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COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

Alberto Gonçalves - DN de 29-7-2014

Após António Costa ter subido ao "país real" e sido insultado com galhardia por algum povo, a PGR abriu um inquérito, Manuel Alegre considerou os incidentes "intoleráveis" e, com a originalidade que o define, o próprio Dr. Costa achou-os "inaceitáveis". (...)

Além da graça natural em tudo isto, a comédia intensifica-se quando se percebe que o escândalo em volta dos acontecimentos de Ermesinde não se deve à lendária ética republicana, que acomete certa esquerda de uma repulsa natural pelo desrespeito. Não, senhor: o problema com a revolta popular irrompe apenas quando a revolta é dirigida contra a própria esquerda.

Por outras palavras, ofender o Dr. Costa é uma vergonha; ofender membros do Governo, ritualmente interrompidos em cerimónias públicas por algazarra e interpretações da Grândola, é um acto de cidadania. (...)

 

29 Jun, 2014

Uma fraude

Vasco PulidoValente - Público de 29-6-2014

Começou tudo mal. António José Seguro não percebeu que, depois da condenação e da “candidatura” de António Costa, nunca mais voltaria a readquirir qualquer espécie de autoridade sobre o partido. António Costa não percebeu que tão perto das legislativas nunca teria força e espaço para tornar o PS num partido maioritário, capaz de se impor à direita por muito que ela se dividisse ou diminuísse. Como as coisas correram, os dois estão condenados, quer venham a perder ou a ganhar a sórdida zaragata interna em que se meteram. E deram os dois prova da sua radical indiferença pela fragilidade da República. Pensaram só, e mal, que o CDS e o PSD lhes davam a oportunidade para tomar conta da política portuguesa. (...)

Pior ainda: as “primárias” são inconciliáveis com a política portuguesa, em que a “classe operária”, apesar do esforço do PC, não produziu uma cultura autónoma e as diferenças das três seitas do “arco governativo” mal se distinguem. Interrompendo as tradições políticas do século XIX, a Ditadura impediu que se formassem e consolidassem as grandes correntes que dominaram a sociedade moderna: o obreirismo, o sindicalismo, o socialismo, o anticlericalismo, o conservadorismo. Em 2014, há talvez um pequeno número de “famílias católicas”. Mas não há famílias socialistas, ou CDS ou PSD. O eleitorado, como geralmente se reconhece, flutua em grosso com os chefes de partido e o rendimento disponível. Costa e Seguro insistem que os participantes declarem a sua “concordância com a Declaração de Princípios” do PS. De que serve isto e que raio de confiança inspira, quando o próprio PS (como, de resto, o CDS e o PSD) é o primeiro a não os respeitar? Que nova fraude nos querem impingir?

29 Jun, 2014

A nova direita

António Guerreiro - Público de 21-6-2014

(...) Trata-se de uma nova direita, que emergiu publicamente em Portugal apenas um pouco mais tarde do que noutros sítios, como acontece geralmente com muitas outras coisas, mas sem ter de transpor quaisquer obstáculos. A sua emergência dá-se sobre as ruínas da esquerda, quando todo o Ocidente virou à direita e se tornou óbvio que a maior parte dos objetivos da esquerda não se conseguiram impor e muitas das suas laboriosas conquistas recuam a grande velocidade, como mostrou um dos primeiros analisadores desta Neodestra, o italiano Raffaele Simone, num livro que teve um enorme eco, mesmo fora de Itália: Il mostro mite. Perché l’Occidente non va a sinistra (...).

A tese de Raffaele Simone — retomando, aliás, ideias que vêm de longe — é a de que o mundo é naturalmente de direita e, por isso, esta, para existir, só precisa de preservar uma posição “naturalista”, enquanto a esquerda é um artifício, uma construção abstracta. As esperanças que ela anuncia representam um resultado contra natura, por isso têm de ser objeto de laboriosa construção política e teórica, projectando-se num horizonte utópico. A esquerda está sempre do lado do devir, da criação de um direito; a direita naturalista preserva direitos constituídos e responde a determinações realistas. Esta nova direita é, pura e simplesmente, um realismo. Por isso é que não precisa de grandes elaborações teóricas e a sua afirmação (...) faz-se privilegiadamente nos media. Esse é o seu ambiente “natural”: o da comunicação, o do divertimento, o da burguesia como classe universal. Ela não precisa de construir um pensamento, só precisa de seguir uma cultura difusa e dispersa, de não interromper o entretenimento, de alimentar o conformismo dos media, de seguir com eficácia a estratégia da sedução, de aproveitar a onda de desculturalização da política que a esquerda superlight decidiu surfar. (...)

