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COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

29 Set, 2014

A higiene da casa

Alberto Gonçalves - DN de 28-9-2014

À semelhança do que acontece no futebol, em que todos roubam o que podem e só os adversários o fazem com acinte, a moralidade, no país dos partidos e dos fanáticos dos partidos, é questão de perspectiva. Mesmo que se desconfie, ou até se prove, que Fulano desvia fundos comunitários, aceita subornos e nas horas vagas atropela velhinhas por gozo, os seus fiéis estarão sempre prontos a ignorar os deslizes do chefe na medida em que Sicrano, o chefe dos rivais, também escapou a umas multas por estacionamento em 1982 (ou ao atropelamento de velhinhas em 2005).

Vem isto a propósito do "caso" Tecnoforma. (...)

Não pretendo evocar o Freeport, a Universidade Independente, os projectos na Guarda, as escutas do Face Oculta, os apartamentos de Lisboa e Paris e, lá está, as violações do regime de exclusividade parlamentar a fim de relativizar o que apenas os ceguinhos, ou os portugueses, se me permitem a redundância, relativizariam. As alhadas de Pedro Passos Coelho não se desculpam através da culpa alheia.

E a alhada em questão, revelada pela revista Sábado e entretanto assaz popular, resume-se aos 150 mil euros que o Dr. Passos Coelho terá recebido indevidamente entre 1995 e 1999 (por causa da exclusividade do deputado que então ele era) e omitido ao exacto fisco que agora nos consome com sofreguidão. Embora a certeza do crime esteja por apurar, não confortam as garantias de honestidade fornecidas pelo próprio, além dos pedidos ao Parlamento e à Procuradoria-Geral da República para que o ajudem a recordar se recebeu ou não uma quantia que, com sorte, o cidadão médio demora dez anos a ganhar. Por incrível que pareça, residir em Massamá e voar em turística não asseguram a honra de um homem.

Se a história se provasse, não importaria a palavra dada à AR, a baixeza da denúncia anónima, a estabilidade, o futuro, o passado de trapalhadas que outros cometeram: o Dr. Passos Coelho deveria demitir-se. Mas não se demitirá, visto que os obstáculos do costume impedem que se saiba a verdade e a verdade não preocupa o eleitorado, que já condenou ou absolveu o primeiro-ministro de acordo com antipatias ou simpatias prévias. Quem hoje exige a queda do Dr. Passos Coelho defendia ontem o radioso currículo do Eng. Sócrates contra a "cabala". E quem ontem atacava o descaramento do Eng. Sócrates apoia hoje a firmeza do Dr. Passos Coelho. A política é suja porque o País não é muito limpo.

Alberto Gonçalves - Público de 28-9-2014

De vez em quando, regressa a ofensiva. Agora foi o físico britânico Stephen Hawking a proclamar, com vasta repercussão, que Deus não existe. Mesmo para um ateu como eu, ou sobretudo para um ateu, estas batalhas de certo ateísmo para aborrecer os crentes são um nadinha tontas. Pelos vistos, há por aí imensa gente a quem não basta não acreditar numa entidade divina: dá-se a uma trabalheira para converter os outros à sua falta de fé. Um ateu a sério não perde um minuto a pensar na existência ou na inexistência de Deus. Aparentemente, os ateus militantes perdem boa parte da vida a pensar nisso. O fervor deles é religioso. (...)

Qualquer dia, no frenesim de espalhar a palavra contra o Senhor, os evangélicos da descrença batem--me à porta de casa. E eu não abro.

João Marques de Almeida - Observador de 27-9-2014

Em 2003, quem diria? Dois Presidentes socialistas, e um deles francês, a enviarem aviões para bombardear o Iraque. Ainda se lembram? As manifestações nas ruas de Lisboa e de outras cidades europeias onde os dirigentes socialistas – em Portugal, aquela dupla magnifica, Ferro Rodrigues/Paulo Pedroso – marchavam de braços dados com os camaradas do Bloco de Esquerda contra a guerra na Iraque e a Cimeira dos Açores (agora, nem foi necessário fazer qualquer Cimeira). E recordam-se dos argumentos a defender o “direito internacional” e a “legalidade das decisões do Conselho de Segurança”. Onde está a Resolução a permitir os bombardeamentos da dupla, Obama-Hollande, que substituiu a velha amizade entre Bush e Blair? E as “marchas pela paz”?

Devo dizer – e não tenho nada de socialista – que apoio os bombardeamentos dos socialistas. (...)

Os combatentes do ISIS, tal como aqueles que cometeram os ataques do 11 de Setembro de 2001, querem matar-nos. E muitos deles nasceram e viveram em cidades europeias. Como mostra um estudo recente de um instituto norueguês, a maioria dos islâmicos radicais alemães, belgas, britânicos, espanhóis, franceses, holandeses e italianos, está disposta a cometer ataques terroristas quando um dia regressarem aos “seus” países. E esta motivação explica, em grande medida, a decisão para fazer os ataques aéreos.

Tal como em 2003, é fundamental para a nossa segurança manter os terroristas ocupados em conflitos longe das nossas cidades. Nenhum governo o admite em público, mas esta é a principal razão das guerras no Afeganistão, no Iraque (em 2003 e agora) e também na Síria. Os nossos inimigos, aqueles que nos odeiam e que nos querem matar, devem estar ocupados em territórios bem longe dos nossos. Não é agradável, pois não? Não é. Mas ninguém escolhe o mundo em que vive ou em que governa. Perguntem ao Obama e ao Hollande.

