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COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

Editorial do Público de 28-3-2015

O caso das listas VIP poderá ter consequências institucionais particularmente graves. E a ministra das Finanças, que, já deu para perceber, tem enormes (e legítimas) ambições políticas, está a levar a defesa do seu secretário de Estado para um terreno complicado e, sobretudo, perigoso.

Senão, vejamos.

Ontem, Maria Luís Albuquerque apresentou-se perante a comissão de Economia e Finanças com o seguinte guião: está tudo bem na Autoridade Tributária, este caso é circunscrito a uns poucos funcionários que exorbitaram das suas funções e que por isso devem ser punidos.

Quanto às consequências políticas a retirar do assunto, a ministra responde com a “autonomia da administração pública”, gene que nunca constou, não consta, nem constará tão cedo do ADN dos serviços do Estado.

Conclusão: só os funcionários serão penalizados. Ora isto significa acabar com a responsabilidade política, que é o mesmo que dizer institucionalizar a inimputabilidade dos governantes. É aí que se quer chegar?

Clara Viana - Público de 27-3-2015

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Foi sem aviso prévio que, nesta sexta-feira, Paulo Guinote decidiu pôr fim a um dos blogues mais lidos na área da educação.

Nome: A Educação do Meu Umbigo, criado em 2006 por este professor do 2.º ciclo, primeiro responsável por um fenómeno que atingiu o auge durante os anos de Maria de Lurdes Rodrigues como ministra da Educação – a contestação docente passou também a fazer-se, e muito, nas redes sociais e não só nas manifestações de rua convocadas pelos sindicatos.

Agora, Paulo Guinote cansou-se. “O blogue tal como existiu e é conhecido parou a 25 de Março e à partida não será retomado. No espaço que ocupou permanecerá como ficou”, disse ao PÚBLICO. Com uma fotografia de uma mira técnica, daquelas que antes davam conta de uma avaria na televisão.

Guinote conta que esta era uma decisão que andava a adiar desde Novembro, porque havia sempre mais uma coisa para dar conta e polemizar, como a municipalização da educação que o ocupou nestes últimos tempos de blogosfera. Na quinta-feira o Governo anunciou que estavam concluídas as negociações com 13 municípios para avançar com uma experiência-piloto nesta área. No dia seguinte Guinote pôs ponto final no Umbigo, o nome como era conhecido o seu blogue entre fãs, inimigos e rivais. (...)

Mas entre as razões que aponta para o fim do seu blogue está esta: “Já não existe um espaço para um debate sério e plural. O que se pensa estar a ser debatido afinal já está decidido e existe um consenso que se adivinha para o próximo Governo, seja este do PS ou do PSD”. Decidiu não alinhar mais no que classifica uma “coreografia do fingimento”.

Mas não se fartou apenas dos partidos ou dos sindicatos. Cansou-se também do fosso entre o que se escrevia na blogosfera e o que se fazia nas escolas. “A certa altura comecei a sentir que os professores descarregavam a sua frustração nos comentários que escreviam no Umbigo e noutros blogues e que nas escolas não intervinham”. (...)

Santana-Maia Leonardo - Diário As Beiras

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A aprovação pelo Governo do mapa com os 164 municípios em risco de desertificação é o reconhecimento público da concretização do grande desígnio nacional que mobilizou os sucessivos governos da IIIª República: a transformação da A1 na verdadeira fronteira de Portugal. A reforma do mapa judiciário, como eu aqui escrevi, não deixava, aliás, margens para dúvidas sobre quais as fronteiras de Portugal para o actual Governo.

E quanto aos alegados privilégios especiais que estes 164 municípios irão ter no acesso aos fundos estruturais no período até 2020, só nos traz à memória a distribuição das verbas dos direitos televisivos pelos clubes da I Liga. Os presidentes destes 164  municípios  comportam-se, de  resto, como os presidentes dos pequenos clubes da I Liga que, sem adeptos, vão enganando o estômago com as migalhas que vão caindo da mesa. Lisboa sempre alimentou o ego e as rivalidades destes micro-clubes/municípios porque é a sua pequenez que garante o poder imperial de Lisboa.

Não há benfiquista que não se orgulhe de jogar em casa em todos os campos deste país. É, aliás, o único grande clube europeu que se pode gabar disso, porque todos os outros apenas jogam em casa nos seus estádios. Mas a explicação não está na grandeza do Benfica, mas no facto de os estádios onde o Benfica vai jogar serem de clubes sem adeptos. Porque, se tivessem adeptos, como sucede em Inglaterra, Espanha ou Alemanha, o Benfica, por muitos adeptos que tivesse, tinha de se contentar com a pequena percentagem de bilhetes para a equipa visitante.

O futebol espelha o enorme desequilíbrio que existe entre Lisboa e o resto do país. Enquanto os clubes de Lisboa (Benfica + Sporting) têm mais de 70% dos adeptos portugueses, os clubes de Madrid (Real + Atlético) não chegam aos 25%. E enquanto Benfica, Sporting e Porto têm mais de 95% dos adeptos, Real, Atlético e Barcelona têm menos de 40%. E, saliente-se, o campeonato espanhol é considerado um dos mais desequilibrados da Europa mas quando se compara com o português….

E mesmo relativamente ao FC Porto, as elites de Lisboa ainda se sentem incomodadas com este intruso, uma vez que, na sua óptica, o campeão nacional deveria ser obrigatoriamente um dos grandes de Lisboa.

O poder de Lisboa, seja na política, seja no futebol, não está na disposição de levar a cabo qualquer reforma estrutural que implique abrir mão dos recursos humanos e financeiros necessários para equilibrar o país. Pelo contrário, todas as reformas que PS e PSD anunciam para a próxima legislatura visam precisamente reforçar o poder de Lisboa e Porto, como é o caso dos círculos uninominais, da regionalização e do reforço das competências dos municípios. As reformas que mais duramente atingem as regiões mas pobres são sempre feitas com o argumento de que as vão favorecer, como foi o caso do mapa judiciário. E é isto que devia ser denunciado nos jornais e nas televisões nacionais e que só não é porque todos os jornalistas e comentadores da política nacional são iguaizinhos aos comentadores dos programas desportivos. Ou seja, são adeptos dos grandes de Lisboa e Porto.

Um território com oito milhões de habitantes é uma pequena cidade. Acontece que os sucessivos Governos, em vez de governarem Portugal como se fosse uma cidade, governam Lisboa como se fosse o país.

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