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Desde os meus tempos de escola que vivia com a curiosidade de conhecer a terra do célebre Bandarra, sapateiro de Trancoso e profeta do Quinto Império. Mas os anos foram-se passando e, só no passado mês de Novembro, a oportunidade surgiu.
Em Trancoso, como não podia deixar de ser, respira-se Bandarra por todo o lado. Na praça do município e em lugar de destaque, lá está a sua incontornável estátua. Foi daí que partimos à procura da igreja onde está sepultado o nosso profeta.
Como a igreja mais próxima se encontrava fechada, perguntámos a dois jovens de 18-20 anos que ali se encontravam se era naquela igreja que estava sepultado o Bandarra. «O Bandarra?!... Nós não conhecemos nenhum Bandarra…» E perante a nossa estupefacção, justificaram-se: «Nós não somos de cá, só aqui andamos a estudar…». A estudar?!... O que será que esta juventude aprenderá de tão interessante na escola de Trancoso para nunca ter ouvido falar do Bandarra?
Mas como o posto da GNR era pegado com a igreja, a minha mãe procurou informar-se ali. A reacção do soldado da GNR de serviço foi idêntica à dos jovens estudantes: «O Bandarra?!... Nunca ouvi falar…» O homem devia estar a gozar connosco. Como é possível, estando Trancoso coberta de placas, estátuas e outras indicações com o nome do Bandarra, um soldado da GNR fazer o turno pela povoação sem nunca ter lido este nome? A não ser que não saiba ler…
Demos meia-volta e, quando nos preparávamos para sair do posto, demos de caras com uma lápide enorme na parede lateral da igreja e de frente para a porta do posto da GNR com um texto que tinha o seguinte título: «Túmulo do Bandarra».
Moral da história: não há pior cego do que aquele que não quer ver.
Novembro de 2007