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COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

COLUNA VERTICAL

"A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.." (Aristóteles)

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Tenho um neto que tem precisamente a mesma ambição que eu tinha com a idade dele: ser jogador de futebol. Acontece que, quando eu tinha a idade dele, ou seja, nos anos de 1960, ser jogador de futebol era uma profissão que estava vedada a quem soubesse comer de faca e garfo, para usar a expressão de Valentim Loureiro. Estuda, mas é e deixa-te de ideias parvas ou ainda levas uma bofetada!

Os nossos pais nem queriam ouvir falar disso. Jogar à bola era a nossa ocupação de tempos livres, com balizas feitas com pedras e num sítio qualquer, longe das vistas dos progenitores.

Acontece que o mundo mudou muito. E, hoje, ser jogador de futebol não é só a ambição de qualquer criança, mas também a ambição dos seus pais. E os pais não se contentam com pouco. Vêem nos seus filhos Cristianos Ronaldos em potência e, como se isso não bastasse, querem que os treinadores de formação dos seus filhos, em vez de os formarem, os tratem como se fossem verdadeiras estrelas.

A maioria dos pais devia ser proibida de assistir aos jogos de futebol dos seus filhos. Toda a gente se lamenta hoje da falta de educação das gerações mais novas. No entanto, o que eu constato é que as gerações mais novas estão a ser vítimas da geração dos seus pais que devia ter a responsabilidade de as educar e, em vez disso, as deseduca.

A este propósito cito Luís Enrique, ex-jogador e ex-treinador do Barça:

"Estou cansado de ver crianças a chorar, quando perdem. Há que saber ganhar e saber perder. O adversário também fez coisas muito boas.

Estou cansado de ver crianças a chorar nos torneios infantis, quando perdem. Não sei porque choram.

Há que começar a gerir a derrota, felicitar o adversário e ensinar às crianças pequenas que não se chora: há que levantar e felicitar quem ganhou."

Santana-Maia Leonardo - O Mirante de 31/3/2023

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Apresentação do livro será feita por Ana Luísa Geraldes, Juíza Conselheira do Supremo Tribunal de Justiça, e Manuel Soares, Presidente da Direcção da Associação Sindical dos Juízes Portugueses.

A editora Rosmaninho e Santana-Maia Leonardo vão realizar o lançamento do livro Crónicas dos Bons Amigos, no auditório da Casa da Imprensa, na Rua da Horta Seca, em Lisboa (a poucos metros da praça Luís de Camões).

O lançamento está marcado para o dia 31 de Março, pelas 18 horas, e a apresentação do livro será feita por Ana Luísa Geraldes, Juíza Conselheira do Supremo Tribunal de Justiça, e Manuel Soares, Presidente da Direcção da Associação Sindical dos Juízes Portugueses.

O Mirante de 21/3/2023

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Mesmo que, por hipótese, exista um árbitro que não seja adepto, nem simpatizante do Benfica, Sporting e Porto, a verdade é que, em qualquer cidade portuguesa em que resida, vive rodeado por fanáticos destes três clubes: em casa, no café e no trabalho. Consequentemente, um árbitro que resida em Portugal não dispõe de condições objectivas para poder exercer as suas funções com independência e imparcialidade.

No entanto, o problema da liga portuguesa não se esgota na arbitragem. À excepção do Benfica, do Sporting, do Porto, do Guimarães e, muito recentemente, do Braga, a todos os outros clubes falta-lhes o mais importante: os adeptos. O Benfica, inclusive, gaba-se de jogar todos os jogos em casa, o que significa que joga contra clubes que não têm adeptos sequer para encher o seu próprio estádio.

Mas o problema da integridade da liga portuguesa não termina aqui. Com o boicote da centralização dos direitos televisivos por parte de Benfica, Sporting e Porto, os clubes pequenos ficaram sem adeptos e sem dinheiro. E clubes sem adeptos e sem dinheiro só conseguem sobreviver vivendo amancebados com um clube rico que lhes vá pagando as contas ou vendendo uns jogos ao melhor preço, como as putas da beira da estrada. Benfica, Sporting e Porto reduziram à indigência os outros clubes precisamente para os poderem mais facilmente corromper.

Concluindo: não basta apenas árbitros estrangeiros para que a verdade desportiva na liga portuguesa fique salvaguardada. É necessário também clubes estrangeiros para que exista uma verdadeira competição.

