrantes, em geral, por via dos postos de trabalho directos e indirectos que da sua atividade dependem, quer para a Câmara Municipal, muito em particular, por via da perda de arrecadação de rendas, de impostos, etc., para já não falar dos muitos outros apoios a associações diversas que a entidade Central do Pego tem prestado.
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Com efeito, só em derrama, perder-se-ão cerca de um milhão de euros por ano, sendo certo que a contabilidade relativa a postos de trabalho, mesmo podendo ser feita, nunca abarcará os custos sociais inerentes.
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É certo que, no memorando assinado pelo Governo de José Sócrates, conforme alguns meios de comunicação social realçaram, estava estipulado que, até ao quarto trimestre de 2011, o mais tardar, todos os regimes de apoio à produção de energia, quer em regime ordinário, quer em regime especial, teriam de ser drasticamente revistos com uma tendência clara à sua desvalorização, quando não eliminação.
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E é evidente que todas as empresas produtoras de energia não o ignoravam.
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A publicação das portarias 139/2012 e 140/2012 não são mais do que a concretização de mais uma das muitas medidas com que o Estado Português se comprometeu relativamente ao programa de assistência financeira de que somos objecto.
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Custa-nos, pois, a compreender a posição da Endesa, na parte que se refere ao risco empresarial que todo o promotor sabe que vai enfrentar, a não ser que o investimento efectuado já tenha sido feito no pressuposto de que nunca teriam prejuízos, face aos mecanismos indemnizatórios até há pouco tempo existentes.
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Transpondo para a nossa escala, seria o mesmo que o Governo ou o Município assegurassem a todas as actividades económicas da nossa praça uma renda que lhes garantisse um mínimo de rentabilidade nos períodos em que as mesmas não tivessem clientes.
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Nada a que não estejamos já habituados, sobretudo no âmbito das denominadas PPP (Parcerias Público Privadas), negociadas sobretudo pelos Governos anteriores, em que todo o risco se transfere para o Estado, isto é, para o contribuinte, sobrando para os grupos económicos afectos e não hostis ao regime os respetivos lucros.
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Seguindo o mesmo princípio, a EDP, por exemplo, deveria também fechar uma série de empreendimentos, pois, neste domínio, é bastante mais afectada do que a Endesa neste capítulo.
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De referir ainda que o Estado Português irá continuar a pagar estas taxas após o fim do programa de assistência, embora com fórmulas e valores necessariamente diferentes, dentro dos parâmetros estipulados pela União Europeia, de modo a não colocar em causa nem a posição dos consumidores, nem a saudável concorrência de mercado que, ao contrário do que muitos pensam, apenas beneficia aqueles. .
Nestes termos, os vereadores eleitos pelo PSD gostariam de saber:
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(1) A Câmara Municipal já foi contactada ou já contactou a empresa ou outra entidade competente sobre esta matéria?
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(2) Já existe algum balanço sobre os valores de rendas e da derrama que o município poderá deixar de receber?
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(3) Existe algum número fiável relativamente à perda de postos de trabalho (directos e indirectos) de pessoas do concelho, caso esta situação se confirme?
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Ver Secção IV do DOSSIÊ IX: Zona Sul