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COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

Correio da Manhã de 6/8/12

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Grupo violento extorquiu dinheiro

a comerciantes de Abrantes ao longo de dez anos

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Durante nove meses um empresário de Abrantes foi violentamente espancado em duas ocasiões, ameaçado de morte com arma de fogo e viu o seu café ser destruído várias vezes por um grupo organizado que se dedicava a extorquir dinheiro aos comerciantes da cidade. Motivo: recusou sempre pagar a "protecção" exigida pelos agressores, que durante mais de 10 anos cobraram quantias a vários proprietários de estabelecimentos.

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O Ministério Público (MP) acusou recentemente sete arguidos, entre os 19 e os 52 anos, considerados muito violentos e perigosos, imputando-lhes os crimes de associação criminosa, extorsão na forma continuada, coacção, dano, ofensas corporais e ameaça agravada.

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Quase todos residem no problemático bairro Vale de Rãs e o MP admite não ter conseguido identificar todos os membrosdo grupo que espalhou o terrorna cidade desde 2000, alturaem que começou a actuar como "estrutura organizada", liderada pelo homem mais velho.

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Segundo a acusação, muitos comerciantes, perante ameaças de morte ou de vandalização,viram-se forçados a pagarmensalmente "quantias nãoinferiores a 50 euros, bem como géneros alimentícios e outras mercadorias" (tabaco e bebidas). "A obtenção dos valores monetários desta forma ficou conhecida por ‘camorra’", refere o despacho de acusação.

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Ver: http://amar-abrantes.blogs.sapo.pt/506496.html

Rede Regional de 6/8/12

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CAMORRA EXERCEU EXTORSÃO

DURANTE 10 ANOS EM ABRANTES

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Ministério Público de Abrantes deduziu acusação contra sete arguidos,

mas reconhece que nem todos os envolvidos vão a julgamento

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O Ministério Público (MP) de Abrantes deduziu acusação contra um grupo organizado se dedicou durante mais de 10 anos à extorsão de dinheiro e bens a comerciantes, instaurando um verdadeiro clima de terror na cidade.

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Apesar da situação parecer impensável nos dias que correm, e da Câmara de Abrantes e das forças de segurança a terem desvalorizado em diversas ocasiões, a acusação mostra que vários empresários foram efectivamente obrigados a pagar para garantir a sua segurança, e que foram vítimas de intimidação física e coacção psicológica.

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Associação criminosa, extorsão na forma continuada, coacção, dano, ofensas corporais e ameaça agravada são os crimes de que estão acusados sete arguidos, com idades entre os 19 e os 52 anos, considerados muitos violentos e perigosos. A maioria reside no problemático bairro social de Vale das Rãs, em Abrantes.

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No despacho de acusação, a que a Rede Regional teve acesso, o MP sustenta que o grupo se constituiu como “estrutura organizada” em 2000, ano em começaram a exigir a vários proprietários de estabelecimentos comerciais da cidade “quantias não inferiores a 50 euros, bem como géneros alimentícios e outras mercadorias” (tabaco e bebidas, sobretudo), em troca de “protecção”.

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A maioria das vítimas pagava em silêncio, perante as sucessivas ameaças de morte ou de vandalização dos seus estabelecimentos.

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A obtenção dos valores monetários desta forma ficou conhecida por «camorra»", considera o MP, acrescentando que as quantias assim obtidas foram “distribuídas pelos vários elementos do grupo”.

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Apesar de levar sete arguidos a julgamento, o próprio MP reconhece que não conseguiu identificar e deduzir acusação contra todos os elementos envolvidos neste esquema.

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HÁ SEMPRE ALGUÉM QUE RESISTE

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Durante nove longos meses, um dos queixosos no processo foi violentamente espancado em duas ocasiões, ameaçado de morte com arma de fogo e viu o seu café ser destruído e vandalizado várias vezes, simplesmente porque sempre recusou pagar a “protecção” exigida pelos agressores.

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O calvário do empresário que não cedeu à chantagem começou em Setembro de 2010, cerca de dois meses depois de ter aberto um snack-bar de dois pisos perto da escola secundária Solano de Abreu.

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Alguns dos arguidos começaram a frequentar o estabelecimento, onde provocaram distúrbios, agrediram clientes e funcionários, e destruíram o interior.

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Numa das tentativas de intimidação, os suspeitos tentaram entrar pelas portas de vidro do café ao volante de um jipe Hummer de matrícula estrangeira, com clientes e funcionários trancados no interior, completamente aterrorizados.

