O burocrata
Sou funcionário sem hab’litações
Numa repartição aqui do Estado,
Vou até ao café, chego atrasado,
Dou cabo dum cigarro e dos pulmões.
São bem difíceis todas as questões
Para quem está, como eu, mal informado
E pergunto ao colega ali do lado
Que, por não saber, dá-me sugestões.
O público, se tem pressa, que aguente,
Vendo esta cara linda e enfadada
Com que eu atendo sempre toda a gente.
Do que eu gosto mesmo é da papelada
E de poder faltar sem estar doente...
Isto é, de trabalhar sem fazer nada.
Ponte de Sor, 3 de Novembro de 2005