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COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

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Não devemos, obviamente, confundir o Direito, a Moral e a Ética, porque se tratam de três conceitos diferentes e que visam realidades diferentes.

No entanto, isso não significa, como hoje muito boa gente por aí apregoa, que não estejam interligados. O Direito tem a ver com os actos, a Moral com os hábitos e a Ética com a configuração do carácter. Ora, uma sequência de actos vai gerando em nós a tendência para os repetir. Por sua vez, a aquisição de bons hábitos conduz necessariamente à estruturação do carácter.

A contratação de Rúben Amorim tem a ver com a ética que é precisamente aquilo que por aqui não existe em virtude de as leis e o Direito consentirem os actos mais pérfidos cuja repetição leva as pessoas a adquirirem maus hábitos, transformando-se nuns vermes. Com efeito, a contratação de Rúben Amorim não devia sequer ser equacionada (ética), independentemente dos regulamentos permitirem ou não (lei)...

E como se podem criar bons hábitos quando toda a gente sabe que Rúben Amorim vai exercer as funções de treinador do Sporting, apesar de a lei o não permitir em virtude de não ter habilitações necessárias? Ora, não é possivel criar bons hábitos quando se faz ostensivamente o contrário do que a lei permite sem quaisquer consequências. E os maus hábitos levam necessariamente à desestruturação do carácter, transformando as pessoas em vermes que é precisamente o bicho que por aqui mais abunda.

Santana-Maia Leonardo - Diário As Beiras de 10-03-2020

06 Mar, 2020

Everybody knows...

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Nota introdutória: este texto foi escrito precisamente há 4 anos quando eu ainda tinha uma muito remota esperança de que Portugal fosse um país... Esperança essa que perdi pouco depois. 

Eu compreendo o amor e a dedicação de uma pessoa pelo seu filho ou pelo clube da sua terra. Já não consigo compreender o amor de um pai pelos filhos dos outros que só conhece pela televisão ou por clubes que só conhece pela tv. Isso não é paixão, é alienação.

Uma pessoa gostar mais de um clube apenas por ter mais títulos é tão idiota como gostar dos filhos do Belmiro de Azevedo porque são muito ricos. Um indivíduo que nasceu na China ser fanático pelo Real Madrid ou que nasceu em Trás-Os-Montes ser fanático de um clube de Lisboa é paixão clubística ou alienação clubística?

Amor tem-se por aquilo que se conhece e que nos é próximo. Há muitas mulheres apaixonadas pelo Cristiano Ronaldo... Será isso verdadeiro amor ou apenas a expressão de uma idiotice?

E então ser de um clube, em Portugal, por ter muitos títulos ainda é mais ridículo quando toda a gente sabe como se ganham os títulos e se fazem as fortunas em Portugal. Até o Boavista foi campeão quando teve o controlo das alavancas. Até 1980 o presidente da FPF só podia ser de um dos clubes de Lisboa e os vencedores durante os anos 60 e 70 foram.... Depois o Presidente passou a ser eleito e a AF Porto passou a mandar e o vencedor passou a ser... Como canta Leonard Cohen: "Everybody Knows".

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Antigamente dizia-se que "vergonha não é roubar. Vergonha é roubar e ser apanhado."  Mas agora são apanhados e não têm vergonha nenhuma. Ainda gozam connosco... 

Sócrates recebia milhões em notas por mera amizade. O Benfica, pelos vistos, paga jantaradas a famílias inteiras esganadas com fome e que comem que nem uns alarves, por mera cortesia. E paga as contas dos alarves, durante meses a fio, sem nunca lhes cortar a ração… Por mera cortesia. Mais valia oferecerem-lhes uns vouchers para ir às putas, como fazia o Porto, sempre saia mais barato e, de certeza, que não levavam a família. As putas que me perdoem mas escusavam de parir tantos filhos…

E tem comparação dar um presente a um árbitro estrangeiro que vem arbitrar um jogo internacional, sobre quem os clubes não têm qualquer poder, ao pagamento de jantaradas, por conta da casa, a todos os árbitros, delegados e observadores que compõem o quadro de árbitros, delegados e observadores nacional?

E depois ainda têm o descaramento de argumentar com o cínico "quem é que se ia vender por uma jantarada", ainda por cima num país onde a maioria se vende apenas para sentir o bafo do poder.  Aliás, o Benfica é a prova disso mesmo. Com efeito, a maioria dos benfiquistas (que constituem metade da população portuguesa) torcem pelo Benfica contra o clube da sua terra sem saberem muitos deles onde fica Lisboa, apenas porque o Benfica é o maior clube português e sem ter havido sequer necessidade de lhes pagar o almoço. O que se passa no futebol passa-se na política. Se um presidente da câmara pedir um favor a alguém, poucos têm a coragem de dizer que não e, então, se ainda lhes pagar o jantar ou o convidar para a sua mesa... Até se atropelam! Agora se for alguém da oposição ou alguém sem poder...

Não tarda nada ainda vamos assistir, durante o decurso dos processos e antes da sentença, a juízes, procuradores e funcionários judiciais a encher o bandulho no Gambrinus, à conta dos arguidos, por mera cortesia.

Santana-Maia Leonardo - Diário As Beiras 4-3-2020

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