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Só neste episódio, provocaram danos superiores a 2.500 euros, mas a acusação descreve várias outras situações ocorridas no mesmo estabelecimento e com a mesma vítima, que começou posteriormente a sofrer ameaças de morte, extensíveis à sua família, para retirar a queixa-crime.

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MEDO TRAVOU DENÚNCIAS DURANTE ANOS

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Câmara de Abrantes nunca deu a devida atenção

à falta de segurança, segundo os vereadores do PSD

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O problema da falta de segurança pública que se vivia em Abrantes e a impunidade com que alguns grupos de marginais actuavam na cidade ganhou alguma visibilidade a partir das últimas eleições autárquicas, altura em que começaram as denúncias dos candidatos do PSD, que chegaram mesmo a realizar acções de campanha em alguns dos locais mais problemáticos, como é o caso do Centro Comercial Millenium.

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Em Setembro de 2010, os vereadores do PSD promoveram uma conferência de imprensa onde deram conta de existir, na altura, “situações de cariz mafioso, como é o caso de extorsão de dinheiro e de bens a comerciantes, e de esquemas de contratação de elementos de comunidades marginais para amedrontar e afugentar a clientela de estabelecimentos comerciais concorrentes”.

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Os social-democratas exigiam que a Câmara Municipal de Abrantes e as forças de segurança reconhecessem uma situação que consideraram ser “de alarme público”, e pediam mesmo a sua denúncia “junto do ministro da Administração Interna, para que tome as medidas que se impõem para que a paz pública e a segurança retornem à cidade”.

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A autarquia, mesmo perante o aumento do número de crimes (sobretudo crimes contra o património) e das ondas de assaltos que ocorreram no concelho nos últimos anos, sempre defendeu que a criminalidade estaria dentro dos parâmetros da normalidade.

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A insegurança que se vivia deu inclusivamente origem a uma petição pública “Por uma Abrantes segura como dantes”, lançada por estudantes da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes (ESTA), e que conta actualmente com 522 subscritores.

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Os abrantinos estão cansados de viver numa cidade controlada por uma comunidade de marginais que semeia o terror a seu bel-prazer perante a inoperância e a complacência das autoridades”, lê-se na petição, onde os signatários exigem que o Estado “assuma as suas responsabilidades relativamente à cidade de Abrantes, libertando-a da tutela do grupo de marginais que a controla e domina, através do terror”.

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Ver: http://amar-abrantes.blogs.sapo.pt/506496.html

FEIRAS FRANCAS E PEQUENOS PRODUTORES LOCAIS

Reposta da presidente da câmara

ao pedido de esclarecimento dos vereadores eleitos pelo PSD

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Santana-Maia Leonardo apresentou um pedido esclarecimento, também subscrito pelos Vereadores eleitos pelo PSD, que a seguir se transcreve:

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Segundo noticiou a imprensa local, a TAGUS e a Palha de Abrantes estão a preparar a repetição da feira franca já realizada no passado dia 30 de Junho, para o quinto sábado dos próximos meses de Setembro e Dezembro, com bancas de venda de velharias, antiquários, livros, flores, plantas, hortofrutícolas, artesanato, produtos locais regionais e artesanais, apoiados pela abordagem LEADER do Proder.

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A agricultura tradicional, habitualmente praticada por pequenos agricultores em todo o concelho, tem vindo a reduzir progressivamente a sua actividade, deixando ao abandono muitas hortas com condições de produção de bons produtos hortícolas.

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Uma das principais razões deste abandono reside no facto de os agricultores terem concluído que qualquer pequena quantidade que produzam para além das necessidades próprias não encontra escoamento no mercado. Com efeito, as grandes superfícies controlam a produção em escala industrial e recusam as pequenas quantidades.

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Neste momento, o preço das batatas, por exemplo, nos supermercados varia entre os 1,70 euros e 0,30 euros (as velhas) por cada quilo, quando qualquer pequeno produtor ficaria radiante se conseguisse vender as suas batatas a 20 cêntimos o quilo.

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Os vereadores eleitos pelo PSD gostariam, por isso, de saber se não haveria a possibilidade da autarquia incentivar a pequena agricultura, designadamente, através de feiras francas periódicas, no centro histórico, e abertas exclusivamente a produtores locais.

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A Presidente da Câmara disse que a Feira Franca - iniciativa da Associação Palha de Abrantes e da Tagus – Associação para o Desenvolvimento integrado do Ribatejo Interior, é para dar continuidade nos próximos meses. Referiu também o programa “Prove” da Tagus, que consiste na distribuição semanal de cabazes no Mercado Criativo, dá escoamento aos produtos agrícolas dos produtores locais aderentes (produção familiar), sendo que inclusivamente, neste momento, a procura de produtos é maior que a oferta dos produtores aderentes.

