Santana-Maia Leonardo - Nova Aliança
No dia 20 de Maio de 2009, na qualidade de candidato a presidente da câmara de Abrantes, solicitei uma reunião com o Director Executivo do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Zêzere, que integrava o Centro de Saúde Abrantes, uma vez que estava preocupado com o futuro dos cuidados de saúde nas freguesias do concelho.
Com efeito, como era do conhecimento geral, a falta de médicos era um problema que se ia agravar, em virtude de não existir no mercado médicos para substituir os que iam passar à reforma e os Centros de Saúde do Rossio e de Abrantes funcionavam com manifesta falta de condições (pode ler a notícia em: http://amar-abrantes.blogs.sapo.pt/67262.html).
Após a reunião, apresentei uma lista de medidas e iniciativas que, na minha opinião, o município devia adoptar de imediato, designadamente:
(a) Criar um conjunto de incentivos para que médicos (nacionais ou estrangeiros) e enfermeiros se fixassem no concelho: incentivos de ordem financeira, habitacional e de apoio à educação dos descendentes;
(b) Propor aos órgãos da tutela, através dos deputados do distrito, o aumento do número de enfermeiros e das suas competências, em número suficiente para garantir, em todas a extensões de saúde existentes nas freguesias, profissionais capazes de atender e assistir as pessoas, muito em especial, as mais idosas, e que permitisse um alargamento dos horários de atendimento;
(c) Propor a reorganização dos serviços, de forma a que, por um lado, todas as extensões de saúde tivessem enfermeiros para dar o primeiro apoio às populações que servem e, por outro, fossem criados “centros de saúde integrados” com médicos todo o dia para dar apoio a uma área territorial abrangendo várias extensões de saúde, devendo, no entanto, continuar a ser garantido por médico o apoio domiciliário aos acamados;
(d) Construir um novo Centro de Saúde em Rossio ao Sul do Tejo e garantir a construção no centro histórico (com vista, também, a revitalizá-lo) de um novo Centro de Saúde de Abrantes, devendo o município ceder um edifício, com boa acessibilidade, para a sua instalação, uma vez que o Director do Centro de Saúde garantiu que o ministério era sensível ao financiamento de projectos de adaptação de edifícios;
(e) Criar uma rede de transportes entre as extensões de saúde que não tivessem médicos de família e os “centros de saúde” para onde fossem reencaminhados os doentes.
Na altura, o PS e os ICA desdenharam das medidas propostas, designadamente (I) da construção do Centro de Saúde no centro histórico, tendo até em conta que o edifício da Rodoviária (uma das alternativas sugeridas) estava destinado ao moderno Paços do Concelho, e (II) dos incentivos aos médicos que, segundo diziam, seria ilegal.
As grandes prioridades do município há cinco anos eram o Museu Ibérico, o novo Paços do Concelho da E.S.T.A. até à Rodoviária, o Campus Universitário em Alferarrede, o grande Hotel no Barro Vermelho, o Mega Centro Cultural no edifício do Mercado Municipal e a RPP Solar. Tudo fantasias de Natal! Lembram-se? Ainda não passou assim tanto tempo...
Cinco anos depois, o que era ridículo e disparatado há cinco anos é agora apresentado e saudado com pompa e circunstância. Diz o povo que mais vale tarde do que nunca. Acontece que cinco anos perdidos é uma eternidade no nosso tempo. Para além de agora tudo ser mais caro, doloroso e difícil (desde logo porque vai ter de ser a autarquia a suportar a construção da unidade de saúde familiar), vamos a ver se já não é tarde demais.