A UNIÃO NACIONAL SOCIALISTA
Santana-Maia Leonardo - in Nova Aliança
Quem olha objectivamente para o comportamento dos dois maiores partidos portugueses não pode deixar de ficar com a estranha sensação de que se trata do mesmo partido desdobrado em dois (PS e PSD) para garantir a sua governação contínua. Desta forma, cria nos eleitores a ilusão de que existe alternância no poder, capitalizando, na oposição, o descontentamento à direita (PSD) e à esquerda (PS), ao mesmo tempo que o partido que governa (seja PS ou PSD) serve rigorosamente os mesmos interesses e cumpre o mesmo programa político, o que, no politiquês dos nossos comentadores, se chama governar ao centro. Ou seja, as eleições servem apenas para refrescar a equipa do Governo, nunca para substituir as políticas do Governo, que seriam sempre as mesmas qualquer que fosse o partido que as vencesse.
Não é, por isso, de estranhar que o líder do PSD se assemelhe muito mais ao jogador suplente, em exercícios de aquecimento, à espera da ordem de substituição por fadiga do jogador titular (leia-se, do primeiro-ministro), do que ao líder da equipa adversária. Aliás, quem ouve falar os dirigentes do PSD não pode deixar de estranhar que todas as suas críticas assentem, basicamente, na fadiga e na incapacidade dos actuais governantes de cumprirem o programa comum (seja, o PEC1, o PEC2 ou o PEC3...).
Ora, se o PSD fosse um verdadeiro partido opositor do PS, devia-se bater pela queda do Governo em nome de um projecto alternativo e assente em pressupostos e soluções diferentes. É certo que, se o PSD proceder desta forma, corre um sério risco de perder as eleições, uma vez que a maioria do povo português continua a ser simpatizante da União Nacional Socialista. Mas o PSD tem, obrigatoriamente, de correr esse risco se quer tirar Portugal do pântano onde está atolado.
Ao líder do PSD cabe-lhe dizer claramente o que se propõe fazer, sem rodeios e sem medo das palavras e do resultado das eleições; ao povo cabe-lhe escolher e sofrer as consequências da sua escolha (boa ou má). Já chega de partidos de moscas... Precisamos, definitivamente, de partidos de homens e mulheres a sério e sérios, os únicos capazes de limpar a porcaria que os seus antecessores aqui deixaram.