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Ver Secção IV do DOSSIÊ IX: Diversos

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Ex.ma Senhora

Presidente da Câmara Municipal de Abrantes

Praça Raimundo Soares

ABRANTES 

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Abrantes, 1 de Agosto de 2012

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Nem com secretários, conselheiros, assessores, vereadores e outros doutores, à sua volta e a quem nós pagamos, V.Exª. consegue deixar de nos surpreender pela negativa.

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Não quero tirar conclusões, mas espero que alguém sensato, isento de demagogia partidária, possa demonstrar à srª presidente que a v/actuação reflecte, na perfeição, o logro de que todos somos vítimas. É só “foguetório” !  Os interesses da população do concelho não a preocupam, embora afirme o contrário, como, mais uma vez, vou demonstrar-lhe.

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Mesmo que não seja em tempo de crise, “migalhas também são pão” e a nossa indignação tem que ser proporcional ao desleixo do actual executivo municipal, cuja responsabilidade lhe pertence integralmente.

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Falo da iluminação do Parque Radical que, por tradição, está acesa durante parte do dia.

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Em Maio de 2010 enviei a V.Exª o mail seguinte:

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«Sistematicamente se apela à colaboração dos munícipes, para bem do concelho. No passado dia 24 do corrente, logo de manhã, numa tentativa de evitar a continuação de um desperdício evidente, liguei o 241 330 105 (apoio ao munícipe) e informei que as luzes do parque radical se acendiam quando o sol ainda vai alto e se apagavam quando o sol já brilha. O meu interlocutor agradeceu muito a informação, que considerou oportuna e útil.

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Hoje, dia 29, a situação mantém-se inalterada e, por certo, assim ficará, pelo menos, até segunda-feira, dia 31.

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Claro que a responsabilidade só é da Presidente da Câmara se souber e não actuar, mas pelos vistos, os serviços respectivos estão de folga.

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Providências e atribuição de responsabilidade, é o que falta.

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Com os meus cumprimentos. Artur Lalanda»

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A situação só viria a ser alterada após publicação, no “Ribatejo”,de uma foto denúncia.

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Em 20 de Fevereiro de 2012, na reunião da Câmara, os vereadores do Oposição reclamaram providências para evitar o sistemático desperdício de energia na iluminação pública.

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Em 16 de Julho de 2012, também na reunião desse dia, voltou a Oposição a lembrar que o Parque Radical continuava iluminado durante parte do dia.

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Em 30 de Julho de 2012, enviei para o munícipe@cm-abrantess.pt o mail seguinte:

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«Senhor Electricista de serviço da C.M.A, Com os meus cumprimentos, informo V.Exª. que, apesar das várias diligências promovidas junto das suas chefias, continua a manter-se a tradição: as lâmpadas que iluminam o Parque Radical, junto ao Castelo, continuam a acender-se, quando o sol ainda brilha. Na qualidade de munícipe pagante, rogo-lhe o favor de verificar o respectivo equipamento de controlo e promover as necessárias alterações. Se não puder efectuar o trabalho dentro das horas normais de expediente, posso dar uma ajuda no pagamento de horas extraordinárias. Renovo os cumprimentos e prometo agradecer-lhe com o meu voto nas próximas eleições autárquicas. Artur Lalanda»

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A minha revolta, dura há dois anos, tempo mais que suficiente para as necessárias providências serem implementadas.

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Já noutra altura afirmei que o Executivo Municipal se “está nas tintas” para os reparos da Oposição, mas não pugnar pelos reais interesses dos munícipes, para não vergar a esses mesmos reparos, incomoda qualquer mortal que paga impostos, ainda que seu apoiante político.

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Ontem à tarde, as lâmpadas do Parque Radical já não acenderam de dia e sabe a sr.ª presidente porquê?  Procurei o electricista municipal, que por acaso se encontrava de férias e pedi-lhe o favor de remediar o assunto, ao que acedeu prontamente.

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Nem por ser tão fácil, a solução esteve ao alcance de muitos a quem ajudo a pagar o vencimento. A imagem de cada um, é o somatório de muitos pequenos nadas.

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Eu tinha vergonha!

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Com os meus cumprimentos

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Artur Lalanda

Pedro Marques Lopes - Diário de Notícias de 29/7/12

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Num artigo no Financial Times, Martin Wolf dizia que até agora não tinha compreendido o sucedido nos anos 1930. Porém, a crise que atravessamos tinha-o esclarecido: "Tudo o que era necessário eram economias frágeis, um sistema monetário rígido, um debate intenso sobre o que deveria ser feito, a crença de que o sofrimento é bom, políticos cegos, incapacidade para cooperar e incapacidade para estar à frente dos acontecimentos." (...)

