EXISTIR COMO PESSOA
Extracto do livro “CHOQUE DE ORTODOXIAS” de Robert P. George
Na linguagem quotidiana, ‘pessoa’ conota aquilo a que os lógicos chamam “particular de base de uma substância [‘a substance sortal’]”, ou seja, uma propriedade essencial que implica que aquele que a tenha a tenha necessariamente e nunca exista sem ela.
Os seres humanos surgem e, ao mesmo tempo, tornam-se pessoas; não se tornam pessoas em determinado momento depois de surgirem (nem cessam de ser pessoas sem cessarem de existir).
A pessoa com quarenta anos que é hoje John J. DiIulio, é o mesmo ser (ou, em termos filosóficos, a ‘substância’) que, em fases anteriores da sua vida, foi professor em Princeton aos trinta e dois anos, estudante universitário em Harvard aos vinte e dois anos, adolescente de doze anos, menino de seis anos, criança de um ano de idade, feto de cinco meses, embrião de quatro semanas e ser humano recém-concebido.
O Professor DiIulio progrediu, desde a sua concepção, passando pelas fases embrionária, fetal, infantil e da adolescência da sua vida, até à fase de adultez, como organismo distinto, unificado e auto-regulado, sem sofrer uma mudança substancial, ou seja, sem ser uma espécie de ser ou substância (que possui uma espécie de natureza) para passar a ser outra de outro tipo.
Claro que houve um tempo que não existia. Nunca ele foi uma célula de espermatozóide ou um óvulo, muito menos um piscar de olhos no rosto de seu pai. Mas, quando passou a existir, passou a existir como pessoa.
Do mesmo modo que foi adolescente e, antes disso, criança, foi também, do mesmíssimo modo, feto e, antes disso, embrião.