DEMOCRACIA E LIBERDADE
Santana-Maia Leonardo - in Nova Aliança
Uma instituição democrática para ser respeitável não pode permitir que as suas estruturas sejam eleitas às escondidas, nem que, após a sua eleição, as mesmas queiram impor a lei da rolha a tempo inteiro, através da intimidação pessoal, violência verbal e ameaças veladas ou expressas, mesmo que seja essa a estratégia adequada para afastar o grosso dos militantes e garantir, assim, um lugar à mesa da distribuição das mercês que se avizinham e adivinham.
Como escreveu o benfiquista Bagão Félix, a propósito do recente e vergonhoso apagão no Estádio da Luz, «a respeitabilidade, seja qual for o contexto, só pode advir da ética do exemplo.»
Infelizmente, este é um mal transversal a toda a sociedade portuguesa. Sempre que cheira a poder ou a dinheiro, não há regras, nem princípios que nos valham. Nem tão pouco quem os consiga fazer cumprir.
Ao contrário do que pensava, talvez seja mesmo impossível servir as populações através de estruturas partidárias com vocação de poder, uma vez que, por maior que seja o empenho de alguns dos seus militantes, na hora da verdade, ou seja, na hora do regresso ao poder, as clientelas mais vorazes e mais aguerridas acabam por tomá-las de assalto com vista à sua satisfação exclusiva. E nisto PS e PSD são demasiado iguais, havendo mesmo um número significativo de oportunistas que vai gerindo as suas simpatias e as suas vidas consoante o partido que está no poder.