BOM SENSO, UM BEM ESCASSO
Pedro Marques Lopes - Diário de Notícias de 29/7/12
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Num artigo no Financial Times, Martin Wolf dizia que até agora não tinha compreendido o sucedido nos anos 1930. Porém, a crise que atravessamos tinha-o esclarecido: "Tudo o que era necessário eram economias frágeis, um sistema monetário rígido, um debate intenso sobre o que deveria ser feito, a crença de que o sofrimento é bom, políticos cegos, incapacidade para cooperar e incapacidade para estar à frente dos acontecimentos." (...)
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O euro está a morrer e com ele muitas outras coisas correm o risco muitíssimo sério de desaparecer. O projecto europeu será o primeiro a perecer. O mais bem-sucedido projecto de cooperação internacional da história, aquele que mais bem-estar trouxe aos seus povos na história da humanidade, o que garantiu o mais longo período sem guerra na Europa, sucumbirá. Cairá pelas razões que Martin Wolf tão bem enunciou, mas resultado também da desconfiança e da falta de cooperação entre parceiros, da incapacidade de corrigir os erros na construção do euro, dos complexos alemães, da cegueira ideológica e da falta de transparência democrática na construção europeia. A democracia cairá logo a seguir: não há democracia que consiga aguentar o colapso económico e social que o fim do euro provocará.
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Eu não pediria grandes políticos nem grandes líderes, apenas um bocadinho de bom senso, mas no momento que atravessamos é o mais escasso dos bens.