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COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

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"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

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Santana-Maia Leonardo - sócio 694 do Vitória FC

Eis uma forma inteligente de dar carisma ao Vitória. O Vitória precisa urgentemente de referências que façam com que se sinta orgulho de ser vitoriano.

Ser benfiquista ou sportinguista advêm da cultura tão portuguesa do "Maria vai com as outras", "ser do que ganha", "ser do maior". (Se a presunção e o ridículo matassem...)

Ser portista já tem uma vertente diferente: tem a ver com um sentimento fortemente regionalista e bairrista da cidade do Porto.

Ser do V. Guimarães é ter orgulho em ser da cidade fundadora de Portugal. Este é, aliás, um registo muito próximo daquele que um clube como o Vitória devia procurar encontrar.

Com efeito, o Vitória, das duas uma: ou consegue também encontrar um registo próprio, distintivo e mobilizador que seja incompatível com qualquer simpatia por Benfica, Sporting ou Porto ou está condenado a ser aquilo que é hoje, um clube de segundas escolhas. Ou seja, aquele clube cujos sócios desejam que ganhe desde que não jogue com o seu verdadeiro clube.

Ora, clubes deste tipo são, quanto muito, associações recreativas para jogar às cartas e entreter os associados, mas não são verdadeiros clubes de futebol com a mística distintiva que caractetiza hoje as tribos do futebol.

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O recente endurecimento das medidas repressivas relativamente aos infractores do Código da Estrada deixaram-me estupefacto. Não é verdade que, nos últimos anos, todos os governos têm sistematicamente agravado as medidas repressivas aos infractores das regras estradais e despendido cada vez mais verbas com a fiscalização? E não é verdade que, apesar do aumento das medidas repressivas e da fiscalização, os acidentes continuam a atingir números elevadíssimos?

Por que razão insiste, então, o Governo em aumentar a panóplia de medidas repressivas, em vez de reconhecer, tal como já se fez relativamente à toxicodependência, que essas medidas não só não resolvem nada como ainda têm ajudado a agravar o problema?

A culpa dos acidentes, ao contrário do que alguns espíritos mais retrógados pretendem fazer crer, não é dos “bebedolas”, nem dos “aceleras”. Estes, no fundo, são doentes. Os primeiros estão viciados no álcool, os segundos na adrenalina. Os únicos e verdadeiros culpados dos acidentes são os vendedores e os fabricantes de automóveis que tentam, por todos os meios, impingir a pessoas carentes e desprotegidas máquinas cada vez mais potentes. Ora, eram estes que o governo devia perseguir e punir severamente.

Quanto aos “bebedolas” e aos “aceleras”, em vez de os perseguir e reprimir os seus comportamentos, o Governo devia adoptar medidas idênticas às que tomou relativamente aos toxicodependentes. Ou seja, deviam ser criadas as «estradas-de-prego-a-fundo», equipadas com morgues, cemitérios e centros de saúde, para que os automobilistas que são incapazes de viver sem acelerar e correr riscos ou de conduzir sem ser em estado de embriaguez se pudessem estampar à vontade com a máxima segurança.

Julho de 2001