Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Do ponto de vista estritamente pessoal, fico satisfeito por ter sido aprovada a lei da Eutanásia. Uma das coisas que sempre me angustiou foi ter de ser obrigado a viver contra a minha vontade. O direito à minha vida é um direito que me pertence pelo que devo poder pôr um ponto final na história, quando achar que a minha vida já não faz sentido ser vivida.
Aceito que outras pessoas possam ter uma opinião diferente, mas cada um sabe de si. Agora não comparem a eutanásia com a pena de morte, nem sequer com o aborto, porque, em qualquer destes casos, a decisão incide sobre a vida de terceiros, ao contrário da eutanásia que incide sobre a vida de cada um.
É certo que, num país estruturalmente corrupto como Portugal, há sempre o risco de a eutanásia servir para outros fins que vão muito para além da decisão pessoal, a fazer lembrar aquela rábula de Raúl Solnado em que o seu pai lhe disse: “Tu quer queiras, quer não queiras, vais ser bombeiro voluntário”.
Em Portugal, também vai haver muita gente que quer queira, quer não queira, há-de tirar bilhete para o outro mundo, à conta da eutanásia. Tudo, obviamente, dentro da máxima legalidade e devidamente certificado. E, então, quando se junta a fome com a vontade de comer…
A mim, devo desde já dizer que isso não me preocupa minimamente, porque, se os meus filhos aproveitassem essa possibilidade, para me tirar o bilhete, não me fazia a mínima diferença, porque viver, actualmente, já não é uma das coisas que me dê grande prazer.
Agora é óbvio que a aprovação da eutanásia, à socapa e quando o serviço nacional de saúde está a rebentar pelas costuras, estando em causa, inclusive, a sua sustentabilidade económica, só pode ter uma leitura, por muito boas razões que se queiram invocar para justificar a sua aprovação. Aliás, esta é precisamente uma característica das leis portuguesas: mesmo as boas leis são sempre aprovadas por más razões.
E não se venha com a conversa da treta de que a eutanásia tem de ser atestada por médicos, etc. etc.
Àqueles que fingem que não sabem o que a casa gasta, só lhes faço uma pergunta. Qualquer um de nós, certamente, defende que uma pessoa possa faltar ao trabalho se estiver doente e o atestado médico serve precisamente para atestar isso. A pergunta que faço é a seguinte: todas as pessoas que faltam ao trabalho com atestado médico estão doentes?
Como diz o povo, para bom entendedor, meia palavra basta.
Santana-Maia Leonardo
Os grandes clubes europeus têm horror a arruaceiros. É precisamente por esta razão que Jorge Jesus nunca treinará um grande clube europeu e Sérgio Conceição cola que nem uma luva no FC Porto. E é também por esta razão que a liga inglesa é a maior liga de futebol do mundo e a terceira liga mundial, a seguir às ligas norte-americanas de Super Bowl e de Basebol.
A liga inglesa é uma liga de sucesso, porque copiou o modelo das ligas americanas de Super Bowl, Basebol, Basquetebol e Hóquei no gelo, que constituem com a liga de futebol inglesa, as 5 maiores ligas do mundo.
O segredo do sucesso da liga inglesa reside em três vectores essenciais para a valorização do produto:
(a) a competividade (daí a centralização dos direitos televisivos e uma distribuição muito equitativa das receitas televisivas para permitir que os clubes com menos recursos possam ter boas equipas, assim como a limitação do número de jogadores inscritos por equipa para evitar o açambarcamento de jogadores pelos grandes clubes);
(b) a transparência, o rigor e o fair play (daí a preocupação com a criação de órgãos disciplinares, jurisdicionais e de arbitragem independentes e transparentes, assim como a intransigência com o anti-jogo, designadamente simulação de faltas, excesso de faltas ou atrasos na reposição da bola em jogo);
(c) a igualdade de tratamento (todos os clubes são tratados de forma igual, não há jornais desportivos e não são permitidos programas com comentadores-adeptos).
Neste momento, todas as grandes ligas europeias têm inveja da liga inglesa. E a Superliga Europeia não é mais do que a tentativa dos grandes clubes europeus criarem uma liga com o mesmo sucesso da liga inglesa.
A liga espanhola, a segunda liga europeia, está a fazer um grande esforço para aumentar a competitividade dos seus clubes nivelando cada vez a distribuição dos direitos televisivos. Actualmente o Barça, que é o que mais recebe, recebe apenas duas vezes e meia a mais do que o último. Por sua vez, a Holanda, a Bélgica e a Escócia estão a trabalhar para criar uma única liga: a liga do Centro da Europa.
Enquanto se assistem a estes movimentos nas ligas europeias, Portugal continua na pré-história do futebol, replicando os modelos sul-americanos e africanos, onde acaba tudo à batatada, quem perde insulta e ameaça toda a gente, a corrupção é um modo de vida, quem tem poder faz o que quer e lhe apetece e açambarca tudo: receitas, jogadores, adeptos, dirigentes, governantes, políticos, comentadores, juízes, árbitros e jornalistas.
Isto chegou a tal ponto de degradação moral e desportiva que o Benfica dá os seus jogos em exclusivo no seu canal de tv, o que não é permitido sequer na América Latina, nem em África, nem na Ásia. Mas aqui quem tem poder faz o que quer... E se comentarem isto com um benfiquista, ele responde-lhe logo com a mesma boçalidade dos adeptos sul-americanos: “Não é permitido em mais país nenhum do mundo? Isso só prova que somos os maiores do mundo.”
