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Vasco Pulido Valente - Público de 29-9-2013
(...) O sr. Costa acusado da fantástica fraude do Banco Português de Negócios é hoje a única personagem dessa santa façanha, de que a lei, a televisão e os jornais se continuam a ocupar. Ao princípio, uma dúzia de notabilidades pareciam implicadas no assunto. Mas, depois, pouco a pouco, acabaram por se esquecer e conseguiram voltar ao doce conforto do anonimato, com o nosso dinheiro. De qualquer maneira, custa a acreditar que o sr. Costa fizesse pessoalmente e sob sua única responsabilidade afundar o BPN e roubar a quantidade de contribuintes que o banco roubou. Com certeza que o ajudou um considerável número de colegas, com influência financeira e política. E, no entanto, ninguém abre a boca sobre esses beneméritos, que já foram semi-reabilitados e aparecem, como quem não quer a coisa, nos restaurantes de Lisboa e até na sede de um partido.
O Estado tem hoje 12.000 processos contra os devedores do BPN e anda em negociações (suponho que amigáveis) com mais 6000. No meio disto, o sr. Costa é um colaborador ou simplesmente um bode expiatório, destinado a proteger os seus cúmplices e a esgravatar por aqui e por ali uns tostões para o governo? Mas, mais grave do que tudo o resto, porque misteriosa razão, cinco anos depois do "escândalo BPN", os tribunais não o puseram ainda no banco dos réus, com o bando de cúmplices que o serviu? Por medo de revelações que não convêm ao regime ou parte dele? Por dificuldades jurídicas? Por mero excesso de papelada? Nós somos de facto um povo muito manso.
Alberto Gonçalves - DN de 29-9-2013
Antes de mais, a boa notícia: um estudo da universidade inglesa de East Anglia confirmou que a Terra um dia se aproximará demasiado do Sol e nenhuma forma de vida sobreviverá. A má notícia é que esse dia só ocorrerá daqui a 1,75 mil milhões de anos, no mínimo, ou 3,25 mil milhões de anos no máximo. Ou seja, por um lado Keynes tinha razão quando sugeria que gastássemos à tripa forra, já que "no longo prazo", cito, "estaremos todos mortos". Por outro, teremos muito tempo para suportar as consequências de tão desvairada filosofia e a retórica de gente como António José Seguro. (...)
Todos os dias temos alterado a foto do cabeçalho do nosso blogue.
Hoje a foto é de MARIA ISABEL CLARA.
Alberto Gonçalves - DN de 29-9-2013
(...) Em países civilizados, é possível visitar uma cidade, ler sobre uma cidade ou espreitar um documentário alusivo a uma cidade e nem sequer notar a existência do senhor presidente da câmara.
Em Portugal, isso seria tão estranho quanto um vereador balbuciar uma frase que não inclua a palavra "valências". Não há "apontamento de reportagem" acerca de qualquer lugarejo sem depoimento do senhor presidente. Não há jornal local sem 37 fotografias do senhor presidente. Não há procissão de Nossa Senhora dos Aflitos sem a presença do senhor presidente junto da protagonista. Não há instalação instalada em galeria sem autorização do senhor presidente. Não há garrafa de vodca aberta às duas da madrugada sem uma vénia ao senhor presidente, que afinal criou as "condições" para que os súbditos se embriagassem com galhardia.
O senhor presidente, emanação do Estado, encontra-se por toda a parte, numa consumação assustadora das "políticas de proximidade" que o jargão da classe promete "incrementar".
Puro Terceiro Mundo? Obviamente. Ou, se não apreciarem a expressão, herança de séculos de pobreza e dependência, que mantêm o povo petrificado, à espera das migalhas largadas por quem manda.
Editorial do Público de 29-9-2013
O país vai hoje escolher os seus representantes autárquicos num contexto de dúvidas e falta de fé sobre a importância do poder local. Ao contrário do que se dizia há alguns anos, hoje ninguém considera o poder local "a mais preciosa conquista do 25 de Abril" (à excepção do Presidente da República, como constatámos ontem). Ao contrário do que ministros como Jorge Coelho ou Valente de Oliveira disseram e muitos repetiram, hoje ninguém acredita que um euro gasto pelas autarquias rende mais do que dois euros aplicados pela administração central. Nos grandes municípios do litoral ou nos despovoados concelhos do interior instalou-se a ideia de que o poder local se foi esgotando. Que precisa de uma nova missão.
No princípio, a escolha de autarcas em eleições livres foi um poderoso instrumento de afirmação de hábitos democráticos. Depois, chegou o ciclo de infra-estruturação básica do território, no qual se acabou com as aldeias sem electricidade e cidades sem saneamento básico. Com o tempo, as autarquias foram refinando os equipamentos.
Acabado este ciclo que polvilhou o território de pavilhões, piscinas e auditórios, percebeu-se que uma era tinha chegado ao fim. O tempo do investimento material acabou e as autarquias confrontam-se com um problema ontológico. Precisam de ser reinventadas. (...)
José Manuel Fernandes - Público de 27-9-2013
O Tribunal Constitucional constitucionalizou ontem a velha máxima de que "a antiguidade é um posto". A irracionalidade chegou a tal ponto que eu, que tenho defendido que o problema é mais a interpretação da Constituição do que a sua letra, começo a achar que a Constituição é mesmo um obstáculo inamovível no caminho das mais ténues reformas.
Vasco Pulido Valente - Público de 28-9-2013
(...) Os comentadores não gostaram que na campanha não se discutissem as "questões locais", que interessavam à população local. Erro deles. Nenhuma parte da população está interessada em "questões" locais. Na campanha, por detrás das ridículas cerimónias do costume, pairava infalivelmente o espectro da "crise". E esse espectro decidirá tudo.