Prece
A D. Afonso Henriques
Pai, olha-nos de frente
E devolve a esperança
A esta gente
Que ingloriamente
Desbaratou a tua herança
Amã, 23 de Julho de 2000
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A D. Afonso Henriques
Pai, olha-nos de frente
E devolve a esperança
A esta gente
Que ingloriamente
Desbaratou a tua herança
Amã, 23 de Julho de 2000
Se toda a gente a reconhece como a profissão mais antiga do mundo, mal se percebe porque não está legalizada no nosso país. Tanto mais quando é a única profissão que, tendo evoluído muito pouco desde o tempo das cavernas, tem sempre mantido uma procura elevada. Ora, tecer considerações de ordem moral sobre uma profissão com este currículo e esta implantação cultural na história da humanidade, fazendo já parte do nosso ADN colectivo, parece-me manifestamente idiota. Contra factos não há argumentos.
A situação que se vive hoje em Portugal, neste campo, é bem reveladora da hipocrisia em que o nosso povo sempre gostou de viver. Por um lado, permite-se a prostituição; por outro, proíbe-se a existência de casas que vivam da prostituição. Ou seja, não é proibido uma mulher vender sexo à beira da estrada, onde o único cuidado de higiene é um rolo de papel higiénico e onde está sujeita a ser roubada, maltratada e violada. Mas é proibida a existência de casas de sexo licenciadas, onde as mulheres podem ser controladas pelos serviços sociais, de saúde e pela polícia, para além de estarem muito mais protegidas.
E não se pense que há uma terceira via, porque não há. A escolha é apenas entre uma situação e outra. É óbvio que uma profissão que já vem do tempo das cavernas não se acaba por decreto-lei. Aliás, mantendo esta profissão a procura que todos os dados estatísticos confirmam, tal só pode significar que se trata de uma profissão essencial para o próprio equilíbrio da comunidade. Que ninguém duvide de que a proibição absoluta da prostituição com a perseguição e repressão efectiva de prostitutas e clientes poria em risco a paz social e seria um foco permanente de tensões. O sexo é muito mais importante do que o que as pessoas (algumas) pensam. E infelizmente há demasiada gente que não tem outra possibilidade de satisfazer as suas necessidades sexuais e afectivas que não seja desta forma.
Não tenho, no entanto, qualquer dúvida de que grande parte das mulheres que se dedica à prostituição, preferia ter outra profissão, desde que ganhasse o mesmo, bem entendido. Agora o que é difícil é, com as suas habilitações, arranjarem um emprego onde ganhem mais de três mil euros por mês, que é o que ganha, em média, uma prostituta vulgaríssima que trabalhe uma ou duas horas por dia. Porque andar a lavar o chão e as casas de banho, quarenta horas por semana, a troco do salário mínimo nacional, isso, elas não querem.
E há mesmo prostitutas (as de top) que auferem mais de dez mil euros por mês, chegando a cobrar duzentos e cinquenta euros por saída e mais de quinhentos euros por noite. E se pedem isso aos clientes é porque há quem pague. Experimentem lá oferecer a uma mulher destas o emprego honrado de mulher-a-dias ou de empregada de mesa para ver se ela aceita?
Para já não falarmos de outro tipo de prostituição… Ou alguém acredita que é por amor que mulheres bonitas e jovens namoram, casam e aceitam ir para a cama com velhos milionários?
Além disso, num tempo em que o sexo deixou de ser tabu, não percebo a relutância que existe em haver pessoas que cobrem alguma coisa por isso. O problema é delas, desde, evidentemente, que o façam de livre vontade e que não seja uma opção para fugir à miséria. Ao Estado deve caber apenas regulamentar a actividade de forma a proteger a saúde pública e a evitar a exploração sexual e o tráfico de mulheres, assim como a fuga aos impostos de uma actividade altamente lucrativa.
Fevereiro de 2007
Viseu, 28 de Dezembro de 1999
Procuro a alma gémea neste bar
Entre gente das artes e vivida
Procuro-a que a minha anda perdida
Vagueando pelas serras a penar
Embalo-me no meu canto a sonhar
Com princesa de história nunca lida
E divago, revolvo a minha vida
Enquanto os observo a conversar
Afinal que bar é este, senhores,
Que reúne entre a sua vasta gente
Poetas, escultores e pintores?