E depois, tal como os africanos e sul-americanos, têm de se reduzir à sua insignificância e puxar do seu paroquial patriotismo para torcer pelos jogadores do seu país que jogam nos grandes clubes europeus: os brasileiros torcem pelo Neymar, os argentinos por Messi, os egípcios por Salah, os senegaleses por Mane e o portuguesinho por Ronaldo, como antigamente, quando o Benfica era um grande clube europeu, os moçambicanos torciam por Eusébio.
Portugal está na UE, mas o povo é, hoje em dia, mais africano do que os angolanos e mais sul-americano do que os brasileiros. No futebol e na política.
Santana-Maia Leonardo - O Mirante 15-2-2021
O recurso do Sporting para os tribunais sobre o castigo aplicado ao Palhinha é mais uma demonstração do estado demencial a que chegou o futebol português.
Neste momento, o futebol português já ultrapassou a fase do circo em que os dirigentes se divertem a fazer palhaçadas por gáudio dos adeptos transformados em palhaços.
Actualmente a liga portuguesa está transformada num manicómio onde só gente acéfala, malucos e alucinados conseguem conviver.
Santana-Maia Leonardo
Lembram-se do que eu escrevi aqui, quando os anti-PS festejavam o fim da governação do PS nos Açores e do compadrio e os socialistas choravam o fim da democracia nos Açores por causa da coligação com o Chega?
Que os socialistas não ficassem preocupados, nem anti-PS deitassem foguetes, porque ia continuar tudo na mesma.
Só iam mudar as moscas, ou seja, os familiares, porque o sistema ia continuar rigorosamente na mesma...
E quanto ao RSI, pelos vistos, a coligação já está a cumprir o seu programa da única forma que os portugueses conhecem: dando emprego no Governo Regional a familiares e amigos.
Querem saber o que os defensores da coligação nos Açores vão responder, quando os socialistas os acusarem das nomeações de familiares e amigos? "Quando vocês cá estavam, faziam o mesmo."
Santana-Maia Leonardo
Antes do 25 de Abril, os ciganos eram populações nómadas, que viviam do contrabando de tabaco, do que lhe davam e do que iam encontrando por aí. Culturalmente, não divergiam muito das populações residentes, quer relativamente aos direitos das mulheres, quer ao casamento e ao adultério, quer quanto à vida escolar.
50 anos após o 25 de Abril, os ciganos deixaram de ser uma população nómada, mas estão mais marginalizados e estigmatizados que nunca. Trocaram o contrabando de tabaco pelo tráfico de droga, continuam a viver do que o Estado lhe dá (o RSI) e do que vão encontrando por aí. E culturalmente, continuam com os mesmos valores e tradições de há 50 anos. A Corte de Lisboa abandonou-os completamente à sua sorte, tratando-os como se não fossem portugueses, dando-lhes o RSI como esmola e permitindo a sua guetização. E não me venham com os exemplos de Quaresma, da juiz ou de muitos portugueses que tiveram a mesma proveniência, mas que hoje são portugueses de corpo inteiro.
É claro que o peso dos ciganos no RSI é absolutamente insignificante e, para a Corte de Lisboa, as comunidades ciganas são irrelevantes, quer em termos de número, quer em termos de criminalidade.
Acontece que, com a apropriação por parte da Corte de Lisboa do grosso dos fundos de coesão destinados às regiões mais pobres, as assimetrias regionais acentuaram-se de forma brutal, provocando a desertificação e o esvaziamento do Alentejo e do interior do país, onde só ficaram os velhos e os colunatos de Lisboa que constituem as autarquias locais e que têm por único objectivo garantir o controlo do território pelos partidos da Corte de Lisboa. Basta, aliás, olhar para os círculos eleitorais, para constatar que os alentejanos, beirões e transmontanos estão obrigados a votar nos partidos da Corte de Lisboa, sob pena de o seu voto ser absolutamente inútil.
Ora, em muitas terras do Alentejo, as comunidades ciganas são já dominantes. E os lisboetas de bem, porque compram tudo feito, não ganham o que ganham os reformados no Alentejo e não sabem sequer o que é viver junto de comunidades ciganas dominantes, não têm a mínima noção do sofrimento e da angústia que isso significa. Para estes alentejanos, André Ventura representa o que representou o Partido Comunista, antes e depois do 25 de Abril, quando os defendeu perante aqueles que, na altura, também os subjugavam.
É óbvio que os culpados não são nem os ciganos, nem os alentejanos que são tratados abaixo de cão pela Corte de Lisboa e que votaram em André Ventura. O único culpado é a Corte de Lisboa que, mais uma vez, açambarcou os fundos de coesão em benefício próprio, tal como já tinha feito com as especiarias e o ouro do Brasil, tendo usado o municipalismo para controlar o voto, ao mesmo tempo que mantém as tensões e rivalidades paroquiais entre autarquias vizinhas, o que lhe permite colocar-se num patamar supranacional e engordar à conta dos recursos que deviam ser de todos.
Santana-Maia Leonardo - O Mirante de 8-2-2021
"Dar segunda dose a quem fez "batota" é imoral? Só para quem votou em André Ventura", diz Francisco Ramos.
O problema dos PAÍSES CORRUPTOS é precisamente este: A IMPUNIDADE. Só quem é sério e cumpridor é que se lixa.
E é precisamente a impunidade que mina todos os sistemas e permite que esta doença mortal se espalhe vertiginosamente por todo o tecido social e corrompa todas as instituições.
Hoje todas as nossas instituições estão corrompidas até à medula. E Francisco Ramos é um dos rosto do vírus.
Santana-Maia Leonardo