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COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

Santana-Maia Leonardo Rede Regional de 17-4-2017

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O cântico dos Super Dragões em que utilizaram a tragédia do Chapecoense para atacar o Benfica foi sobretudo uma manifestação de ultra-estupidez não só pela falta de sensibilidade revelada mas sobretudo porque era um daqueles casos mais do que evidentes em que o único clube que iria sair maltratado com a brincadeira era o clube dos Super Dragões: o FC Porto. Em todo o caso (é bom não esquecer), não foram os Super Dragões os causadores da queda do avião do Chapecoense.

Relativamente ao cântico da claque do Benfica em que festejaram o very-light que assassinou o adepto do Sporting no Jamor, estamos noutro patamar de gravidade porque já não se trata apenas de uma brincadeira de mau gosto.  Com efeito, neste caso, o que a claque do Benfica celebra é um assassinato cometido por um elemento da própria claque, enquanto membro da claque e durante um acontecimento desportivo em que a claque participou e interveio. Ou seja, para além de não mostrar o mínimo de respeito pela dor da família da vítima e pela sua memória, a claque do Benfica não só não demonstra a mais pequena ponta de arrependimento como faz questão de manter vivo este caso, mais de 20 anos depois, não para servir de exemplo para não se repetir mas para o festejar e celebrar, fazendo a apologia da mão assassina.

Com a agravante de ser reincidente: o ano passado colocou uma tarja a festejar o aniversário do assassinato e agora repete o cântico em dois jogos seguidos. Parece-me que já vai sendo tempo de alguém lhes ler a cartilha...

Quanto maiores são os clubes, maior devia ser a sua responsabilidade e a sua preocupação no exemplo que transmitem... Mas, em Portugal, já todos percebemos que, com Águias, Leões e Dragões, o nosso futebol está entregue aos bichos, sendo as televisões e os jornais desportivos portugueses o habitat natural desta bicharada.

NOTA INTRODUTÓRIA

Como adepto de futebol, sou logicamente um apaixonado pelo futebol inglês, único campeonato que sigo religiosamente desde há muitos anos.

Em Inglaterra, a Pátria do Futebol, não há jornais desportivos nem programas televisivos onde comentadores a soldo dos principais clubes destilam ódio e chafurdam na lama.

Os ingleses, ao contrário dos portugueses, gostam de futebol, não gostam de conversa fiada.

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No balneário, no lugar de Ibrahimovic. No estádio, no lugar de Mourinho.

Santana-Maia Leonardo Diário As Beiras de 29-3-2017

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A subserviência e o culto pelos senhores presidentes “do que quer que seja” ainda continua muito encrustada na alma servil do nosso povo, fruto de quatrocentos anos de Inquisição e cinquenta anos de ditadura que a lei da selva da República apenas ajudou a cimentar.  E isso reflecte-se de sobremaneira no nosso jornalismo em que a viabilidade económica da esmagadora maioria dos órgãos de comunicação social local, regional e até nacional dependem praticamente das boas relações com quem detém o poder e das suas liberalidades.

Aliás, chamar jornalismo à maior parte daquilo que se vai lendo, ouvindo e vendo por aí nos nossos jornais, rádios e televisões é uma força de expressão. Para quem não saiba o que é jornalismo, a definição de George Orwell continua cada vez mais actual: "Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Tudo o resto é publicidade."

E basta passar os olhos pela maioria dos jornais locais e regionais para se constatar, de imediato, que não estamos perante verdadeiros jornais mas boletins municipais embrulhados em papel de jornal, destinados a publicitar e enaltecer a obra dos senhores presidentes e governantes, sem direito sequer a contraditório. Até porque, na maioria dos casos, se houvesse contraditório, acabava-se o jornal. E num país como o nosso em que os senhores presidentes acordam quase sempre com os pés de fora, nunca é bom arriscar ou confiar demasiado na sua generosidade desinteressada mesmo que apregoada.

Como dizia George Orwell, “se a liberdade significa alguma coisa, será sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir." Mas este conceito de liberdade é demasiado aberto para as nossas estreitas mentes, apenas receptíveis a palmadinhas nas costas.

Mesmo os nossos tribunais, só há bem pouco tempo e fruto das consecutivas e vexatórias sentenças condenatórias do Estado português, no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, por violação do direito à liberdade de expressão, começaram a deixar de dar cobertura às perseguições, por via judicial, que eram movidas contra aqueles que tinham a coragem de criticar e denunciar os abusos dos detentores da chave do palheiro que povoam o território nacional.

«O direito à liberdade de expressão não protege o direito a ter razão mas o direito a não a ter». Foi desta forma lapidar que um juiz norte-americano, numa sua sentença, definiu o objecto e a latitude deste direito que, em Portugal, toda a gente invocae pouco gente pratica e respeita.

Em todo o caso, não vale a pena os nossos ditadorzinhos temerem pelos seus lugares porque um povo habituado a viver de cócoras, como o nosso, mesmo na solidão da cabine de voto, é incapaz de votar direito.

