Os milhões pe(r)didos do Banif
(...) “Piloto, Carlos Saraiva vivia nas nuvens. Projetava, construía e geria os hotéis que inaugurava país fora, Continente e Madeira.
Pequeno pormenor. O dinheiro que investia não era dele mas de centenas de fornecedores e dos depositantes dos bancos: BES, BCP, Banco Popular e Banif. Saraiva soube distribuir o risco. No total, foi buscar mais de 1000 milhões de euros.
Só um ano depois deste ensaio sobre o luxo, é que os bancos e os fornecedores que financiaram Carlos Saraiva percebem que tinham sido protagonistas de um ensaio sobre a cegueira.
Em 2012, os bancos assumem o controlo e a gestão dos ativos do império CS.
Em 2013 as empresas de Carlos Saraiva submetem-se a um plano especial de revitalização.
E eis chegado o momento dos fundos de recuperação. Para se libertarem de um negócio que não lhes pertence, os bancos venderam o património de Carlos Saraiva à ECS Capital.
No final de 2014, a ECS criou uma marca chapéu para dez hotéis que eram de Carlos Saraiva, a 'Nau, Hotels & Resorts'. O negócio, comprado em saldo e libertado do peso das dívidas, voltou a gerar receita.
Carlos Saraiva, que abrira as portas da SIC ao ensaio sobre o luxo, fechou-as a este ensaio sobre a cegueira.
Saraiva deixou apeados fornecedores e carregou negativamente no balanço dos bancos.
A queda do BES e do Banif, que direta ou indiretamente o país tem de pagar, foi feita destes empreendedores visionários.
Nos 1850 metros de pista do aeródromo de Ponte Sor podem aterrar e levantar os Air Bus A320 ou os Boeing 737. Podem, mas não aterram, nem levantam.
O projeto custou cerca de 30 milhões a uma autarquia com cerca de 17 milhões de orçamento anual.
Hugo Hilário, Presidente da Câmara de Ponte de Sor, dispara o argumento dos postos de trabalho para explicar a aposta milionária. "Até ao momento já aqui trabalham 200 pessoas e ate ao verão mais 100", justifica. Ou seja, no aeródromo de Ponte de Sor cada posto de trabalho efetivo custou 150 mil euros.
A maior empresa do aeródromo é a escola de pilotos, propriedade do grupo 'G AIR'. O cérebro chama-se Carlos Saraiva.
Depois do 'percalço' de 1000 milhões de euros nos hotéis, o empresário regressou às nuvens.” (...)