A ganância e a inveja
Marc Méchen escreveu, no passado dia 24 de Outubro, no jornal catalão Sport, um artigo de opinião sobre o negócio do futebol de que eu destaco a seguinte passagem: “(…) Hoje na Europa só Portugal permite que cada clube venda os seus direitos televisivos como visitado, e isso faz com que o Benfica receba 17 vezes mais do que o último classificado. A magia da liga inglesa, que todo o mundo tem como exemplo, reside nisto: a diferença entre o clube que recebe mais e o clube que recebe menos pelos direitos televisivos é de apenas 1,5. (…) Com este sistema, conseguiram que seis equipas lutem cada ano por todas as competições e é precisamente essa emoção que gera o dinheiro. (...)"
E é precisamente este modelo de sucesso que está a ser seguido em toda a Europa, excepto em Portugal, onde a ganância e a inveja são a imagem de marca do Benfica, Sporting e Porto. Invejam os grandes da Europa, mas, em vez de lhes seguirem o exemplo, criando uma liga capaz de gerar riqueza, optam, na sua ganância cega, por se apropriarem de todos os recursos, reduzindo os outros clubes não só à indigência como à inexistência, uma vez que já nem adeptos têm. Dirigentes, adeptos, treinadores, jogadores, jornalistas e comentadores são todos do Benfica, do Sporting e do Porto.
Infelizmente, este é um problema que não se cinge ao futebol. A ganância e a inveja estão no ADN lusitano e reside precisamente aqui o grande obstáculo ao nosso desenvolvimento e à competitividade das nossas empresas e da nossa economia. A liga portuguesa, à semelhança dos sucessivos governos, prefere manter os privilégios de uma casta, à custa do empobrecimento de todos, do que levar a cabo as reformas estruturais que permitem gerar riqueza em benefício de todos.
Santana-Maia Leonardo - Jornal A Ponte de 22/11/2021