Hoje, a questão verdadeiramente pertinente não é verificar, com algum equívoco, que os intelectuais de direita saíram do armário; é perceber que muito dos intelectuais que se afirmam de esquerda e falam em nome dela se converteram a essa cultura difusa da nova direita e aceitaram preencher as quotas de mediatização que esta lhe concede, aceitando um papel protocolar de “representação”. Também eles glorificam o novo realismo. 

Simon Nixon -  Wall Street Journal de 8/6/2014

(...) A divisão é entre uma cultura que privilegia o sector privado e que acredita que o crescimento sustentado depende das exportações e do investimento e, por isso, enfatiza políticas destinadas a garantir mercados abertos e competitivos e leis laborais flexíveis; e uma cultura baseada no sector público e no poder dos sindicatos que acredita que o crescimento depende de colocar mais dinheiro no bolso das pessoas e, por isso, favorece políticas keynesianas assentes num aumento da despesa pública, no encorajamento do endividamento, na protecção dos empregos e em salários crescentes (...)

Guilherme de Oliveira Martins - Público de 21/6/2014

(...) Um melhor controlo externo das Finanças Públicas obriga a articular eficiência e equidade. As regras a cumprir, antes de mais na União Europeia, segundo o Tratado de Lisboa e o Tratado Orçamental, não podem ser confundidas com austeridade constituída em fim em si mesma. Do mesmo modo, tem de haver caminhos diferenciados para reduzir o endividamento e criar riqueza e emprego. Importa compreender que uma redução cega e indiscriminada da despesa pública produziu resultados contrários aos pretendidos.

No fundo, a crise europeia não foi, ao contrário do que se tem repetido, originada pela dívida pública, para pela evolução desregrada e desregulada da dívida financeira e do endividamento global das economias. Salvo no caso grego, e como ficou patente na evolução irlandesa e espanhola, a crise teve como epicentro o setor bancário, a baixa poupança e os créditos contraídos. Os Estados foram chamados a intervir, em nome da confiança, e o resultado foi o agravamento das desigualdades na distribuição de riqueza, a recessão e o aumento das injustiças sociais. As desigualdades afetaram a coesão, reduziram a procura, o que se repercutiu perigosamente no desemprego e na estagnação europeia.

Há, por isso, que corrigir os erros cometidos, assumindo corajosamente a disciplina, o combate do desperdício, a redução da despesa corrente e a realização de investimentos reprodutivos criadores de emprego. É tempo de pôr a justiça e a eficiência no lugar que perderam.

28 Jun, 2014

Presa por arames

Vasco Pulido Valente - Público de 28-6-2014

(...) a Constituição da República nunca foi respeitada.

Desde o princípio que a direita se esforçou por acabar com ela (era essa a intenção última de Sá Carneiro) e que o Partido Socialista a tentou reformar (e até certo ponto conseguiu).

Os portugueses não a conhecem, nem a consideram o documento fundador do regime.

Sendo um híbrido, a que falta um apoio social incontestável e sólido, não admira que numa crise profunda se tornasse numa arma de arremesso das facções.

Além disso, a guerra já estabelecida entre o Tribunal Constitucional e o governo acabou por lhe retirar qualquer espécie de crédito ou deferência. (...)

Seja como for, a República está presa por arames. E o futuro não se recomenda.

TRANSFERÊNCIA DE COMPETÊNCIAS DE GOVERNO CENTRAL PARA OS MUNICÍPIOS

Pedido de esclarecimento do deputado municipal do Bloco de Esquerda

A 2 de Junho do corrente mês, o órgão de informação “Porto Canal” citando a Agência Lusa, divulgou que “A criação de uma escola municipal com um novo modelo educativo desde o pré-escolar ao 12.º ano de escolaridade foi anunciada pela câmara [de Óbidos] em Novembro do ano passado. Para além deste concelho, [Óbidos] há mais seis (Cascais, Matosinhos, Oliveira do Bairro, Oliveira de Azeméis, Águeda, Abrantes, Constância e Famalicão) a negociarem com o ministério projectos municipais.”

Perante esta notícia, perguntamos:

(1) Confirma-se que o município de Abrantes está a negociar com o Ministério da Educação e Ciência uma nova forma de gestão do sistema educativo no Concelho de Abrantes?

(R:Confirma-se as negociações com o Ministério da Educação e Ciência)

(2) Qual o calendário dessas negociações e quais as áreas abrangidas?

(R:O MEC queria que no próximo ano lectivo a CMA já assumisse e implementasse o projecto mas o executivo da CMA não concordou pois as negociações prosseguem. Ainda no dia 11 de Junho a CMA recebeu informação do MEC que está a analisar. As áreas abrangidas ainda não estão definidas. Existem mais municípios a negociar transferências de competências. Na devida altura será tornado público o resultado das negociações.)

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