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O euro está a morrer e com ele muitas outras coisas correm o risco muitíssimo sério de desaparecer. O projecto europeu será o primeiro a perecer. O mais bem-sucedido projecto de cooperação internacional da história, aquele que mais bem-estar trouxe aos seus povos na história da humanidade, o que garantiu o mais longo período sem guerra na Europa, sucumbirá. Cairá pelas razões que Martin Wolf tão bem enunciou, mas resultado também da desconfiança e da falta de cooperação entre parceiros, da incapacidade de corrigir os erros na construção do euro, dos complexos alemães, da cegueira ideológica e da falta de transparência democrática na construção europeia. A democracia cairá logo a seguir: não há democracia que consiga aguentar o colapso económico e social que o fim do euro provocará.

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Eu não pediria grandes políticos nem grandes líderes, apenas um bocadinho de bom senso, mas no momento que atravessamos é o mais escasso dos bens.

05 Ago, 2012

LOUVOR DOS RICOS

Alberto Gonçalves - Diário de Notícias de 29/7/12

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Nos sites da imprensa generalista, a notícia de que Alexandre Soares dos Santos é o novo homem mais rico de Portugal foi em geral recebida com comentários de puro ódio. (...)

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O "valor" de Alexandre Soares dos Santos ronda os 2 mil milhões de euros, pecúlio que, na Suécia, lhe concederia um reles sétimo posto na lista dos multimilionários. O sueco mais abonado possui quase vinte mil milhões. O norueguês mais rico, para continuar em nações de dimensão semelhante, dispõe de cerca de dez mil milhões. O dinamarquês mais rico? Quatro mil milhões. O holandês? Cinco mil milhões. O belga? Três mil milhões.

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A verdade é uma: sem acumulação de capital, a prosperidade não passa de retórica. Portugal conta com os ricos mais pobres da Europa, circunstância que em sociedades política e economicamente abertas traduz o atraso indígena (ou os limites indígenas à referida abertura) e não qualquer indício de progresso. Curiosamente, os "progressistas" de serviço continuam a querer erradicar a escassa riqueza em prol da penúria global com já Salazar sonhava. Bate certo, mas os "progressistas" não batem bem.

04 Ago, 2012

O QUE É O PS?

Vasco Pulido Valente - Público de 28/7/12

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A pobre figura do secretário-geral do PS, como ninguém o nota ou longinquamente se parece importar com o que ele diz, resolveu mandar esta semana aos socialistas uma espécie de carta em que define a "acção política" do partido para o futuro. A carta (ou "mensagem") é muito curiosa. Ao que parece, os fins de António José Seguro são três. Primeiro, "promover o crescimento e reduzir a austeridade". Segundo, "evitar a degradação da classe média, dos mais pobres e das pessoas mais vulneráveis" (por esta ordem). E, terceiro, "preservar o Estado Social". Nada mais louvável; e nada que mostre com mais clareza o bom carácter do homem e, sobretudo, a mediocridade do político. No meio da crise, é às vezes confortador ouvir o óbvio, mesmo que seja rigorosamente inútil.
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Porque enfim, tirando a franja morta e quase esquecida da extrema-esquerda (o PC e o Bloco), que outro político não assinaria sem hesitar o programa de Seguro e que português não concordaria com ele? Mas subsiste um problema. O problema de saber o que distingue hoje, para além do acidental, o PS, o CDS e o PSD? Ou, de outra maneira (um pouco brutal), o que é hoje o "socialismo", quando os próprios moderados do "franquismo" já em 1975 proclamavam intenções que não diferiam muito das do presente PS. Houve um tempo em que o "socialismo" se distinguia. Só que entretanto se aliviou do marxismo (parabéns!) e deixou pelo caminho a "reforma agrária", a nacionalização da indústria e da banca, e até a sua velha ambição de dominar (como insistia o calão da época) os "cumes da economia".
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Agora partilha os fins (Seguro não se refere a métodos) de qualquer conservador. Nem o Estado-Providência é no fundo uma criação dele. Começou com Bismarck e continuou depois de 1947 com a ajuda da democracia cristã por essa Europa fora. O dr. Soares, por exemplo, ainda lamenta o enfraquecimento e a inoperância da "doutrina social da Igreja"; e não se engana. Neste aperto, António José Seguro com certeza que se pergunta com a melancolia que passeia pelo país: "Que raio é que distingue um "socialista" de um PSD ou de um CDS?". E, pelos vistos, não consegue responder porque não existe resposta, fora a tradição familiar, um gosto herdado e - lamento acrescentar - meia dúzia de asneiras longamente estimadas. E, claro, as clientelas, que o partido criou. Com esta matéria, não admira que ele esteja onde está: fora de cena.