Santana-Maia Leonardo - A Ponte 27/3/2023

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Um amigo meu costuma dizer que Portugal não é um país, mas um lugar mal frequentado onde se fala português e mal. E, em boa verdade, todas as instituições portuguesas apodreceram, em virtude de terem permitido que o acesso e a ascensão nas carreiras que as sustentam assentassem na cunha, no compadrio e no amiguismo, em vez da competência, do conhecimento e do mérito. E uma sociedade que sacrifica os melhores não tem futuro.

Hoje vivemos, para usar um termo militar, em Estado de Podridão Operacional. Recursos humanos, organização, instalações, equipamentos e, inclusive, o próprio tecido social… Tudo fede. Para já não falar no Governo da Nação e no futebol português.

Sendo certo que é muito difícil respeitar as hierarquias, quando se tem conhecimento como se sobe nas carreiras e se ganham os concursos públicos. Ao contrário do que pensam, por exemplo, os professores, o respeito não se decreta por lei. O respeito ganha-se pelo exemplo, pela competência e pelo mérito.

Hoje nem os tribunais são já dignos de confiança. Bem-aventurados os pobres de espírito que desconhecem como se fabricam as leis, como são avaliados os magistrados, como se acede às profissões jurídicas, como se constroem os labirintos jurídicos que permitem a salvação dos malfeitores topo de gama e a condenação do cidadão comum, muitas vezes sem prova e outras vezes sem o conhecimento sequer da ilicitude, com o único intuito de lhes sacar o pouco dinheiro que lhes sobeja do saque fiscal.

Quanto à Igreja Católica, estamos conversados. Até tu, Brutus!... E a Jornada Mundial da Juventude veio mesmo a calhar para demonstrar como o Estado Português e a Igreja Católica são almas gémeas: “uma coisa é dizer sermões, outra coisa é vender trigo.”

Só já faltava mesmo os militares recusarem-se a participar numa missão por medo de morrer. Mas, pelos vistos, já chegámos a esse ponto. A recusa dos marinheiros de embarcar no navio-patrulha Mondego para cumprir uma missão, invocando falta de condições de segurança, é absolutamente surreal.

E, quando a podridão é o estado da Nação, tudo se discute e tudo se põe em causa. Ninguém respeita ninguém, porque ninguém é respeitável. Ninguém peça a um batoteiro para confiar na honestidade dos seus adversários. Quem não é honesto desconfia da sua própria sombra. Quem conseguiu o seu lugar pela cunha e pela troca de favores nunca vai acreditar que os outros conseguiram o seu lugar por mérito.

E a democracia, sendo o melhor dos regimes, acaba, no entanto, por reflectir os méritos e os vícios do colégio eleitoral. Os eleitos são sempre o espelho fiel de quem os elege. Gente honesta, competente e trabalhadora elege gente honesta, competente e trabalhadora. Vigaristas, parasitas, medíocres e incompetentes elegem gente igual a eles.

Chegámos a um ponto sem retorno. Neste momento, já nenhuma instituição portuguesa é reformável. Todas vão cair de podre.

Santana-Maia Leonardo - O Mirante de 24/3/2023

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Quem pensar que salva a democracia amordaçando os fascistas, os anarquistas e os comunistas está completamente enganado. «Não há machado que corte a raiz ao pensamento». E isto tanto serve para as boas como para as más ideias.

A mordaça tem um efeito multiplicador terrível. Deixem-nos falar.

Não é dos fascistas, dos anarquistas e dos comunistas e das suas ideias idiotas que devemos ter medo. De quem devemos ter medo é da pessoa que vive dentro de cada um de nós. Essa é que é perigosa se não tiver valores morais e um código ético para se guiar.

Com efeito, à esmagadora maioria das pessoas, falta-lhe um código ético que as guie nas suas vidas. A maioria perdeu completamente o sentido da justiça, da decência e da rectidão.

Hoje, o que nos leva a criticar ou a defender determinada coisa não é a coisa em si mesma, mas o facto de isso nos favorecer ou não. Ou seja, o nosso problema é muito mais moral do que ideológico. E é isso que está a contaminar e a corroer os alicerces da nossa ainda frágil democracia.

Santana-Maia Leonardo - A Ponte de 20/3/2023

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