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COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

18 Nov, 2020

A Verdade

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No julgamento de Cristo, segundo o Evangelho de S. João, Pilatos faz a famosa pergunta: “Que é a verdade?

Em Portugal, não conheço nenhum português que não se professe um amante da “Verdade”. No entanto, quando a verdade não lhes convém, remetem, de imediato, a descoberta da verdade para os tribunais. E todos sabemos porquê: quem não tem razão deposita sempre nos tribunais a última réstia de esperança de lhes virem a dar razão.

Ora, não há maior cinismo e hipocrisia do que remeter para os tribunais a descoberta da verdade. A verdade judicial NUNCA é a VERDADE. A verdade judicial, na melhor das hipóteses, é a VERDADE POSSÍVEL, para já não falar dos casos em que é a VERDADE CONVENIENTE. E isto não tem a ver nem com os juízes, nem com os procuradores, nem com as leis.

Para que percebam o que estou a dizer, dou-lhes um exemplo prático que é do meu conhecimento pessoal. Imaginem que são vereadores e a aprovação de um projecto depende do vosso voto. O dono do projecto entra no vosso gabinete e propõe-lhes comprar o voto em notas. Como são pessoas sérias, não aceitam o que lhes é proposto.

Agora imaginem que decidem denunciar o caso ao Ministério Público. Como é evidente, o processo não só é arquivado por falta de provas (é a vossa palavra contra a palavra do corruptor), como ainda se arriscam a ser arguidos num processo de difamação instaurado pelo corruptor e andar nas bocas do mundo. Vergonha é precisamente o que este tipo de gente não tem.

E termino fazendo-lhes a mesma pergunta de Pilatos com que começámos esta conversa: Que é a verdade? A verdade é aquilo que se passou efectivamente no vosso gabinete ou o que resulta do processo judicial que absolveu o corruptor?

Santana-Maia Leonardo

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O Estado português é um enclave dentro do Estado soberano do Benfica. Esta foi uma expressão usada recentemente pelo sociólogo italiano Pippo Russo, numa entrevista à revista Sábado, e pelo jornal New York Times que muito ofendeu o Estado Soberano benfiquista.

Não há nada que ofenda mais do que a VERDADE. E esta é uma daquelas verdades tão evidentes que só não vê quem não quer mesmo ver.

Aliás, são os próprios benfiquistas que a apregoam aos quatro ventos quando afirmam que o Benfica tem seis milhões de adeptos e que o Benfica é maior do que Portugal.

Ora, num minúsculo país democrático, ou seja, cujo governo é eleito com menos de 2 milhões de votos, não há governo capaz de impor a lei a um clube que tem seis milhões de adeptos. Só se quiser perder as eleições e desaparecer do mapa eleitoral.

Qualquer português sabe que o Benfica pode fazer literalmente o que quiser que nunca nenhum Governo, Federação ou Liga será capaz de fazer ao Benfica o que fizeram este ano ao Vitória, faça o Benfica o que fizer e seja qual for o resultado dos processos em curso. Se for necessário, alteram a lei.

Isto é tão evidente que os próprios benfiquistas gozam descaradamente com a possibilidade de o Benfica descer de divisão, se for condenado nalgum dos processos em curso.

Everybody Knows...

Santana-Maia Leonardo

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A lei de castração química proposta pelo Podemos, sublinhe-se, é uma lei de esquerda e da esquerda progressista (clicar sobre a foto para ler a notícia), o que a distingue, só por si, da lei retrógrada, fascista e medieval do Chega, apesar de ser idêntica.

Como todos sabemos, mesmo aqueles que fingem que não sabem, o que distingue a esquerda progressista da direita fascista e retrógrada não é o conteúdo (que, muitas vezes, ainda consegue ser pior), mas a cor do embrulho.

Santana-Maia Leonardo 

10 Nov, 2020

Everybody Knows...

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Hoje os clubes portugueses só têm destaque na imprensa internacional por más razões (clicar sobre a foto para ler a notícia). Mas o que verdadeiramente me entristece e envergonha são duas coisas que todos os portugueses sabem:

PRIMEIRA - Todos sabem que isto é verdade. Ou seja, todos sabem que a contratação em massa de jogadores pelo Benfica nos últimos anos visa juntar o útil ao agradável: por um lado, facilitar as vitórias do Benfica, desfalcando as equipas adversárias dos seus melhores jogadores, ao mesmo tempo que as reforçam contra os adversários directos do Benfica; e, por outro, enriquecer com as negociatas os administradores das SAD dos clubes respectivos, criando laços de dependência e uma rede.

SEGUNDA - Todos sabem que isto não vai dar em nada. E não vai dar em nada, porque os adeptos dos clubes envolvidos são adeptos do Benfica, Sporting e Porto, clubes que também têm tido esta prática, ainda que com dimensões diferentes. Porque, se os adeptos dos clubes envolvidos fossem verdadeiramente desses clubes, os administradores das SAD já há muito que estavam pendurados nos postes da luz dos respectivos estádios para serem devorados por abutres verdadeiros.

No tempo do Apito Dourado, a corrupção desportiva só ainda tinha chegado às sobremesas (fruta e café com leite). Mas, na Era Digital dos E-Toupeira e dos E-mails, evoluiu para a refeição completa, até porque o Benfica tem mais peso institucional do que o FC Porto e tem sede em Lisboa, o que faz toda a diferença. O Sporting, com Godinho Lopes e Bruno de Carvalho, também quis copiar o modelo. Só que a Godinho Lopes faltou-lhe o jeito e a Bruno de Carvalho saltou-lhe um parafuso.

No entanto, o pior de tudo ainda não é o facto de todos saberem. O pior de tudo é todos acharem que isto é normal com o argumento de que todos fazem o mesmo e, se não fazem, é porque não podem.

Santana-Maia Leonardo

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O problema português reside exclusivamente na amoralidade cívica do cidadão português, para quem o Bem e o Mal não são conceitos abstractos que se aplicam a todos por igual, mas conceitos bem concretos e relativos que têm, por única referência, os seus próprios interesses.

Os portugueses não criticam os outros porque discordam dos seus métodos. Pelo contrário, criticam-nos por inveja porque, se tiverem a oportunidade, fazem precisamente o mesmo (ou pior).

Eu tenho autoridade moral para defender a Geringonça Açoriana, porque considerei, da mesma forma, absolutamente legítima e normal a Geringonça Continental, como se pode ler no texto que publiquei, no dia 11 de Outubro de 2015, logo a seguir às eleições legislativas da altura e antes ainda mesmo do aparecimento da Geringonça ("Porque não temo um Governo com a CDU"). Mas quem foi contra a Geringonça Continental como pode defender a Geringonça Açoriana e vice-versa? Os fundamentos são os mesmos.

Mandava, pois, o decoro que, pelo menos, permanecessem calados e não se manifestassem. Mas vergonha é precisamente aquilo que por aqui não existe. E este é precisamente o grande problema nacional.

Santana-Maia Leonardo