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COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

Recordar uma crónica do maior cronista do Ribatejo sobre o Centenário de Abrantes dois anos antes da sua celebração

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Eurico Heitor Consciência - Ribatejo de 7/6/2014

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Vai comemorar-se o primeiro centenário da promoção da Notável vila de Abrantes à condição de cidade.

Um centenário importante na vida da comunidade. Que será oportunidade perdida se a comemoração se limitar a festarolas com Quins Barreios ou quejandos.

Abrantes, ao que constou, vai perder a Maternidade que integrava o seu hospital, o que “será um rude golpe para os cidadãos do Concelho de Abrantes, mas não só” – ao que disse a Presidente da Câmara. Será, será, e será mais um, porque os 50 anos que conto d’Abrantes constituem uma narrativa de golpes de sentido único para Abrantes: Abrantes perde sempre. Perde e encolhe-se. E, encolhendo-se, encolhe.

A análise demográfica é esclarecedora (e aterradora): o Concelho de Abrantes perdeu cerca de 10.000 residentes nos últimos 30 anos. Tinha 48.675 em 1970, praticamente os mesmos (48.635) em 1981, 45.697 dez anos depois, 42.235 em 2001 e 39.325 (!!) em 2011.

Neste ritmo…

E se as próximas perdas se concretizarem, como parece que acontecerá, não quero imaginar o que será Abrantes daqui a 10 anos: além da anunciada morte da Maternidade, teremos em Setembro próximo as mortes ordenadas do Círculo Judicial de Abrantes, da Comarca de Abrantes e do Tribunal do Trabalho de Abrantes, com transferência da maior parte desses serviços para Tomar. E outros irão para Santarém.

O que não lembraria ao Diabo, ocorreu aos eternos predadores de Abrantes.

Que nunca foi presa difícil. Pelo menos nos últimos 40 anos. Em grande parte porque os abrantinos nunca estiveram para se matar por causa de Abrantes – mostrando-se sempre prontos a entregar o governo dos seus interesses a estranhos, naturalmente ignorantes da idiosincrasia dos abrantinos e desconhecedores dos problemas centrais da comunidade abrantina.

O que se diz para lembrar que as comemorações do centenário de Abrantes – cidade só valerão a pena se se centrarem na definição e afirmação da identidade de Abrantes – para finalmente se fixar o núcleo dos valores abrantinos que importa manter, defender e valorizar, para, de seguida se partir com eles à conquista do mundo.

Provavelmente tornarei ao assunto, mas quero deixar já ditas duas coisas, sendo a primeira que só já faltam dois anos para o Centenário (e não é tempo demais – mas chega se for bem aproveitado e se se começar já) e a segunda que há 48 anos se comemorou o cinquentenário de Abrantes – cidade com realizações de repercussão internacional no sector das artes (uma extraordinária exposição dos Mestres de Abrantes e do Sardoal) e do ordenamento do território (o Colóquio sobre o Desenvolvimento Regional).

Abrantes esteve nas bocas (e nas esperanças) de meio mundo. Depois…

Santana-Maia Leonardo - Rede Regional de 4-6-2017

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A corrupção, para além de ser o imposto mais caro que pagamos, corrompe, corrói e destrói os alicerces das instituições democráticas, levando, a prazo, à derrocada do Estado de Direito democrático. E, pelos danos que causa em todo o tecido social e na organização do Estado, muito mais importante do que punir uma pessoa, em concreto, é penetrar no esquema e na rede da corrupção, única forma de a combater e de a destruir.

Acontece que o único meio eficaz para combater as organizações mafiosas e o crime de colarinho branco é a chamada "delação premiada", porque conduz os investigadores, em linha recta, sem perdas de tempo e de recursos, aos meios de prova essenciais para o desmantelamento da rede. Todas as outras alternativas importam uma alocação de meios humanos, materiais e de tempo que, para além de tornarem absolutamente incomportável o seu custo, põem em risco o sucesso da investigação, quer por causa da complexidade dos esquemas e da rede de pessoas envolvidas, quer por causa dos prazos da prescrição. Sem esquecer que a "delação premiada" é o meio menos invasivo da privacidade do cidadão em geral, na medida em que delimita logo o âmbito da investigação e as pessoas a serem investigadas.

A "delação premiada" está para o crime de colarinho branco como o teste de alcoolémia está para o crime de condução sob o efeito do álcool. Consequentemente, a pergunta que deve ser feita não é se somos a favor ou contra a "delação premiada" mas se somos a favor do combate à corrupção. Ser-se a favor do combate à corrupção e contra a "delação premiada" só faz lembrar os bebedolas que, defendendo o combate intransigente contra a condução sob o efeito do álcool, consideram, no entanto, inconstitucionais os testes de alcoolémia.

Recordar um post de 6-1-2011 de um homem vertical e combativo.  Como não há muitos.

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Artur Lalanda

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Abrantes, 6 de Janeiro de 2011 (11 horas)

De passagem, acidental, pela Praça Raimundo Soares, constatei a chegada dos miúdos da escola dos Quinchosos, acompanhados pelas professoras e auxiliares, que se alinhavam frente ao Palácio Falcão, enfeitados com coroas improvisadas.

Foram recebidos pela vereadora Celeste Simão, que cumprimentou as professoras e alguns miúdos. A cerimónia, previamente encomendada aos reporteres e fotógrafos, foi devidamente registada. (como não fui avisado, não levava a máquina).

Com o aparecimento da senhora presidente deu-se início ao comício: Boas Festas vimos dar, giroflé, giroflá… Em troca, receberam um livro do D.Francisco de Almeida e votos de tudo bom para eles e para as famílias.

Tudo lhes serve para o foguetório. Mas as crianças, Senhor… porque padecem assim?

Vinicius de Moraes

Vinicius de Moraes.jpg

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

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