Rúben Amorim no país dos vermes
Não devemos, obviamente, confundir o Direito, a Moral e a Ética, porque se tratam de três conceitos diferentes e que visam realidades diferentes.
No entanto, isso não significa, como hoje muito boa gente por aí apregoa, que não estejam interligados. O Direito tem a ver com os actos, a Moral com os hábitos e a Ética com a configuração do carácter. Ora, uma sequência de actos vai gerando em nós a tendência para os repetir. Por sua vez, a aquisição de bons hábitos conduz necessariamente à estruturação do carácter.
A contratação de Rúben Amorim tem a ver com a ética que é precisamente aquilo que por aqui não existe em virtude de as leis e o Direito consentirem os actos mais pérfidos cuja repetição leva as pessoas a adquirirem maus hábitos, transformando-se nuns vermes. Com efeito, a contratação de Rúben Amorim não devia sequer ser equacionada (ética), independentemente dos regulamentos permitirem ou não (lei)...
E como se podem criar bons hábitos quando toda a gente sabe que Rúben Amorim vai exercer as funções de treinador do Sporting, apesar de a lei o não permitir em virtude de não ter habilitações necessárias? Ora, não é possivel criar bons hábitos quando se faz ostensivamente o contrário do que a lei permite sem quaisquer consequências. E os maus hábitos levam necessariamente à desestruturação do carácter, transformando as pessoas em vermes que é precisamente o bicho que por aqui mais abunda.
Santana-Maia Leonardo - Diário As Beiras de 10-03-2020