REUNIÃO DA CÂMARA DE 20/8/12 (II)
COMBATER A DESERTIFICAÇÃO, REPOVOAR O TERRITÓRIO
Declaração dos vereadores eleitos pelo PSD
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À medida que o interior do país vai sendo esvaziado de todo o tipo de serviços, assiste-se a uma competição fratricida e nem sempre leal dos diferentes municípios pela conquista dos poucos serviços que o Governo vai condescendendo manter em cada região.
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E de cada serviço que se consegue adiar o encerramento, nem que seja por mais um ano, é o que basta para os autarcas deitarem foguetes e cantarem vitória.
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Acontece que estas vitórias são cada vez mais efémeras porque a desertificação do interior do país acaba inevitavelmente por arrastar o encerramento dos serviços.
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Sendo certo que, sem utentes, como é óbvio, não há qualquer justificação para manter a funcionar escolas, centros de saúde, tribunais, correios, finanças, juntas de freguesia, câmaras municipais...
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Forçoso será, pois, concluir que a única forma de impedir o encerramento dos serviços é inverter o fluxo migratório em direcção ao litoral, o que só é possível com a deslocação para cidades médias do interior do país de serviços e instituições que, hoje, congestionam a região de Lisboa e que terão inevitavelmente um efeito de bola de neve se para ali forem deslocados.
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Ainda recentemente, no seu artigo de opinião no Público de 24/7/12, Paulo Rangel, na mesma linha do que os vereadores eleitos pelo PSD aqui têm defendido, escrevia: «Choca-me em especial o modo como agências administrativas independentes e tribunais são, sem qualquer necessidade, sistematicamente sediadas em Lisboa ou arredores. Sem qualquer necessidade e sem qualquer ganho para a capital e, já agora, com evidente prejuízo para tantas cidades médias portuguesas, com equipamentos, comunicações e estatuto para as acolherem. Entidades como o Banco de Portugal, os Supremos Tribunais, o Instituto Nacional de Estatística e dezenas de entidades reguladoras e administrativas podiam perfeitamente estar espalhadas pelo território, dando massa crítica, visibilidade e centralidade a cidades médias.»
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Os vereadores eleitos pelo PSD têm a perfeita consciência de que, como escreveu Maquiavel, «não há nada mais difícil de prosseguir, nem de mais duvidoso sucesso, nem mais difícil de lidar, do que iniciar uma nova ordem das coisas. Porque o reformador encontra inimigos em todos os que beneficiam da ordem antiga e só defensores apáticos em todos os que beneficiariam da nova ordem.»
No entanto, é este o único caminho para se evitar que, em breve, Portugal fique reduzido à estreita faixa litoral Lisboa - Porto delimitada pela A1.
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Faz, por isso, todo o sentido que a Câmara de Abrantes se empenhe na mobilização dos municípios vizinhos com vista a reivindicar para esta região, tendo em conta a sua tradição e vocação militar, a sede das principais instituições e serviços relacionados com o Exército e a Defesa Nacional..
Ver Secção IV do DOSSIÊ IX: Diversos