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A Assembleia da República, se tivesse um pingo de vergonha, poupava-nos às audições dos grandes devedores do Novo Banco. Que, há mais de 40 anos, o povo português está sob o jugo do Xerife de Nottingham e da sua corte de vampiros, já todos sabíamos. O que nós não sabíamos é que os vampiros, que vinham em bandos com pés de veludo chupar o sangue fresco da manada, fossem incapazes sequer de balbuciar, em sua defesa, duas palavras com sentido.
O dinheiro dos nossos impostos, directos e indirectos, ao longo de 40 anos, tem sido destinado a sustentar a corte de vampiros do Xerife de Nottingham e a garantir a eleição dos seus lacaios, através das esmolas com que compram os votos da chusma de pobres e miseráveis que delas dependem. Sem esquecer, como resulta das audições, que o dinheiro que nos é roubado todos os dias nunca fica em Portugal.
Agora de uma coisa tenho a certeza: se o carpinteiro, o electricista, o mecânico, o barbeiro ou o pedreiro fugirem aos impostos, não vão depositar o dinheiro em nenhuma off shore, mas vão gastá-lo no café da esquina, no supermercado ou noutra loja qualquer, dinamizando a economia, fazendo girar o dinheiro e produzindo riqueza. Como dizia Milton Friedman, «Nunca te pese na consciência prejudicar o Estado, porque o dinheiro é sempre melhor utilizado por ti do que por ele.» E, em Portugal, isto é mais do que verdade. Se vivêssemos num país a sério, já há muito que tinha sido decretada a inabilitação do Estado português para reger o dinheiro dos nossos impostos, devido à sua habitual prodigalidade.
Mas não é já só a forma pouco escrupulosa como o Xerife de Nottingham esbanja o nosso dinheiro que me revolta, mas sobretudo a forma ardilosa que inventa para sacar dinheiro à classe média e à gente humilde que vive do seu trabalho.
Hoje os juízes e os polícias estão transformados em autênticos cobradores de impostos. Após a última reforma dos Códigos de Processo Penal e das Custas Judiciais, os tribunais servem quase só para cobrar impostos sob a forma de multas aos desgraçados que têm o azar de lá cair, sejam vítimas, arguidos ou partes. Hoje, em Portugal, poucos são os comportamentos que não são crime e poucos são os crimes cuja pena não é multa. Aliás, a criminalização de certas condutas serve apenas para obrigar o arguido, por mais pobre que seja, a abrir os cordões à bolsa.
Mas a vítima também não se fica a rir. Passa para cá a taxa de justiça criminal e as custas pelo decaimento. Só há uma coisa que o arguido não é obrigado a pagar: a indemnização à vítima. Daí o Xerife de Nottingham lava as mãos. Quer lá saber se o arguido paga ou não paga a indemnização…. O problema é da vítima, não é dele. Desde que o arguido pague a multa em que é condenado….
Relativamente às forças de segurança, a história é a mesma. Toca mas é de facturar contra-ordenações e deixem lá os outros criminosos em paz que só dão despesa. E nas operações stop, preocupem-se em autuar aqueles que obedecem às ordens, porque nestes é que o lucro está garantido. E toca também de ir às lojas, cafés e restaurantes verificar se as leis que são alteradas todos os dias estão a ser religiosamente cumpridas. Olhem com atenção, porque é impossível que um povo de analfabetos consiga cumprir as leis que nem aqueles que as fazem são capazes de perceber e cumprir.
É absolutamente escandalosa a forma como o Xerife de Nottingham assalta literalmente os pequenos comerciantes, sobrecarregando-os com coimas e multas por infracções absolutamente ridículas e absurdas.
Desde o tempo do Robin dos Bosques que não se assiste, por parte de um Estado do mundo civilizado, a um tão grande esmifrar de quem vive do trabalho. E ai de quem se queixa! É logo mais um pretexto para mais um processo-crime e mais uma multazinha para os cofres do Xerife de Nottingham. O circo está bem montado. Até porque, na defesa do bom-nome dos vampiros, o Xerife de Nottingham é implacável.
Santana-Maia Leonardo - O Mirante de 9-5-2021
Para quem não ouviu a audição para-lamentar a Filipe Vieira, aqui vai o resumo:
Quem rouba um tostão
neste país é um ladrão,
Mas se roubar, a toda gente,
Muitos milhões é Presidente.
"E que fez o senhor ao dinheiro?"
Perguntou o deputado.
"Gastei tudo num palheiro.",
Respondeu o entrevistado.
"Num palheiro?!...", exclamou indignado
O representante da Nação
Exigindo, em tom irado,
Uma cabal explicação.
"Ó senhor deputado,
Todo o burro come palha.
E este é o restaurante adequado
Quando se rouba quem trabalha."
Santana-Maia Leonardo
"Ser livre não é um dote, é um dom."
"Há uma coisa que eu nunca poderei perdoar aos políticos: é deixarem sistematicamente sem argumentos a minha esperança" (Diário XIV)
«Chorava por não ter sapatos até que encontrei um homem sem pés.»
“Há a liberdade de falar e há a liberdade de viver, mas esta só existe, quando se dá às pessoas a sua irreversível dignidade social”
“É um fenómeno curioso: o país ergue-se indignado, moureja o dia inteiro indignado, bebe e diverte-se indignado e não passa disto. Falta-lhe o romantismo cívico da agressão. Somos, socialmente, uma colectividade pacífica de revoltados.”
“Que povo este! Fazem-lhe tudo, tiram-lhe tudo, e continua a ajoelhar-se quando passa a procissão…”