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COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

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"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

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Nasci numa família católica praticante. Aos 10 anos de idade fui internado no Colégio La Salle, em Abrantes, onde passei os cinco piores anos da minha vida. Não nasci para viver em rebanho, nem para ser conduzido como uma ovelha, nem para viver em camaratas, nem para comer em refeitórios. No entanto, nunca tive conhecimento, durante os cinco anos que padeci no Colégio, de qualquer comportamento menos próprio de algum dos irmãos lassalistas. Pelo contrário, aquilo que ressaltava era uma moral sexual extremamente conservadora que nos fazia sentir culpados se tivéssemos maus pensamentos.

Foi, por isso, com absoluta incredibilidade que, nos últimos anos, fui assistindo aos relatos dos abusos sexuais na Igreja. Desde que me fiz homem que deixei de acreditar em Deus. E hoje posso mesmo dizer que tenho receio que Deus exista, porque, a ser verdade que o homem foi feito à sua imagem, tal significa que Deus não pode ser Bom.   

E quem achava que as fogueiras da Inquisição tinham servido para purificar a Santa Madre Igreja, Católica Apostólica e Romana, enganou-se redondamente. O fogo do Inferno tomou conta da instituição que agora se vê obrigada a assumir que, durante sabe-se lá quanto tempo, permitiu, condescendeu e conviveu com um dos crimes mais hediondos: o do abuso sexual daqueles que lhes cabia proteger.

Como disse Edmund Burke, “O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que o vêem fazer e deixam acontecer.” O que mais me choca nos abusos sexuais na Igreja Católica não é sequer o facto de ter havido os abusos. Tarados, doentes mentais e criminosos não podem, infelizmente, deixar de existir numa instituição com a dimensão da Igreja Católica.

O que me choca verdadeiramente é o silêncio cúmplice de padres, bispos e cardeais, ou seja, da hierarquia da Igreja, relativamente a comportamentos absolutamente indignos e aviltantes que desacreditam a instituição como mensageira de Deus. Com efeito, quando a Igreja aceita servir de manto para encobrir abusos sexuais das ovelhas pelos seus pastores, tal só pode significar que a Santa Madre Igreja também já deixou de acreditar na existência de Deus.

Com as revelações do relatório sobre os abusos sexuais em Portugal, cabia ao Estado português mobilizar recursos para indemnizar as vítimas, em vez de andar a financiar eventos sumptuários e desnecessários (Fátima tinha todas as condições para receber o evento sem necessidade de andar a gastar milhões de euros em palcos e casas de banho) de uma instituição que, até ao momento, procura salvar a face com pedidos de perdão, mas sem mostrar vontade de gastar um único cêntimo na reparação dos danos causados às vítimas.

Eu não acredito na existência de Deus. Mas, se existir, já deve ter morrido de vergonha.

Santana-Maia Leonardo - O Mirante de 24/2/2023

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No passado dia 14 de Fevereiro, quando descia a recta do “sobe-e-desce” a caminho de Abrantes, trajecto que faço frequentemente, o meu companheiro de viagem chamou-se a atenção para um placa de limite de velocidade de 70Km/h que ali estava colocada há várias semanas e que eu ainda não tinha dado conta.

Até me caiu o coração aos pés! Nunca tinha visto aquela placa e passo por ali frequentemente.

E no sentido inverso, logo a seguir ao cruzamento dos Foros do Arrão, está outra placa idêntica sem que, até à Ponte de Sor, existe uma placa a pôr fim ao limite de velocidade de 70Km/h, o que significa que só termina em Ponte de Sor.

A recta do “sobe-e-desce” é uma recta de vários quilómetros, com bom piso, boa visibilidade e sem povoações ou habitações por perto pelo que a colocação da placa com o limite de velocidade de 70 Km/h só pode ter um objectivo: ser uma fonte de receita adicional para um Estado corrupto e ladrão.

Daí o meu conselho a quem passar no “sobe-e-desce”: cuidado com os ladrões!

Santana-Maia Leonardo - A Ponte de 20/2/2023

Screenshot_20230217_223659_WhatsApp.jpgSobre o bom senso disse Descartes: “O bom senso é a coisa do mundo mais bem distribuída: todos pensamos tê-la em tal medida que até os mais difíceis de contentar nas outras coisas não costumam desejar mais bom senso do que aqueles que têm.”

Talvez seja esta a explicação para os partidos que se auto-denominam moderados e representantes do centro político não perceberem a sua falta de senso no tratamento de alguns temas fracturantes que levam o homem comum a radicalizar-se e a votar em partidos extremistas.

Com efeito, na área dos costumes, nós estamos a assistir à adopção de uma agenda aceleradamente fracturante por parte dos partidos que se auto-denominam moderados e centristas, pretendendo impor, por força da lei, ao povo uma mundovisão cultural que é contrária ao que a maioria das pessoas espontaneamente pensa.

Pensam certamente os nossos políticos alegadamente moderados e exageradamente modernaços que é empurrando o povo, por força da lei, que conseguem levar a cabo a revolução cultural que lhe querem impingir. O problema é que os empurrões dados ao povo, em vez de o fazer correr, fazem-no cair... O pior depois é levantá-lo do chão.

É, por isso, natural que o homem comum se comece a refugiar em partidos extremistas que lhe prometem combater os extremismos culturais que lhe querem impor os partidos centristas e que se auto-denominam de moderados.

Como diz o povo, nem oito nem oitenta. E devia ser este o princípio sensato que devia ser seguido pelos partidos moderados e centristas, caso pretendam combater os extremismos. É que a melhor maneira do combater os extremismos, é precisamente não ser extremista.

Santana-Maia Leonardo - O Mirante de 17/2/2023

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