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O Museu do Futebol em Manchester tem por pano de fundo o Mundial de 1966, ganho pela Inglaterra.

Não é, pois, de estranhar que o Portugal de Eusébio tenha um lugar de destaque.

No jogo do Brasil, recorda, no entanto, a forma como Pelé, o melhor jogador do mundo da época e ainda hoje considerado por muitos o melhor jogador de todos os tempos, foi eliminado por Portugal, antes de ser eliminado o Brasil.

Neste tempo, os grandes jogadores eram vítimas de entradas absolutamente assassinas por parte de caceteiros das equipas adversárias, com grande condescendência das equipas de arbitragem fiéis ao princípio então em voga de que o "futebol era para homens de barba rija".

"No Campeonato do Mundo, o Rei morreu! Longa vida a Eusébio!"

E a célebre foto de Eusébio em lágrimas no final do jogo com Inglaterra também não podia faltar na Museu do Futebol.

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Artur Lalanda - 10 de Dezembro de 2016

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A Lena, sempre a Lena e os seus amigalhaços. Soube-se agora. Através do Programa Operacional de Sustentabilidade no Uso de Recursos, que a ABRANTÁQUA - Serviços de Águas Residuais Urbanas do Município de Abrantes, SA, foi contemplada com a bonita soma de 1 506 000 euros de fundos, pelo vistos sem fundo, por ter construido a Etar dos Carochos, inaugurada já em 2016, quando, contratualmente, devia ter ficado pronta em 2008, com um orçamento de 752 310 euros. Durante 8 anos, os agora utentes da etar, pagaram as taxas  impostas pelo contrato e os esgotos continuaram a entrar no Tejo, sem qualquer tratamento. Em 2012, ainda foi anunciado que a nova etar ficaria pronta em 2014, com um orçamento de 1 766 952 euros, mas era foguetório, como de costume.

Todos os encargos, com as infra estruturas do saneamento, seriam suportados pela concessionária, com capital próprio, uma vez que as verbas consignadas, através dos recibos da água, viriam a compensá-la, posteriormente. Com a conivência da Câmara, a concessionária foi executanto o plano previsto, sempre fora dos prazos contratuais e com dinheiro que recebia antecipadamente. Nunca gastou mais do que recebeu. Entre 2008 e 2013,  recebeu 10 000 772, 31 euros e investiu,  apenas ,  8 084 061,67 euros, pelo que nunca precisou de utilizar capital próprio. Estima-se em cerca um milhão de euros anuais, as verbas consignadas, pelo que, o custo da Etar dos Carochos, há muito tinha sido arrecadado pela concessionária, à custa dos munícipes do concelho.

Nestas circunstâncias, a ABRANTÁQUA ter sido, agora, contemplada com  1 506 000 euros dos tais Fundos sem fundo, deixa-nos a certeza de que a análise dos processos de atribuição dos subsídios adopta critérios a justificar a intervenção das autoridades afectas aos problemas relacionados com a corrupção.

A coberto do ruinoso contrato de concessão, que nos permite admitir ter sido elaborado pela concessionária e assinado de cruz, pela Câmara, para os 25 anos de duração do contrato, o custo de todas as obras a executar, incluindo a exploração do sistema, totalizava 37 750 587 euros. No final de 2014, com a conclusão de todas as obras previstas no célebre anexo II, salvo a Etar dos Carochos, com custo real inferior a 10 milhões, concluimos que a exploração do sistema tem custos cujo valor é quasi quadruplo do custo de todas as obras executadas. Grande negócio para a concessionária que, não podemos esquecer, até 2033, vai continuar a ter verbas concessionadas na ordem do milhão de euros anual, a manterem-se os tarifários em vigor.

Em vésperas de Natal, 1 506 000 de euros de brinde não são para desperdiçar. O saldo da conta “lucros e perdas”, da concessionária, não incomoda os nossos autarcas.

Não, não se trata de ladrões, mas lá que os há, há.

Santana-Maia Leonardo Diário As Beiras de 11-4-2017

0 SM 1.jpgO exemplo é a única forma de ensinar. E sempre ouvi dizer que o exemplo vem de cima.

Consequentemente, quando as televisões promovem diariamente programas para-desportivos, onde figuras públicas dos maiores clubes portugueses, alguns dos quais ex-ministros e ex-secretários de Estado, dão largas ao seu fanatismo clubista, apelando à guerra santa com incitamentos ao ódio clubista mais primário, descredibilizando as instituições e os regulamentos de que os seus próprios clubes são os únicos pilares, não se pode esperar muito dos jogadores do Canelas, a maior parte deles com baixa escolaridade e a viverem na marginalidade. 

Com efeito, quando as elites se comportam como autênticos "porcos", não se pode esperar que sejam aqueles que vivem atascados na porcaria a dar o exemplo e a limpar a pocilga.