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COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

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"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

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Não há nada que melhor defina o carácter do povo português que fica na praia, quando os mais afoitos se fazem (e faziam) ao mar, do que o catastrofismo com que justifica a sua cobardia e o pavor pelo risco. Como já aqui escrevi, os portugueses são capazes do 8 e do 80. O problema é que os capazes do 8, que ainda por cima são a maioria e têm direito a voto, ficam todos o que obriga os capazes do 80 a ter de partir se quiserem ser reconhecidos. 

Não houve um único português que por aqui ficasse, seja no comentário televisivo, seja na mesa de café, que não prenunciasse o fim do mundo caso o Syriza vencesse as eleições na Grécia. Venceu o Syriza e o fim do mundo afinal não aconteceu. Depois era a Catalunha e agora é o Brexit... E o fim do mundo tarda em acontecer.

A hipocrisia, essa verdadeira instituição nacional, chegou a tal ponto que os mesmos que, ainda há pouco, tanto tremiam com o papão da independência da Catalunha falam agora com uma estranha satisfação da independência da Escócia. 

Pessoalmente, continuo tranquilo até porque cresci e fui educado na convicção de que o fim do mundo ocorreria no ano dois mil. "A mil chegarás mas de dois mil não passarás". Isto era garantido. Mas por estes lados, pelos vistos, até o fim do mundo está de baixa prolongada.

Santana-Maia Leonardo - Diário As Beiras de 12-3-2020

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Quando, em todas as ligas europeias, designadamente na espanhola, se discute uma melhor distribuição das receitas, em Portugal não há sequer distribuição porque há três clubes que se apropriaram de tudo: das receitas, dos jogadores, do espaço de comentário televisivo e dos órgãos da liga e da FPF.

É certo que os chamados pequenos clubes, que são a maioria, podiam impor a sua vontade aos outros três, com aconteceu em Espanha e que obrigou à intervenção do Governo.

Mas por que razão não o fazem? Everybody knows: porque vivem na total dependência dos tais três.

São eles que lhes pagam as contas, que lhes cedem jogadores, que aparam as ilegalidades da sua gestão e que pagam aos administradores das SAD e empresários, através de um esquema de compra e venda de jogadores em que o grande funciona como intermediário pelo valor da marca.

O futebol português sofre do mesmo problema da política portuguesa: quando a corrupção se institucionaliza e se transforma na própria governação do país e da Liga, os governantes e dirigentes estão de tal modo envolvidos na teia que são incapazes de mudar o que quer que seja.

Infelizmente os portugueses só conhecem duas ideologias: o nacional-socialismo, na sua versão mais light, e o corrupto-socialismo, na sua versão democrática, o que significa que Portugal e o futebol português só poderão sair deste atoleiro através de uma acção externa: por imposição da UE ou da UEFA.

Santana-Maia Leonardo 

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