Mirante de 2/8/12

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Os vereadores do PSD na Câmara de Abrantes querem que o município “dê a voz pelo Ribatejo e pelos toiros”, solicitando na reunião do executivo de segunda-feira que seja agendada uma proposta de sua autoria que visa declarar a Tauromaquia como Património Cultural e Imaterial de Abrantes. Pretendem ainda que a presidente da Câmara de Abrantes, Maria do Céu Albuquerque (PS), apresente na Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo uma proposta de teor idêntico para que se declare a Tauromaquia como Património Cultural e Imaterial do Ribatejo.

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Santana-Maia Leonardo e António Belém Coelho alegam que “num tempo de pensamento único formatado em que as turbas fascistas nos querem vestir o colete de forças do politicamente correcto”, torna-se “imperioso” que o município marque posição em defesa da festa brava. “A tauromaquia é não só uma das formas de expressão cultural mais enraizadas no Ribatejo como é a sua imagem de marca. Além disso, as touradas são, como toda a gente sabe, o único garante da perpetuação da raça dos toiros e da sua qualidade de vida”, justificam.

02 Ago, 2012

EM DEFESA DA HONRA

Santana-Maia Leonardo - in A Barca

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Temos sido governados, nos últimos anos, pela versão portuguesa da geração "Sexo, Drogas e Rock 'n Rooll". Ou seja, a geração da "realização pessoal". E em nome da realização pessoal, sacrificou-se tudo, até a família e os amigos. A honra foi um valor desprezado, denegrido e totalmente esvaziado por esta geração, ao ponto de praticamente ter desaparecido do nosso vocabulário.

 

Ora, a honra é a trave mestra do edifício dos valores. Não há instituição, comunidade ou sociedade que consiga manter-se de pé sem valorizar a gente honrada. Acontece que, nos últimos 40 anos, ao mesmo tempo que a gente honrada era perseguida, enxovalhada e ridicularizada por esta geração, os "chicos espertos" tomavam de assalto todas as instituições (partidos, autarquias, escolas, tribunais, Assembleia da República, Governo, Presidência da República, etc. etc.) e institucionalizavam, como ideologia da IIIª República, o "chico-espertismo". Estamos, agora, apenas, a colher o que semeámos..  

 

E num país governado por esta canalha, não se podia esperar dos nossos serviços secretos outra coisa a não ser andar a espreitar pelos buracos da fechadura ao serviço de um qualquer "chico esperto". E não sei mesmo o que mais me revolta: se esta geração de "chicos espertos" que implodiu todas as nossas instituições ou a cínica candura dos nossos comentadores que, tendo presenciado à derrocada das nossas instituições, ainda têm o descaramento de pedir ao povo para confiar no regular funcionamento das mesmas.

Paulo Rangel - Público de 31/7/12

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(...) O uso de uma linguagem mais coloquial, informal ou até rasteira põe em causa o respeito devido às funções públicas e aos eleitores em nome dos quais elas são exercidas. (...)

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É, aliás, deveras surpreendente o modo como tanta gente confunde a erudição ou cultura formal com a educação, civismo ou "polimento". A linguagem "popular" - usada pelas camadas com menos instrução e com menos poder social ou económico -, tal como qualquer outro tipo de linguagem, tanto pode ser usada num registo polido como num registo menos cuidado ou até rude.

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Por isso, Marcelo errou o alvo quando, para legitimar a sua indiferença ao registo em causa ("Que se lixem as eleições"), brandiu o exemplo de Jerónimo de Sousa. Jerónimo de Sousa é precisamente um caso de uso consistente da linguagem popular num registo sempre educado...

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O desempenho de funções políticas não tem de ser, como foi outrora, pomposo, solene, grave, sacral ou majestático. E muito menos tem de o ser no quadro de um regime republicano. Mas há-de pautar-se por uma linha irrepreensível de dignidade, de sobriedade e de respeito. E, por muito bem intencionadas ou calorosas que sejam as tiradas num tom mais informal, a verdade é que elas, especialmente em contexto institucional, arriscam-se a pôr em causa esses valores.

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Em democracia, é fundamental que os responsáveis políticos não se esqueçam que falam, não em nome próprio, mas em representação dos seus concidadãos e do interesse geral. Ora, esse vínculo à representação dos outros e ao interesse geral tem de reflectir-se, de um ou doutro modo, no estilo da comunicação.