A frase é de Jean-François Revel (“Só há um regime soberanamente bom: o regime comunista. Foi, por isso, que matou mais de 100 milhões de pessoas.) e a foto é da Douro e da autoria de Rui Videira.

As fotos da coluna lateral são de: Isilda Inês (Penela), Gladys Fonsêca (Praia da Rocha) e Michal Mackowiak (cabo da Roca).

28 Set, 2014

Um antigo sonho

Vasco Pulido Valente - Público de 28-9-2014

Eça, peço desculpa de o citar, dizia que Portugal era uma espécie de França, traduzida em vernáculo ou em calão. Os Maias, coisa que pouca gente tem percebido, são o romance da nossa irresistível tendência para a imitação e do fracasso a que sempre levou. A última conversa entre Ega e Carlos trata do destino dos sapatos franceses quando chegam a Lisboa. E a primeira, no consultório de Carlos, sobre uma civilização importada, que nos fica “curta nas mangas”.

Nada disto é estranho. (...)

No “25 de Abril”, evidentemente, Portugal queria como a França copiar a revolução de Lenine e ascender depressa à prosperidade do Ocidente. A esquerda penava  quase exclusivamente pelo marxismo académico francês. As massas prendiam os capitalistas mais notórios.

Como se sabe, a França pouco a pouco enfraqueceu. É hoje uma potência menos que média; perdeu a sua supremacia cultural (que vinha do século XVIII); e já não interessa seriamente ninguém. Mas deixou uma herança envenenada, a “Europa”, montada por um francês, o sr. Delors, à imagem da burocracia francesa. A grande ambição de Portugal mudou: agora só pensava em ser “como na Europa” ou, pelo menos, “como a média da Europa”. Não ocorreu a Soares, nem a Cavaco, nem ao cristianíssimo eng. Guterres que o país não tinha os meios desta simpática ambição. E assim nasceram auto-estradas, o papel social do Estado (que não acaba na saúde, na educação, e nas reformas) e 700 mil funcionários públicos para atender às necessidades dos portugueses. Não, não gastámos de mais. O que fizemos foi seguir a nossa natureza e os desejos de gerações que se perderam na obscuridade e na frustração.

 Desporto em Abrantes - Edição nº 24 - Setembro de 2014

Octávio Vicente foi 41º no Campeonato do Mundo de Triatlo Cross (prova de Elite). A competição disputou-se no dia 16 de Agosto, em Zittau (Alemanha), tendo o atleta ficado a 42m09s do vencedor, o espanhol Ruben Ruzafa.

Uma semana antes (9 de Agos-to), o atleta havia alcançado o terceiro lugar no seu escalão, no XTerra da República Che-ca.

27 Set, 2014

Os Vencidos da Vida

— E que somos nós? — exclamou Ega. — Que temos nós sido desde o colégio, desde o exame de latim? Românticos: isto é, indivíduos inferiores que se governam na vida pelo sentimento, e não pela razão... (Eça de Queirós, Os Maias)

«Paris fez a Revolução, Londres deu Shakespeare, Viena deu Mozart, Berlim deu Kant, Lisboa... deu-nos a nós – que diabo!»

Os Vencidos da Vida (com excepção de António Cândido) fotografados por Augusto Bobone em 1889, no jardim da casa do conde de Arnoso, na Rua de S. Domingos à Lapa: marquês de Soveral (Luiz Pinto de Soveral, 1850-1922), Carlos Lima Mayer (1846-1910), conde de Sabugosa (António José de Mello Cezar de Menezes, 1854-1923), Oliveira Martins (1846-1894), Carlos Lobo d’Ávila (1860-1895), Eça (1845-1900), Ramalho Ortigão (1836-1915), Guerra Junqueiro (1850-1923), conde de Arnoso (Bernardo Pinheiro Correia de Mello, 1855-1911) e conde de Ficalho (Francisco Manoel de Mello Breyner, 1837-1903)

Desporto em Abrantes - Edição nº 24 - Setembro de 2014 

Raquel Lalanda, da Casa do Benfica em Abrantes, venceu a competição feminina da Corrida da Praia Norte (Peniche), realizada no dia 10 de Agosto. A atleta repetiu a vitória do ano passado.

Agostinho Guedes - Público de 18-9-2014

(...) O poder fundamental de escolher e concretizar, através das leis, os valores fundamentais da sociedade portuguesa pertence ao Povo; esse poder é delegado nos representantes eleitos (art. 147.º CRP).

Assim, cada lei traduz uma certa ideia de justiça, que os tribunais devem respeitar na resolução dos conflitos que lhes são apresentados. Não podem os juízes resolver litígios segundo a sua ideia de justiça, pois tal violaria o princípio da separação de poderes (art. 111.º CRP) e, acima de tudo, a regra fundamental de que cabe ao povo definir o que é justo.

A função do TC é assegurar que as leis (concretização de certo valor fundamental feita pelo legislador, através de uma lei) está dentro dos limites desse valor tal como este aparece consagrado na CRP e não ofende outros valores constitucionais.

Quando o TC declara uma lei inconstitucional em nome de um “Princípio da Confiança”, que não está consagrado em qualquer norma da CRP, está a inventar valores constitucionais, ultrapassando os limites da sua competência e violando a mesma CRP – aliás, com este fundamento o TC pode declarar a inconstitucionalidade de qualquer lei.

Assim, tanto faz ter esta Constituição, outra ou nenhuma, porque o resultado será sempre o mesmo.