O empregado
Não sou trabalhador mas empregado,
Que isso de trabalhar também faz mal,
Faz doer o costado, é anormal,
Transforma a nossa vida em triste fado.
Se o meu patrão não vê, fico parado,
Depois eu vou cagar, ler o jornal,
Um intervalo mais e coiso e tal,
E o dia de trabalho está passado.
A minha empresa está de pés prà cova:
Não vende, não produz e não factura.
Que merda de patrão! Que bela sova!
Só já peço trabalho com fartura,
Agora que o perdi. Que dura prova!...
(Com gente desta, o país não tem cura.)
Ponte de Sor, 4 de Novembro de 2005