E AS VÍTIMAS, SENHOR?
Santana-Maia Leonardo - in Nova Aliança
«Se vivesses num país onde aquele que se levanta às seis da manhã para trabalhar ganha dez vezes menos do que aquele que se levanta ao meio-dia para vender haxixe, o que é que fazias?»
Foi desta forma categórica que Flávio, com 14 anos e membro de um gang, respondeu à pergunta idiota da jornalista da SIC que queria saber por que razão ele se dedicava ao tráfico de droga.
Mas Flávio não disse tudo. Com efeito, o trabalhador que se levanta às seis horas da manhã para ganhar dez vezes menos do que o traficante, ainda tem de pagar com os seus impostos o rendimento de reinserção social e a habitação social do traficante e do consumidor. E, como se isso não bastasse, ainda é assaltado, sucessivamente e perante a inoperância das autoridades, pelo consumidor a quem o traficante vende a droga.
Na resposta de Flávio, está, no entanto, subjacente a consciência da injustiça do sistema corrupto-socialista em que vivemos. Consciência essa que os nossos governantes já não têm sequer, tal o estado de podridão moral em que vivemos.
Nós hoje somos governados por uma verdadeira organização terrorista que se assenhoreou do Estado, o saqueou e resolveu dinamitar todos os valores que constituíam o eixo da roda da nossa nação.
Se um pequeno empresário fugir ao fisco com umas centenas de euros, é um criminoso, mas, se os nossos governantes distribuírem pela "organização terrorista que controla o estado" centenas de milhões de euros dos nossos impostos, são uns benfeitores. Isto não pode deixar de revoltar um pessoa.
O Governo terrorista de José Sócrates, para além de fazer implodir a economia, a família, a educação, o estado social, não teve pejo sequer de transformar os tribunais em tesourarias da fazenda pública e os juízes em cobradores de impostos. Isto para o povo em geral, bem entendido, porque, para membros da "organização terrorista", obrigam os tribunais, através de leis alteradas em cima da hora e feitas à medida, a funcionar como autênticas lavandarias e os juízes como engomadeiras de colarinhos brancos.
Uma das piores coisas que me pode suceder como advogado é ter de representar uma vítima, porque a única coisa que eu posso fazer é chorar com elas.
E uma das piores coisas que pode suceder à vítima é o criminoso ser apanhado e por uma razão simples: só muito raramente verá serem-lhe devolvidos os bens que lhe roubaram e paga a indemnização em que o criminoso for condenado. Além disso, se o criminoso for perigoso vai viver num autêntico inferno até à audiência de julgamento, acabando, na maior parte das vezes, por ter de desistir de queixa ou de alterar o depoimento para salvar a sua vida e dos seus familiares. Por sua vez, se o criminoso for pequeno, a vítima vai ainda ter de pagar (honorários ao advogado e custas de decaimento ao tribunal - e, algumas vezes, taxas -) para assistir exclusivamente à arrecadação de receita por parte do tribunal à conta do crime. Ou seja, a vítima, além de não ser ressarcida, ainda tem de pagar para ver o Estado arrecadar receita à sua custa. Isto é uma autêntica vergonha!
Argumentar-se que o fim das penas é a ressocialização do criminoso dá vontade de rir. Com efeito, se esse é o fim das penas, por que razão é que os criminosos, salvo raras excepções, não se ressocializam? Aliás, com estas penas, não só os criminosos não se ressocializam como também as vítimas se dessocializam.
Não, meus amigos, hoje o fim das penas é exclusivamente a arrecadação de receitas para a tal "organização terrorista" que controla e vive à conta do Estado.