O seu nome é tão óbvio que não mente
E fácil de fixar se tu lá fores
Ninguém o adivinha? Obviamente
Defender a descriminalização do consumo de droga com base no argumento piedoso de que o consumidor é vítima ou de que, na prática, o consumo de droga já estava descriminalizado, pelo simples facto de já ninguém ser preso por esse motivo, é bem revelador da cegueira e da hipocrisia dos tempos em que vivemos.
Em primeiro lugar, se o consumo de droga, na prática, já estava descriminalizado, reconhecendo toda a gente, no entanto, que o mesmo continua em expansão, seria lógico concluir que não é na descriminalização que está a solução.
Em segundo lugar, não é verdade que os consumidores não sejam, nem continuem a ser presos. Pelo contrário. O que sucede (e o que sempre sucedeu) é que, com a descriminalização do consumo, os consumidores continuam a ser presos da mesma forma, não já na fase da iniciação, mas quando já se encontram numa fase adiantada de dependência da droga. E com uma agravante: é que o consumidor, quando chega à fase de ser preso (por roubo ou por tráfico), para além de estar totalmente dependente da droga, já deixou atrás de si um rasto de destruição de consequências irreparáveis.
Na verdade, ao contrário do que apregoa a moral oficial, os principais responsáveis pela divulgação e expansão do consumo de droga são os consumidores e não os traficantes.
Com efeito, os consumidores, quando chegam a determinado patamar de dependência da droga, não têm alternativa: ou são ladrões ou traficantes. Uns roubam para comprar droga, outras vendem-na para poderem consumir. E se algum dos nossos filhos, algum dia, se iniciar no consumo de droga, podem ter a certeza de uma coisa: não vai ser um traficante que o vai obrigar a consumir, mas um amigo consumidor que o vai pressionar a experimentar.
Também, neste campo, os nossos governantes têm revelado a mesma falta de firmeza que caracteriza os pais modernos na sua relação com os filhos. E inevitavelmente não poderão deixar de ter os mesmos resultados.
No entanto, para o Governo (e para os modernaços), a bondade de uma medida é sempre avaliada pela bondade do princípio que a impele e nunca pelo péssimo resultado que causa. E são já cada vez mais os que defendem as salas de chuto e o fornecimento gratuito pelo Estado da droga aos toxicodependentes, como meio para acabar com os assaltos e combater a criminalidade.
Trata-se, sem sombra de dúvida, de uma medida bastante inteligente. E já estou mesmo a imaginar, num futuro mais próximo do que supúnhamos, a Cimeira de Lisboa dos países produtores de droga, à semelhança das que fazem os países produtores de petróleo, para decidir se a produção há-de ou não aumentar por forma a provocar uma subida ou descida do preço do produto. Resolvido o problema dos consumidores, seria a vez de os governos e das economias dos países ocidentais ficarem toxicodependentes das decisões tomadas nestas reuniões.
É claro que este problema podia ser facilmente resolvido. Bastava tão-só que a União Europeia começasse também a produzir droga. Os governos podiam mesmo promover e incentivar a sua produção, quer para consumo interno, quer para exportação, criando, designadamente, linhas de crédito bonificado para jovens agricultores que quisessem iniciar-se na produção de droga ou para agricultores que quisessem reconverter as suas explorações agrícolas. A União Europeia podia mesmo subsidiar cada quilo de heroína ou cocaína produzida.
Além disso, e é bom não esquecer, a droga tem uma grande vantagem sobre todas as outras culturas: não necessita de quotas. Com efeito, é a única cultura conhecida em que o número de consumidores cresce na proporção dos hectares cultivados. E quando chegarmos a este dia, todos vamos poder dizer com orgulho: «fumar um charro é dar de comer a dez milhões de portugueses».
Maio de 1998
Leipzig, 4 de Agosto de 1999
"O Inferno são os outros" (J.P. Sartre)
Aparece-me todos os dias
Com todo o seu esplendor de loucura
E fantasias
Autêntica, pura
Imaculada
Entre as duas e as quatro da madrugada
Excepto (evidentemente)
Aos sábados, domingos e feriados
Dias em que, por haver demasiada gente,
Se recusa a aparecer por estes lados
«Respeito os homossexuais, mas detesto os maricas». Foi, desta forma lapidar, que Agustina Bessa-Luís se definiu, em entrevista recente ao jornal Sol. Partilho a mesma opinião.
Os gays são a versão homossexual dos machões. Tal como os machos latinos, não só estão convencidos de que a sua orientação sexual os torna os maiores do mundo como fazem questão de exibir publicamente esse seu convencimento. E se hoje a figura ridícula e imbecil dos machos latinos, ostentando pelos lugares públicos os seus troféus de caça e narrando de forma alarve as suas proezas, se encontra em vias de extinção, os seus congéneres gays, pelo contrário, estão em plena expansão, com direito a cobertura e promoção nos órgãos de comunicação social tal como o macho latino teve noutros tempos.
Acontece que, enquanto o macho latino se contenta em propagandear os seus feitos, os gays gostam de expor publicamente a sua vida íntima e a dos outros. Ora, era bom não confundir o direito de cada um à sua sexualidade com a obrigação de todos termos de conhecer a vida sexual de cada um. Além disso, os gays partilham com o macho latino o particular prazer de humilhar e enxovalhar publicamente as pessoas que praticam actos homossexuais. Aliás, o simples facto de reduzirem as pessoas àquilo que fazem na cama já é, só por si, revoltante, como se isso fosse um factor relevante e determinante para a vida social do indivíduo.
Hoje, um político que pratique actos homossexuais quase que se vê obrigado a confessar publicamente a sua homossexualidade sob pena de viver sob chantagem permanente da comunidade gay. Ora, isto é totalmente inadmissível. Cada um tem o direito de ter e defender as suas opiniões e convicções, independentemente da sua orientação sexual.
Ainda há pouco tempo um senador americano, porque era contra o casamento dos homossexuais, foi, claramente, forçado, pelo lobby gay, a confessar em público que era homossexual. Então uma pessoa que pratica actos homossexuais não pode ser contra o casamento de pares homossexuais? Ou será obrigatório uma pessoa que gosta de beber uns copos ser contra a lei que proíbe a condução sob o efeito do álcool?
Depois, se repararem bem, os gays nunca são incompetentes. Se um patrão despedir um gay, nunca é por ser incompetente mas por ser gay. Aliás, é impossível um gay ser incompetente, medíocre ou imbecil. Um gay é um ser superior como eles gostam, aliás, de demonstrar pela lista escolhida a dedo de artistas, pensadores e homens ilustres que eram, são ou, pura e simplesmente, acham que foram homossexuais, como se a sua sexualidade fosse um certificado da sua genialidade.
Finalmente, acho absolutamente ridículos os exibicionismos públicos dos gays destinados a escandalizar o cidadão comum. O primeiro passo para que nos respeitem, é respeitarmos os outros. E o respeito pelas minorias não faz, obviamente, com que as maiorias deixem de ter direitos ou de ser maioria. Ou será que o respeito pelos direitos dos naturistas e dos nudistas implica que não nos oponhamos a que um juiz ou um professor, praticantes da modalidade, possam presidir a uma audiência de julgamento ou dar uma aula em pelota?
Novembro de 2007
Leicester City Football Club, Eléctrico Futebol Clube e Cruzeiro Esporte Clube são três clubes que têm a raposa como mascote.
Para se perceber o que significa o FC Barcelona, temos de conhecer a história do clube nos anos da ditadura de Primo de Rivera, da guerra civil e do franquismo, quando se tornou num clube integrador e lutador, colocando-se do lado das causas justas e da democracia.
Em 1925, o presidente fundador do Barça, o suiço Hans Gamper, é inabilitado para sempre de pertencer aos órgãos directivos do clube, por imposição do ditador Primo de Rivera.
O grito "Visca el Barça!" é proibido e, durante a férrea ditadura franquista, o FC Barcelona é obrigado a mudar o nome para CF Barcelona (espanholização do nome), a alterar o emblema (eliminação das quatro barras da bandeira catalã) e o nome "Barça" é proibido.
Enquanto o mítico presidente do Real Madrid Santiago Bernabéu era um ultraconservador que lutou ao lado dos franquistas, tendo participado, inclusive, no cerco a Barcelona no final da guerra civil, o presidente do Barça Josep Suñol é fuzilado, no dia 6 de Agosto de 1936, quando rebenta a guerra civil, por soldados franquistas.
Durante a ditadura franquista, o FC Barrcelona converteu-se, praticamente, no único veículo de protesto contra a ditadura.
E é precisamente este passado histórico do Barça que leva o presidente Narcis de Carreras, no seu discurso de 17 de Janeiro de 1968, a proferir a frase que se tornou no lema do clube: "O FC Barcelona é algo mais do que um clube de futebol."
Visca el Barça!